Todos os corações do mercado financeiro entraram em estado de alerta depois que a China anunciou nesta semana uma projeção de crescimento menor do que o esperado.

O anúncio do Banco Central chinês serviu para derrubar todas as bolsas de valores mais importantes do mundo, incluindo a brasileira. Além da retração do crescimento chinês, outras questões apavoram os economistas, como: alta da inflação global, aumento do preço do petróleo e uma crise energética que já ameaça tanto o Brasil quando o gigante chinês e a Europa.

Na semana passada, a gigante imobiliária Evergrande anunciou que não conseguiria pagar suas dívidas e poderia potencialmente "quebrar", o que levou o governo chinês a intervir no mercado com um estímulo bilionário. O destino da Evergrande, porém, permanece incerto. Foi o começo do caos econômico global, que afetou também o Bitcoin (BTC).

O Wells Fargo disse na época que o panorama econômico chinês "continua incerto, o que sugere alguma pressão de baixa sobre a perspectiva para o crescimento". Por outro lado, o enfraquecimento chinês pode levar a fortalecer o dólar ainda neste ano.

O cenário dos Estados Unidos também preocupa as economias globais. O Federal Reserve já pensa em reduzir os estímulos na economia e a inflação também já é uma realidade, afetando a retomada da economia. 

Brasil segue à deriva

Enquanto isso, o Ministro da Economia brasileiro, o antes "intocável" Paulo Guedes, deixava claro que ainda vive em um mundo paralelo: "A economia vai voar em 2022", prometeu Guedes, que desde 2020 tem trabalhado mais na retórica furada do que na recuperação da economia do país.

As projeções de crescimento, que Guedes custa em enxergar como "crescimento em V", têm sido revistas a cada trimestre brasileiro - e sempre para baixo. Para completar, o chefe do Ministro, o presidente Jair Bolsonaro, não melhorou a má impressão sobre a competência da pasta e do governo, e ainda adicionou: "Sou um zero à esquerda na economia".

Os números não negam. A desigualdade e o desemprego já batem recordes de décadas sob a atual presidência, e a fome e a inflação voltaram a fazer parte do dia a dia da população.

A crise pode ter impactos ainda mais graves sobre a economia e a população brasileira. Ranking de Competitividade divulgado nesta semana também mostrou que o Brasil não está preparado para a economia digital, mesmo com investimento em inovação em sistemas como o PIX, o Open Banking e o Real Digital.

E o Bitcoin?

A corrida do Bitcoin até os US$ 50.000 foi interrompida na última semana diante das más notícias da China. Depois da notícia da Evergrande, a China anunciou na sexta-feira que iria mais uma vez "proibir a negociação de criptomoedas".

A gigante chinesa já tentou reprimir a prática em outros anos, mas não conseguiu grandes efeitos, apesar desta vez a repressão parecer maior. Na última terça-feira, a gigante varejista Alibaba anunciou que não venderia mais produtos para mineração cripto em solo chinês.

Desde a proibição da mineração no país, vários mineradores migraram, e nesta semana dois dos maiores pools de Ethereum do mundo também anunciaram saída da China.

Com isso, o preço do Bitcoin segue preso na faixa entre US$ 40.000-45.000, mas a boa notícia é que por enquanto os revezes das últimas semanas não serviu para derrubar a criptomoeda de sua tendência de alta. Até quando? É difícil prever.

A correlação do Bitcoin com outros mercados, apesar de ser comprovada nos últimos meses, foi inversamente proporcional durante toda a crise de 2020, por exemplo, quando o Bitcoin e as criptomoedas serviram de proteção - e investimento - para os mais variados tipos de investidores.

Curiosamente, um dos maiores defensores do Bitcoin diante da crise, o economista Robert Kiyosaki, autor do best-seller Pai Rico, Pai Pobre, desta vez alertou para a possibilidade dos Estados Unidos também adotarem uma proibição às criptomoedas em solo americano.

O país já tem regras próprias para exchanges, fundos e investidores no país, mas a nomeação de um crítico das criptomoedas para a Controladoria da Moeda, por Joe Biden, acendeu o alerta, até certo ponto delirante, sobre o "risco de comunismo" nos EUA.

“A China anunciou nessa manhã um novo banimento do criptomercado. O que isso quer dizer? Que a China está prestes a lançar a sua moeda do governo. Se os EUA seguirem, a Fed Coin vai proibir o Bitcoin, os EUA se tornará um governo centralizado, como a China, o Comunismo dos EUA começará, nossas liberdades vão acabar.”

Apesar disso, ele diz que não venderá seus Bitcoins por enquanto:

"Queda gigante do mercado vindo em outubro. Por que? Tesouraria e Fed estão sem títulos. Ouro, Prata e Bitcoin também podem cair. Melhor vender agora para pegar as barganhas depois da queda. Não vou vender prata, ouro ou Bitcoin ainda, tenho bastante dinheiro para a vida após o choque da queda. Ações são perigosas. Cuidado"

Nem tudo é pessimismo, porém, no criptomercado. Como noticiou o Cointelegraph Brasil, um analista da Bloomberg aposta que o Bitcoin vai passar de US$ 100 mil "mais cedo do que imaginamos".

LEIA MAIS