Durante a euforia que tomou conta do mercado de criptoativos em 2021, muitos analistas apostaram que em um eventual ciclo de baixa fenômenos sazonais como jpegs colecionáveis com pouca utilidade econômica viriam a sofrer as correções de preços mais severas.

No entanto, o que se testemunhou no pior mês de janeiro do mercado de criptomoedas desde 2018 foi justamente o oposto. Enquanto a ação de preço das duas principais criptomoedas do mercado, Bitcoin (BTC) e Ethereum (ETH), motivou o medo extremo das entidades do mercado, e mesmo o universo das finanças tradicionais não escapou às perdas diante das incertezas do cenário macroeconômico, os NFTs seguiram na direção contrária, acumulando novos recordes de preço e de volume de transação.

O Bored Ape Yacht Club, a coleção de NFTs mais popular do momento, ganhou a adesão de personalidades como o craque Neymar e o astro do pop Justin Bieber, e viu o preço base de um Ape valorizar-se em 64% ao longo de janeiro. Ao mesmo tempo, o volume transacionado de NFTs da coleção cresceu aproximadamente 50%.

Agora, um NFT BAYC não pode ser comprado por menos de US$ 300.000 e a capitalização de mercado da coleção atingiu US$ 3 bilhões, de acordo com dados da plataforma de monitoramento de dApps Dapp Radar.

Outras coleções, como World of Women e Doodles, registraram valorizações ainda maiores do preço base de seus NFTs: 265% no caso da primeira, e aproximadamente 100% no caso da segunda.

No mesmo período, o OpenSea, principal marketplace de NFTs do mercado, registrou recorde mensal de volume transacionado e assistiu a ascensão de um concorrente de peso: o LooksRare.

Um estudo publicado pela The Block recentemente destacou que "observando o desempenho do preço base das coleções mais populares ao longo dos últimos três meses revela uma disparidade notável entre esses NFTs 'blue chip' e o preço do Ether e do BTC."

Psicologia humana

A tão esperada descorrelação de determinados criptoativos em relação ao sentimento geral do mercado finalmente aconteceu, porém de uma forma totalmente inesperada. De acordo com o bilionário fundador e CEO da exchange FTX, Sam Bankman-Fried, a explicação para tal fenômeno ampara-se nos mistérios da psicologia humana, conforme declarou em uma reportagem do The Block.

Segundo ele, o fato de que as pessoas podem ser associadas aos NFTs que possuem torna mais difícil vendê-los do que outras classes de criptoativos:

"Também fiquei um pouco surpreso com o desempenho recente [dos NFTs]. O fato de serem imagens públicas torna mais difícil vendê-los, pois é como se você estivesse abrindo mão de algo particular e não apenas o reequilíbrio privado do seu portfólio."

Os NFTs estão mais próximos de artigos de luxo do que propriamente de ativos financeiros, completa Arthur Cheong, da Defiance Capital:

"As pessoas têm menos disposição para vender seus NFTs com prejuízo. A psicologia em torno desse comportamento é muito interessante.""

Conforme noticiou o Cointelegraph Brasil recentemente, um em cada três brasileiros (37%) deseja comprar ou receber de presente um NFT em 2022.

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