O Morro do Cantagalo, favela na zona sul do Rio de Janeiro, receberá em fevereiro a primeira turma da Socialblocks, startup que pretende formar programadores em comunidades carentes, afirmaram representantes do projeto ao Cointelegraph Brasil.

A Socialblocks tem como objetivo a capacitação de jovens brasileiros de baixa renda ou em situação vulnerável para que se tornem programadores especializados na tecnologia blockchain. Para isso, o projeto oferecerá cursos presenciais de longa duração.

Depois de formados, a companhia, em parceria com empresas e organizações europeias, pretende alocar os jovens no mercado de trabalho.

"Existe uma demanda muito grande por programadores especializados em blockchain. Temos parceria com empresas europeias e com o governo de Zug, na Suíça, não apenas para alocar os jovens formados em empregos remotos, mas também para promover intercâmbios com aqueles que se destacarem", disse Gustavo Figueroa, fundador do projeto. 

"Também estamos planejando o pagamento de uma bolsa àqueles que estão em situação mais desfavorecida, e que não poderiam fazer um curso em período integral porque precisam trabalhar", contou.

"Vamos fazer esse primeiro teste no Rio de Janeiro, mas já temos conversas em andamento para levar a Socialblocks para o Rio Grande do Sul, Ceará, Santa Catarina e para Heliópolis, uma das maiores favelas do Brasil, em São Paulo", disse Gustavo.

Ao fazer parceria com ONGs e associações dessas regiões carentes, a Socialblocks consegue não apenas entrar em locais onde a desconfiança com ofertas de oportunidades é grande, mas também garantir que os jovens atendidos são de fato desfavorecidos.

"Inicialmente, pretendemos usar esse tipo de parceria para abrir portas e nos ajudar a chegar em diferentes lugares. Com o crescimento do projeto, a tendência é que futuramente isso não seja mais necessário, o que vai nos dar ainda mais possibilidades de atuação", contou Pedro Lins e Silva, do diretor de business development do projeto.

Depois de formados, os jovens formados pela Socialblocks que forem alocados no mercado de trabalho deverão doar 10% dos seus primeiros salários de volta para o projeto, a fim de ajudar na formação de outros jovens. Mas esta não é a única fonte de receita da startup:

"Queremos firmar parcerias com fundos perdidos de grandes instituições como o Banco Mundial e afins e também com entidades filantrópicas - algumas inclusive já demonstraram interesse. Além disso, ainda podemos fazer parcerias com pessoas interessadas em vender o curso que nós ofereceremos de graça dentro do projeto", contou Pedro.

Para participar do curso oferecido pelo projeto, os interessados deverão passar por um processo seletivo rigoroso. No caso do curso de "estreia" no Cantagalo, serão disponibilizadas 30 vagas.