Resumo da notícia
Tokenização de ativos reais avança no Brasil, impulsionada por regulação e novas estruturas de crédito fora dos bancos.
PMEs concentram demanda reprimida, e a tokenização permite operações fracionadas, auditáveis e com menor custo.
Governança e estrutura financeira são decisivas para transformar RWAs em ativos confiáveis ao investidor.
A tokenização de ativos da economia real avança como uma das principais transformações do mercado financeiro global. Projeções do Boston Consulting Group indicam que os ativos digitais lastreados em bens e contratos físicos podem movimentar até US$ 16 trilhões até 2030.
No Brasil, o crescimento ocorre em paralelo à consolidação do arcabouço regulatório e ao avanço de estruturas digitais aplicadas à renda fixa, criando novas alternativas de crédito fora do sistema bancário tradicional.
Para Beny Fard, engenheiro e CEO e cofundador da fintech DeFin, o potencial da tokenização está diretamente ligado à qualidade da estrutura financeira.
“A tecnologia por si só não resolve o problema do crédito. O valor da tokenização está em transformar operações reais em ativos auditáveis, com governança e métricas claras para trazer segurança de decisão ao investidor”, afirma.
A avaliação da área de research da DeFin aponta que empresas de médio porte concentram parte relevante da demanda reprimida por financiamento. Dados do Sebrae mostram que pequenas e médias empresas respondem por mais de 30% do PIB brasileiro, mas enfrentam restrições de acesso ao crédito, sobretudo em operações estruturadas.
Nesse contexto, a digitalização de ativos permite fracionar operações, reduzir custos de emissão e ampliar a conexão entre empresas e investidores.
Tokens RWA
Segundo Fard, a tokenização representa uma evolução do mercado de capitais, não uma ruptura. “Estamos falando de aplicar a lógica do mercado tradicional a uma infraestrutura mais eficiente e dinâmica. Quando o ativo nasce bem estruturado, a tecnologia apenas acelera processos e amplia a transparência”, diz.
A DeFin Research observa ainda que o avanço regulatório recente criou um ambiente mais seguro para o desenvolvimento de modelos híbridos, nos quais ativos digitais convivem com estruturas clássicas de dívida e securitização. A atuação da DeFin se concentra na estruturação, validação e conexão dessas operações com investidores institucionais, seguindo os mais altos padrões bancários de análise de risco.
“A economia real precisa de crédito recorrente, previsível e bem precificado. A tokenização permite criar operações menores, mas com o mesmo rigor técnico das grandes emissões”, afirma Fard. “Isso abre espaço para que empresas sólidas, que antes ficavam fora do mercado, passem a acessar capital de forma mais eficiente.”
No cenário internacional, relatórios de gestoras globais como Franklin Templeton e Citi apontam os Real World Assets (RWA) como um dos segmentos mais promissores do ecossistema digital nos próximos anos. Para a DeFin Research, a consolidação desse mercado dependerá menos da inovação tecnológica e mais da padronização das estruturas financeiras.
“A tokenização tende a se tornar parte da infraestrutura do crédito, não um produto à parte. O investidor continuará olhando para risco, retorno e governança. A diferença é que agora tudo isso pode ser entregue de forma mais rápida e rastreável”, conclui Fard.

