Recentemente a China condenou Lai Xiaomin, ex-presidente da Huarong Asset Management, empresa de gestão de ativos financeiros de propriedade estatal na China, à morte por corrupção e bigamia.
O fato ganhou repercussão em toda a Ásia e se espalhou por todo o mundo, sendo o caso Xiaomin considerado o maior escândalo de corrupção e suborno desde a fundação da República Popular da China.
Boa parte da comunidade de Bitcoin da China usou o fato para questionar um dos principais argumentos usados pelas autoridades para reprimir o BTC.
"Bitcoin é usado para lavagem de dinheiro? Não foi encontrado 1 BTC sequer com Lai, mas RMB, propriedades, ouro e muitos outros bens", declarou o administrador da 'Carteira Bitcoin' um dos serviços de negociação de criptoativos na China.
Entre seus cargos ligados ao governo, Lai Xiaomin foi responsável pela preparação do Beijing Banking Regulatory Bureau e atuou como o primeiro diretor e secretário do partido. Durante seu mandato, ele estabeleceu o primeiro banco comercial rural da China, o Beijing Rural Commercial Bank.
"Pessoas como Lai Xiaomin humilharam dezenas de milhões de membros do partido e dirigentes que se dedicaram a empreendimentos públicos na China. Espero que a lei dê a Lai Xiaomin a punição que ele merece. Também espero fortemente que, após vários anos de forte política anticorrupção e construção de sistema, o novo sistema de supervisão possa prevenir efetivamente o surgimento de um novo Lai Xiaomin. Quero dizer que essa é a expectativa comum de toda a sociedade que deve ser realizada.", destacou o 'Carteira Bitcoin'.
Xiaomin confessou todos os crimes e afirmou que estima ter recebido um suborno em torno de R$ 1.46 bilhão, durante cerca de 10 anos. Isso gera uma média de cerca de R$ 400 mil recebidos por dia em suborno.
Uma vida de luxo, mulheres e riquezas empilhadas, era assim que Xiaomin passava seus dias.
Supermercado
Segundo as investigações das autoridades chinesas, nos imóveis de Lai Xiaomin foram encontrados 270 milhões de yuans em dinheiro, que juntos pesavam mais de 3 toneladas de papel moeda empilhado.
Além disso, Lai tinha uma mansão com um espaço secreto que chamava de 'Supermercado' e, neste local, era onde ele guardava, pessoalmente, o fruto de cada suborno que obtia. Para chegar ao 'supermercado' era preciso percorrer um labirinto de desvios que só Lai conhecia.
Quando o supermercado foi verificado, foram encontrados não apenas centenas de milhões em dinheiro, mas também ouro, relógios famosos, papéis raros, obras de arte, e diversos casos incluindo Bentley, Mercedes-Benz e Alpha.
"Eu guardei o dinheiro todo lá. Não gastei um centavo, coloquei no supermercado tudo que foi arrecadado, e agora me pergunto, do que adiantou pedir tanto dinheiro?", disse Lai.
Mulheres
Mas Lai não tinha apenas um 'museu do suborno e da corrupção', segundo fontes ligadas ao caso o empresário mantinha um prédio inteiro para sua amantes que eram parte dos 'três tesouros de Lai': mais de 100 propriedades, mais de 100 pessoas influentes ligadas a ele e mais de 100 amantes.
A tripla transação de poder, dinheiro e erotismo.
O 'harém vertical' de Lai estaria localizado em um prédio em uma certa comunidade em Zhuhai, e cada um dos apartamentos teria sido dada a uma de suas amantes por meio de loterias falsas na China.
Porém, mesmo com mais de 100 amantes, Lai teve apenas dois filhos, gêmeos, de uma de suas mulheres que segundo relatos mora em Hong Kong.
Em 5 de janeiro, o Segundo Tribunal Popular Intermediário de Tianjin pronunciou publicamente:
O réu Lai Xiaomin foi condenado à morte por aceitar suborno, privado de direitos políticos vitalícios e confiscado todos os bens pessoais; Condenado por corrupção, condenado a 11 anos de prisão e confiscado 2 milhões de RMB de bens pessoais; Condenado a um ano de prisão por bigamia;
O tribunal condenou el também por vários crimes e decidiu executar a pena de morte, privado de direitos políticos vitalícios e confiscou todos os bens pessoais.
Os bens obtidos com a corrupção e os seus frutos serão recuperados e entregues ao erário do Estado, sendo a parte insuficiente recuperada continuamente, os bens obtidos com a corrupção serão devolvidos à unidade vítima nos termos da lei.
Quem era Lai Xiaomin?
Lai Xiaomin nasceu em 1962 em uma vila rural comum em Ruijin, Jiangxi, sendo o caçula de uma família de cinco irmãos.
Seus pais não eram alfabetizados. Seu pai empurrava carroças para entregar mercadorias às pessoas. Ele era chamado de "camelo cru" e tinha uma renda escassa; sua mãe costurava roupas e criava porcos.
Ao todo, a renda da família era de pouco mais de R$ 10 por dia.
Xiaomin disse ao tribunal que desde aquela época sabia que só o conhecimento poderia lhe tirar daquela situação e se tornou o melhor aluno de Ruijin.
Em 1979, Lai Xiaomin foi admitido na Universidade de Finanças e Economia de Jiangxi, uma das melhores instituições na China com especialização em planejamento econômico nacional.
Depois de se formar na universidade em 1983, ele foi designado para trabalhar na Divisão Central de Financiamento do Departamento de Planejamento e Financiamento do Banco Popular da China. Em 1987, ele atuou como vice-diretor do Departamento Central de Fundos, em 1997, ele atuou como vice-diretor do Departamento de Gestão de Crédito.
A China Banking Regulatory Commission foi criada em 2003. Lai Xiaomin foi responsável pela preparação do Beijing Banking Regulatory Bureau e atuou como o primeiro diretor e secretário do partido. Durante seu mandato, ele estabeleceu o primeiro banco comercial rural da China, o Beijing Rural Commercial Bank.
Em 2005, Lai Xiaomin serviu sucessivamente como Diretor do Escritório Geral do CBRC, Diretor do Escritório do Comitê do Partido e Principal Porta-voz da Imprensa e em 19 de janeiro de 2009, Lai Xiaomin tornou-se vice-secretário do comitê do partido e presidente do grupo da China Huarong, onde teria iniciado sua 'história' de suborno e corrupção.
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