Autoridades iranianas se digladiam contra o crescente número de cidadãos que apelam à mineração e uso de Bitcoin como meios de lidar com a economia combalida por sanções.

O ministro da Tecnologia da Informação e Comunicações do Irã, Mohammad Javad Azari Jahromi, disse à Associated Press (AP) que o país se tornou "um paraíso para os mineradores", de acordo com uma reportagem de 18 de julho. Ele observou:

“O negócio de mineração não é proibido por lei, mas o governo e o Banco Central ordenaram à alfândega que proíba a importação de máquinas de mineração até que novas regulações sejam introduzidas.”

Uma economia em crise alimenta a produção e uso de criptomoedas

No rescaldo do endurecimento das sanções, liderado pelos EUA, Teerã enfrenta agora o espectro da hiperinflação. As receitas de exportação de petróleo caíram quase 90%, revelam novos dados, o desemprego está chegando a 20% e estima-se que milhões estejam trabalhando abaixo da linha de pobreza nacional.

Conforme relatado pela AP, as tarifas de eletricidade subsidiadas - atualmente a meio centavo de dólar por kilowatt - alimentaram uma próspera comunidade de mineração de cripto, embora isso esteja com os dias contados. As batidas da polícia em fazendas de mineração estão sendo televisionadas para desincentivar os cidadãos e o Sindicato da Indústria Elétrica do Irã revelou sua intenção de elevar os preços da eletricidade para 7 centavos de dólar por quilowatt.

Além da mineração, as criptomoedas tornaram-se manchete nacional devido à preocupação das autoridades de que os locais poderiam usá-las para escapar da desvalorização rápida do rial frente outras moedas.

Em 2018, o chefe da comissão econômica do parlamento iraniano, Mohammad Reza Pour-Ebrahimi, revelou que cerca de US$ 2,5 bilhões saíram do Irã através da cripto - mas o assunto não foi levantado publicamente desde então.

Mesmo que os EUA tentem, de forma intencionalfortalecer a mineração e uso de criptomoeda pelos iranianos para driblar as sanções, as autoridades locais subestimaram sua importância sistêmica. Jahromi observou:

“As cibermoedas são eficazes em contornar as sanções quando se trata de transações pequenas, mas não vemos nenhum impacto especial nelas no que diz respeito às mega transações. Não podemos usá-los para contornar os mecanismos monetários internacionais”.

O Bitcoin é halal ou haram?

As criptomoedas chamaram a atenção até dos aiatolás, com o jornal conservador Tabnak citando as opiniões de três teólogos de que o Bitcoin é problemático ou definitivamente proibido — ou seja, haram — sob a lei islâmica. No entanto, o assunto permanece aberto ao debate, como Jahromi observou:

“Alguns dos nossos principais clérigos emitiram fatwas que dizem que o Bitcoin é dinheiro sem uma reserva, que é rejeitado pelas moedas islâmicas e as cibernéticas são haram. Quando explicamos a eles que isso não é uma moeda, mas um ativo, eles mudam de ideia.”

Conforme relatado, as autoridades iranianas intensificaram suas operações de mineração neste verão, confiscando cerca de mil unidades de máquinas de mineração de duas fábricas agora extintas e cortando energia para as mineradoras antes do aumento planejado dos preços da energia. Alguns mineradores estão supostamente enfrentando a meia-volta das autoridades, refugiando-se nas mesquitas do país, que o governo provê com energia grátis.