Nesta segunda-feira, 24, durante um evento realizado na Arena B3, a Bolsa de valores do Brasil revelou que a Bolsa de Valores quer ampliar os produtos de criptomoedas da instituição e estuda lançar negociações de Futuros de Ethereum, lançar um mercado de opções de criptomoedas entre outros produtos.

"Aqui na B3, está claro que o mercado de criptoativos se desenvolveu significativamente e hoje é bem estruturado, com uma forte demanda por produtos do mercado de capitais. Estamos atentos aos próximos passos e ao que podemos evoluir", disse.

Segundo ele, no segmento de ETFs, a B3 vai continuar com os programas de liquidez e formadores de mercado e destacou que apesar do bom nível atual, ainda há muito espaço para crescimento, especialmente na frente educacional, para atrair mais tipos de investidores.

"No mercado de futuros, recentemente lançamos o futuro de Bitcoin, um produto ainda muito novo. Estamos trabalhando em diversas frentes para evoluir esse produto e já estamos estudando novos contratos futuros, como o de Ether. Estamos em discussões internas e com vários clientes, pois acreditamos que um mercado de opções é crucial para complementar esse ecossistema", apontou.

Segundo ele, o mercado de opções é visto como importante para a entrada de investidores institucionais mais fortes nos ETFs e outros ativos, pois proporciona mais mecanismos de proteção.

"Essas são as principais frentes em que estamos focados, além de outras questões operacionais, como a evolução do nosso modelo de risco. Nossa visão é que a demanda por esses produtos veio para ficar e estamos dedicados a acompanhar esse crescimento", disse.

Gonçalves também revelou números sobre as negociações de ETFs de criptomoedas no Brasil. Segundo Felipe Gonçalves, head de produtos da B3, mais de R$ 50 milhões são negociados diariamente em ETFs cripto.

Gonçalves destacou que atualmente, há 14 ETFs cripto no Brasil, sendo um deles via BDR (BlackRock) e que eles estão frequentemente entre os 10 mais negociados no Brasil.

"Hoje, o volume diário de negociação nesses ETFs está em torno de 50 milhões, com um pico de mais de 200 milhões em um único dia. O patrimônio líquido (PL) dos ETFs supera 5 bilhões, com mais de 180 mil investidores em todos os tipos", revelou Gonçalves.

Ainda segundo ele, olhando para quem mais utiliza esses produtos, há investidores pessoa física, estrangeiros e institucionais, sendo que as pessoas físicas e os estrangeiros ainda representam a maior parte das negociações, mas os investidores institucionais, segundo ele, já soma um terço do PL de 5 bilhões.

"Outro ponto positivo é o impacto dos ETFs em outros ativos. Na B3, temos ETFs de renda variável, renda fixa e commodities. Quando um produto vai bem, ele acaba chamando a atenção para outros também. Recentemente, lançamos o contrato futuro de Bitcoin, que tem sido um dos produtos de crescimento mais rápido na B3, mostrando o potencial desse mercado", afirmou.

Brasil é pioneiro

Durante o evento, Theodoro Fleury, CIO da QR Assets, destacou que o Brasil foi pioneiro na legislação de fundos que poderiam investir em criptoativos, já que em 2018, foi emitido o Ofício 11, pela CVM, que disciplinava a entrada dos fundos em criptoativos, permitindo à QR lançar seus primeiros fundos.

"A própria CVM sugeria a utilização de precificação de empresas com credibilidade no mercado, que calculavam preços de índices. Com o ETF, o provedor do índice também trazia sua metodologia de cálculo e janela de corte. Nosso ETF foi o primeiro de Bitcoin fora do Canadá, o primeiro na América Latina. A maior responsabilidade foi a escolha do provedor do índice, uma decisão crucial, considerando que há quatro anos não havia nenhum ativo de cripto na bolsa", disse.

Fleury apontou também que os ETFs desempenharam um papel importante como instrumentos financeiros e de alocação para os investidores. Até o final de 2020, havia 22 ETFs na bolsa, excluindo os de renda fixa, renda variável e internacionais. Em 2021, foram lançados mais 34 ETFs, mais do que dobrando o número existente, sendo que uns 5 eram de cripto.

Ele também apontou que esse crescimento despertou o interesse dos investidores em alocar recursos nesses ativos e que, no mesmo momento, o mercado começou a se direcionar para essa conscientização sobre ETFs como instrumentos de investimento.

"Comparado as economias mais maduras como a Europa e, principalmente, os Estados Unidos, o percentual de investidores brasileiros que investem em ETFs ainda é muito baixo. Portanto, o mercado de criptoativos desempenharam um papel significativo na conscientização dos investidores sobre ETFs como veículos de alocação e investimento", afirmou.

O head de produtos da B3, apontou que o lançamento dos ETFs no Brasil foi um grande trabalho no qual houve uma coordenação muito positiva entre os participantes do mercado, a B3 e os reguladores. 

Além desse esforço para viabilizar os ETFs, segundo Gonçalves, houve duas outras considerações importantes nesses lançamentos. Primeiro, a questão operacional interna da B3, implementando mecanismos de proteção de preço, para proteger os investidores e o desenvolvimento do modelo de integração, negociação e liquidez

"Foi fundamental que as corretoras estivessem preparadas e que tivéssemos formadores de mercado desde o início para garantir preços. Aspectos como o empréstimo de ativos, importante para a liquidez, também foram considerados. Tudo isso resultou em um produto que, em pouco tempo, já começou a apresentar volumes bastante significativos", apontou.