Nesta terça-feira, 01 de outubro, durante um painel promovido pela Bipa Premium, o especialista em estratégias de antifragilidade, Luiz Fernando Roxo, destacou que o Bitcoin vai passar de US$ 120 mil neste ciclo de alta.
"Eu vejo o Bitcoin facilmente superando os cem mil dólares no final deste ciclo, acredito que até o fim de 2025 ele pode chegar a 110 ou 120 mil dólares", disse Roxo.
No entanto, ele adverte que, em caso de um estouro de bolha, o Bitcoin pode sofrer correções severas. “Se o Nasdaq caísse 60%, o Bitcoin, no seu pico, também poderia cair 90%. Isso seria uma oportunidade de compra significativa para quem ainda não está bem posicionado”, explicou.
Já o investidor anjo Renato Mendes, presente no painel, foi enfático ao afirmar que o Bitcoin deve estar presente em todos os portfólios de investimentos.
“Ele é um ativo descorrelacionado, um ouro aprimorado, com características que a maioria dos ativos não possui. Acredito que, em algum momento, pode acabar substituindo o ouro como um ativo seguro”, disse Mendes.
Mendes foi mais cauteloso quanto à previsão de preços, evitando especular sobre valores futuros, mas reforça o papel essencial da criptomoeda.
“Não sei se o Bitcoin deve fazer parte de um portfólio de maneira integral, mas definitivamente deve estar presente”, concluiu.
Já Renato Amoedo, traçou um paralelo entre o Bitcoin e a transição de outras formas de reserva de valor, como o ouro e metais preciosos. Amoedo lembra que, ao longo da história, sociedades que resistiram à evolução econômica acabaram sucumbindo.
“Algo semelhante pode acontecer com quem insiste em ativos obsoletos em vez de evoluir financeiramente e adotar o Bitcoin”, destacou.
Amoedo criticou a excessiva dependência dos Estados na emissão de moeda, afirmando que o abuso desse poder levou à perda de autoridade. Segundo ele, o Bitcoin oferece uma alternativa sólida frente a esse cenário de abuso monetário, sendo um ativo a ser observado com atenção.
Bitcoin é seu próprio colateral
O Bitcoin, considerado uma das principais criptomoedas do mundo, tem sido amplamente avaliado em dólares americanos. No entanto, durante o painel, os especialistas sugeriram que essa abordagem não reflete a verdadeira natureza e potencial do ativo digital.
Para Roxo, a avaliação do Bitcoin em dólares é problemática, pois o ativo não possui um subjacente na moeda americana.
"Em dólares, certo? Por quê? Porque o Bitcoin não tem um ativo subjacente em dólares. Então, o valor intrínseco dele, quando medido em dólares, é zero. Para um portfólio atrelado ao dólar, o Bitcoin pode sofrer uma queda de até 90%. Mas o valor intrínseco do Bitcoin, em termos de Bitcoin, é 100%. Ele é o próprio valor. O dólar é o colateral do dólar. Se o portfólio for constituído em Bitcoins, em vez de em dólares, ele não depende de nenhum ativo adicional — o Bitcoin é o próprio colateral", explica Roxo.
Essa abordagem revela que, ao contrário de outras moedas ou ativos que necessitam de um lastro, o Bitcoin é auto-suficiente. Roxo acredita que, no futuro, será possível ver carteiras que mostrem o desempenho tanto em dólares quanto em Bitcoin, permitindo uma melhor análise em momentos de crise.
"Você poderá ver que, em um momento de turbulência, a sua carteira pode perder valor em dólares, mas não em Bitcoins. Após um evento de liquidez, quando as pessoas começarem a utilizar o Bitcoin de forma mais ampla, então você terá uma reserva de valor perfeita", conclui o analista.
Mendes complementa a visão de Roxo, destacando que o mercado ainda não reconheceu plenamente o Bitcoin como uma reserva de valor. Segundo Mendes, essa percepção pode mudar à medida que o ativo seja mais amplamente compreendido e utilizado.
"Nessa conversa, o Rúcio nos mostrou um gráfico do Bitcoin, um ETF do Tabasak, três vezes ao lado de outros ativos, e a correlação era praticamente negativa. Se ajustarmos o gráfico, talvez nem fique claro o que ele realmente mostra", afirma Mendes.
Ele acredita que, embora o Bitcoin tenha um potencial claro, ainda não atingiu seu status de 'safe haven' como o ouro, que frequentemente sobe em momentos de tensão global.
"Se olharmos o desempenho atual do Bitcoin, em meio ao contexto de guerra, como Israel atacando o Líbano, vemos o ouro subindo enquanto o Bitcoin cai. Então, o mercado ainda não tem a percepção de que o Bitcoin seja uma reserva de valor ou um 'safe haven'. Eu acredito que isso pode mudar com o tempo, mas quando exatamente, ainda não sei", pondera Mendes.
Apesar das incertezas atuais, os especialistas estão otimistas em relação ao futuro do Bitcoin como uma reserva de valor global. Enquanto Roxo defende que o valor do Bitcoin deve ser avaliado dentro de sua própria métrica — o BTC — e não em dólar, Mendes acredita que a volatilidade e a falta de percepção como um ativo seguro são questões que serão resolvidas com o tempo.
Ambos concordaram que, à medida que mais pessoas entenderem o verdadeiro papel do Bitcoin no cenário macroeconômico, ele se consolidará como uma alternativa viável às moedas tradicionais e como um ativo antifrágil.