A Robinhood apresentou uma proposta de 42 páginas à Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC), pedindo uma estrutura nacional para regulamentar a tokenização de ativos do mundo real (RWAs).
A corretora busca modernizar a infraestrutura financeira, tornando os ativos tokenizados legalmente equivalentes aos seus equivalentes tradicionais e permitindo liquidação on-chain em conformidade com as normas, informou a Forbes em 20 de maio.
Na proposta, a Robinhood também revelou planos para criar a Real World Asset Exchange (RRE), uma plataforma de negociação que oferece pareamento de ordens off-chain e liquidação on-chain, visando eficiência e transparência.
A Robinhood defende a adoção de padrões federais uniformes para substituir o sistema fragmentado de regulamentações estaduais de valores mobiliários vigente. A plataforma também integraria ferramentas de Conheça Seu Cliente (KYC) e Prevenção à Lavagem de Dinheiro (AML), por meio de parceiros como Jumio e Chainalysis, para atender às exigências de conformidade global.
Robinhood pede equivalência entre tokens e ativos
Um dos pontos centrais da proposta é a defesa da equivalência entre tokens e ativos. Segundo o plano da Robinhood, um token representando um título do Tesouro dos EUA, por exemplo, seria tratado como o próprio título, e não como um derivativo ou produto sintético.
Isso permitiria que instituições e corretoras lidassem com RWAs tokenizados dentro do sistema regulatório existente, potencialmente simplificando processos de custódia, negociação e liquidação.
Tecnicamente, a RRE seria construída com uma arquitetura de cadeia dupla utilizando Solana e Base, de acordo com uma análise da proposta feita pela Franklin Elevator. O sistema foi projetado para combinar o pareamento de ordens off-chain em alta frequência com liquidação on-chain.
A Franklin Elevator afirmou que a Robinhood projeta que a plataforma alcançará uma latência de pareamento inferior a 10 microssegundos e uma capacidade de até 30.000 transações por segundo.
Isso poderia reduzir o prazo padrão de liquidação dos mercados de capitais dos EUA de T+2 para T+0, diminuindo os custos de negociação em cerca de 30% ao ano.
“A tokenização de RWAs representa um novo paradigma para a alocação de ativos institucionais. A Robinhood está comprometida em liderar essa tendência sob um modelo regulatório adequado”, afirmou Vlad Tenev, CEO da Robinhood.
O Cointelegraph entrou em contato com a Robinhood para comentar, mas não obteve resposta até o momento da publicação.
Tokenização ganha força
A proposta da Robinhood surge em meio a uma nova onda de interesse pela tokenização de RWAs, com grandes nomes das finanças tradicionais e do setor cripto ganhando destaque na semana passada.
Em 30 de abril, a BlackRock entrou com pedido para criar uma classe de ações baseada em blockchain para seu Treasury Trust Fund de US$ 150 bilhões, permitindo que um livro-razão digital espelhe a propriedade dos investidores. No mesmo dia, a Libre revelou planos para tokenizar US$ 500 milhões em dívidas do Telegram por meio de seu novo Telegram Bond Fund.
Em 1º de maio, o MultiBank Group assinou um acordo de tokenização de US$ 3 bilhões com a empresa imobiliária MAG, dos Emirados Árabes Unidos, e a provedora de blockchain Mavryk.
“O recente avanço não é aleatório. Está acontecendo porque tudo está se alinhando”, disse Eric Piscini, CEO da Hashgraph, ao Cointelegraph. “As regras estão ficando mais claras nos principais mercados. A tecnologia está mais forte, mais rápida e pronta para escalar. E os grandes players realmente estão agindo”, acrescentou.