O sistema de tokenização proposto pelo Banco Central do Brasil (BC) para o Real Digital pode ser usado para melhorar e aprimorar o sistema de crédito ao setor Agro, prevê a Vert Capital. A empresa apresentou uma prova de conceito de um sistema de empréstimos tokenizados dentro do Real Digital.
A prova de conceito apresentada por Martha de Sá, fundadora da Vert, guarda similaridades com um dos primeiros projetos de uso de blockchain por um ente público no Brasil, o BNDES token. No sistema testado pelo BNDES os recursos eram liberados para o tomador de empréstimo, via uma stablecoin pareada com o Real e emitida no Ethereum.
O sistema do BNDES mapeava os gastos do tomador de empréstimos, fazendo assim uma espécie de auditoria dos recursos em tempo real.
No projeto apresentado pela Vert a proposta é a criação de uma plataforma de leilão no qual o agricultor inscreve seu pedido detalhando como os recursos serão gastos, qual sua necessidade, além de prazos e outras informações.
Na criação de sua oferta o agricultor também define a parametrização que será usada para definir o lance vencedor, como, por exemplo: menor taxa, prazo de pagamento maior, etc.
Feito isso o pedido de financiamento é lançado no sistema e todos os bancos e integrantes do sistema do Real Digital pode dar seus lances naquela proposta, vencendo aquela que melhor atingir os parâmetros definidos pelo produtor.
Martha explica que o próximo passo é a liberação dos valores para a carteira digital do cliente, porém o dinheiro será 'marcado', ou seja, o contrato inteligente só permitirá que os valores sejam gastos em produtos ligados aos projeto inscrito na plataforma.
Para isso a validação dos gastos será feita por meio da nota fiscal consultando o CNAE da empresa fornecedora e, eventualmente, consultando até os códigos dos produtos descritos.
"Com o dinheiro programável on-chain é possível monitorar onde cada Real está sendo gasto e com isso temos a certeza da execução do projeto e mitigamos o risco com os empréstimos, o que pode refletir em melhores condições para os tomadores de empréstimos no futuro", destacou a executiva.
Assim como apontou Evandro Camilo, Head of Technology & Operations do Santander Brasil em sua apresentação, Martha de Sá destacou que o desafio da implementação da solução está nas diferentes variantes off-chain do projeto, já que o caminho para a tokenização envolve toda uma gama da cadeia de produção que não é participante direta do Real Digital.
No entanto, a fundadora da Vert apontou que a proposta apresentada, bem como o sistema de tokenização que o BC deve lançar com o Real Digital, é o começo de uma mudança maior para toda a sociedade.
“Isso é o começo de uma nova era”, disse.
Real Digital
Recentemente, o governo Lula fez o primeiro sinal ao mercado de ativos digitais ao incluir o lançamento do Real Digital, a CBDC do Banco Central do Brasil, como uma das 13 medidas da administração que pretende destravar a economia, estimular o mercado de crédito e impulsionar as Parcerias Público-Privadas (PPPs) em estados e municípios.
Conforme o documento, o Real Digital foi inserido como a sexta proposta da lista das 13 medidas voltadas para o mercado de crédito bancário, de capitais. As medidas serão anunciadas oficialmente pelos secretários de Reformas Econômicas, Marcos Barbosa Pinto, e do Tesouro, Rogério Ceron.
"Autorização de Bancos e Moeda Digital
Estabelecer a base legal para a criação do Real Digital (criptomoeda do BC) e flexibilizar o processo de autorização e funcionamento de instituições financeiras", destaca o plano do governo.
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