*Matéria atualizada às 18:25

A Chiliz, braço da Socios.com, empresa líder do emergente setor de fan tokens esportivos, está sendo acusada por agentes e conselheiros contratados para promovê-la mundialmente de não ter honrado contratos que previam a remuneração por serviços prestados em Chiliz, o utility token da plataforma, segundo matéria publicada pelo site Off the Pitch na última sexta-feira, 11. Ao Cointelegraph Brasil, a empresa disse que os funcionários eram ligados à Chiliz, mas nega as acusações da matéria.

Atualmente, a Socios.com tem contratos com 55 potências do futebol mundial, com uma estimativa de US$ 200 milhões em receitas para os clubes parceiros da empresa.

Segundo a reportagem, o CEO da Socios.com, Alexandre Dreyfus, teria recrutado diversos líderes de empresas como Google, Facebook, PokerStars e Playtech, entre outras, para promover o novo negócio da Chiliz entre 2018 e 2019. Os contratos fechados seriam ligados diretamente à Chiliz, braço da Sócios, na Coréia do Sul, e previam remuneração em CHZ, o utility token da plataforma da Socios.com, e não em moeda fiduciária.

O texto ainda relata a existência de um contrato, no qual um dos agentes contratados deveria receber US$ 150.000 em Chiliz em quatro parcelas iguais, a serem pagas em um período de três meses.

Agentes contratados pela empresa ouvidos pela reportagem afirmam ter recebido apenas parte dos valores devidos. Em uma troca de mensagens interna da companhia obtida pela reportagem do Off the Pitch, Dreyfus menciona a necessidade de proteger os investidores da empresa contra a desvalorização do Chiliz:

"Quando você dá tokens grátis, as pessoas podem vender a qualquer preço. Eles não se importam; então fazem o preço cair… e os investidores REAIS que compraram [o token] estão perdendo dinheiro por causa disso.”

Um representante da empresa ouvido pela reportagem do Off the Pitch negou categoricamente que um pequeno grupo de indivíduos fosse capaz de causar distorções no preço do Chiliz no mercado à vista:

"Dada a significativa capitalização de mercado do CHZ, a remuneração de consultores e funcionários com CHZ não seria responsável por impactar o movimento no preço [do ativo]. Assim como outras criptomoedas, qualquer alteração no preço do CHZ é predominantemente impulsionada pelas condições predominantes do mercado. Com uma oferta circulante de 6 bilhões de CHZ, qualquer remuneração para funcionários e conselheiros elegíveis tem impacto insignificante [no preço do CHZ], e isso ficou evidente com bastante clareza ao longo do tempo."

Dreyfus reagiu à reportagem com uma postagem no Twitter em que afirma que as acusações feitas no texto seriam "espúrias". 

A postagem remete a uma nota oficial em que a empresa menciona casos específicos envolvendo dois consultores coreanos contratados pela empresa que teriam deixado de receber o que lhes era devido.

Hoje, alegações espúrias foram feitas sobre mim e a Chiliz, algumas das quais já foram corrigidas. Mas, por uma questão de clareza, quero compartilhar os fatos e responder completamente.

— Alexandre Dreyfus (@alex_dreyfus)

O comunicado da empresa afirma que a Socios.com entrou em contato com o jornalista responsável pela reportagem para apontar "imprecisões factuais" que constariam no texto, pois "embora algumas delas tenham sido removidas, seguimos preocupados por acharmos que o artigo não reflete a verdade sobre o assunto."

Segundo a Chiliz, a remuneração devida aos coreanos deveria ter sido paga em janeiro de 2020. Na ocasião, o suprimento em circulação de CHZ era de 3,7 bilhões. Mais uma vez a empresa reafirma que os valores devidos aos consultores coreanos não teriam como exercer impacto sobre o preço do token no mercado à vista:

A nota termina afirmando que "o artigo também fez várias outras acusações contra a Chiliz que estão sendo analisados como uma questão prioritária. Tomaremos todas as medidas necessárias para demonstrar o rigor de nossas plataformas e corrigir relatos falsos."

Chiliz nega acusações

Uma fonte próxima à Chiliz confirmou que parte dos acusadores da empresa prestou serviços de consultoria na Coreia do Sul por volta de 2018 e 2019, quando Chiliz buscou entrar no mercado de e-sports através do país asiático.

No entanto, a fonte esclareceu ao Cointelegraph Brasil que todas as pessoas citadas tinham ligação com a Chiliz e não com a Socios.com, e que a fonte principal ouvida pelo Off The Pitch era um funcionário que teria sido demitido por justa causa, supostamente acusado de quebra de contrato. As mensagens citadas no relatório teriam sido tiradas do contexto, afirma ele.

Por fim, a fonte diz que parte dos funcionários da Chiliz recebe parte dos pagamentos em CHZ e que, dada a rápida escalada da Chiliz nos mercados esportivos, envolvendo uma estrutura maior de funcionários, acabou atrasando os pagamentos no utility token, mas o problema já foi identificado e seria resolvido.

Para completar, ele explica que a equipe de assessores da Chiliz em questão era muito pequena e não conseguiria causar uma desvalorização no mercado de CHZ, descartando a ideia de que a empresa estivesse segurando os tokens para manter os preços mais altos.

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