O Superintendente-geral da Câmara Interbancária de Pagamentos (CIP), Joaquim Kiyoshi Kavakama declarou que a stablecoin do Facebook, o Libra e a proposta de criação de uma moeda digital do Banco Central (CBDC), da China, o Yuan Digital, podem levar o Brasil a debater a criação de um CriptoReal.

Segundo Kavakama em declaração a noomis, (plataforma de notícias da Febraban) estas inovações aparentemente são um caminho natural do sistema financeiro e que o Brasil precisa acompanhar de perto seus desdobramentos.

"O bom de observar estas inovações que estão surgindo é aprender com os erros e acertos e ter a possibilidade de, quem sabe no futuro, discutir a melhor opção para o "criptoreal", declarou.

Um levantamento feito pelo Cointelegraph, revelou que o Banco Central do Brasil está ativamente debatendo o tema internamente e inclusive com organizações multilaterais. Embora o Bacen não considere ainda a ideia de emitir uma Moeda Digital para o país, ele participa de diversos grupos de estudo, no Fórum Econômico Mundial, FMI e outros, sobre CBDC e seus impactos na economia.

Além disso, o Banco Central também está de olho no Libra e a possível integração do Facebook no sistema de Open Banking e de Pagamentos Instantâneos e, portanto, desta forma, 'integrando' o Libra no Sistema Financeiro Nacional.

O Banco Central se recusa a comentar qualquer um dos fatos. Em diversas vezes que o Cointelegraph tentou contato com a instituição as mensagens foram ignoradas.

Em 2019, o ex-presidente do Banco Central do Brasil, Gustavo Franco, chegou a descartar qualquer hipótese do Bacen lançar uma Moeda Digital, com blockchain. Franco, declarou que as moedas digitais de bancos centrais não são tão “interessantes” como se tem anunciado e se um Banco Central vai emitir uma criptomoeda, ele não precisa de blockchain para isso, afinal, segundo ele, o Banco Central já é o terceiro garantidor da operação.

“Se existem moedas digitais oferecidas pelo banco central, duas coisas acontecem: uma delas é que não se precisa mais de bancos. Ou seja, os bancos serão ‘criaturas’ diferentes que não serão mais proprietárias do sistema de pagamento, eles serão entidades que captarão CDBs para fazer empréstimos. Farão spread entre uma coisa e outra, uma atividade um pouco diferente do que receber depósitos à vista e fabricar dinheiro criando depósitos. Retirada essa mágica, temos um sistema bancário um tanto diferente. A segunda consequência, para que precisamos de blockchain, se o Banco Central pode criar sua moeda digital e ser o terceiro de confiança. Para todo o sistema, ele é mais confiável que qualquer outro sistema que se tem”, afirmou.

Como noticiou o Cointelegraph, embora guarde 'receio' com relação a moedas digitais, o Banco Central do Brasil tem incentivado, por diversas iniciativas, o uso e a adoção de blockchain, tecnologia criada com o Bitcoin, contudo, para o especialista em Bitcoin e uma das personalidades mais conhecidas do universo das criptomoedas, Andreas M. Antonopoulos, isso é apenas um 'teatro' para replicar as mesmas estruturas de corrupção.

"A maior parte do que eles estão falando no governo, nos Bancos Centrais, é besteira, não cadeias públicas abertas. Não é aberto, não é descentralizado, não é resistente à uma autoridade central, não é neutro, não é imutável. É uma ferramenta para controle e centralização. E se você deseja uma ferramenta para controle e centralização, use-a no banco de dados. Não vamos fingir, certo. Não há necessidade de perder tempo com essa tecnologia. Eles estão apenas desperdiçando mais dinheiro dos contribuintes, para que possam controlar mais contribuintes. Isso é ridículo. Não é inovação. Está fingindo. É teatro. Então, você não precisa de teatro de inovação. O que precisamos é de inovação e inovação é mudar a estrutura do poder. É o sistema que você está construindo. Isso não muda a estrutura do poder. Isso não muda nada. Tudo o que faz é estimular a mesma corrupção, a mesma centralização, a mesma coisa em um novo pacote. Mas por dentro ainda é uma merda", declarou.

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