Uma disputa amarga entre os cofundadores da Paxful, Artur Schaback e Mohamad (Ray) Youssef, nos tribunais de Delaware pode ter sido a verdadeira razão por trás do fechamento repentino do marketplace de Bitcoin anunciado em 4 de abril.

Schaback e Youssef inauguraram a Paxful em 2015 a partir de uma paixão compartilhada pelo Bitcoin (BTC), mas agora estão brigando nos tribunais pelo controle da empresa, com várias acusações de parte a parte em jogo, de acordo com documentos judiciais. As acusações incluem apropriação indevida de fundos da empresa, lavagem de dinheiro e evasão de sanções dos Estados Unidos contra a Rússia, entre outras.

Fundadores em litígio

Schaback foi o diretor de operações da Paxful até fevereiro de 2022, quando teria sido impedido de participar das operações da empresa devido a divergências com Youssef – CEO da Paxful – sobre o futuro e as operações do marketplace, incluindo conflitos sobre "a legitimidade de gastos cada vez maiores de entidades não divulgadas.”

Documentos judiciais arquivados em Delaware em 21 de março de 2023. Fonte: Tribunal de Chancelaria de Delaware

De acordo com as alegações de Schaback no processo, uma grande quantidade de Bitcoin da Paxful foi transferida para uma entidade turca chamada “EMiR”, que ele afirma não ser uma empresa de software legítima. “Não possui site de divulgação de software ou serviços de desenvolvimento web e seu endereço físico [...] parece pertencer a uma empresa de roupas.”

A Dekslektika, uma empresa sediada em São Petersburgo, na Rússia, de propriedade de ex-diretores da Paxful, é uma subcontratada que supostamente recebe pagamentos da EMiR. De acordo com os autos do tribunal, essas entidades foram acusadas de estar por trás de “transações massivas e fora do comum” que começaram depois que Schaback foi retirado das operações da empresa. “Não há propósito comercial legítimo para essas transferências”, diz o processo.

Em comentários ao Cointelegraph, Youssef classificou as alegações como "ridículas". Segundo ele, as acusações giram em torno do pagamento de salários a uma empresa de engenharia turca que trabalha para a Paxful. “Ele [Schaback] bloqueou esses pagamentos de salários aos nossos engenheiros com essas acusações, alegando que eram falsos e até mesmo que não estavam realizando tais serviços. Ele fez jogo duro até que toda a equipe de 80 engenheiros parou de trabalhar. [...] O próprio Sr. Schaback foi forçado a admitir que isso foi um erro crítico e autorizou esses engenheiros a receberem seus salários atrasados em uma reunião do conselho”, observou Youssef.

Documentos judiciais arquivados em Delaware em 21 de março de 2023. Fonte: Tribunal de Chancelaria de Delaware

Ponto de vista de Youssef

Youssef alegou que as táticas jurídicas de seu ex-sócio “beiravam o terrorismo” e custaram à Paxful muitos funcionários e diretores. “Suas acusações eram tão caluniosas que perdemos nosso GC, CTO, CISO, VP de finanças e VP de RH. Ele até foi atrás de nosso escritório de advocacia, McDermott Will and Emery, um dos escritórios de advocacia mais respeitados dos Estados Unidos, exigindo que eles fossem retirados de nossa defesa em Delaware ”, disse ele ao Cointelegraph.

Diante da iminente demissão de sua equipe, Youssef disse ser impossível manter Schaback na Paxful.

“Artur e eu ficamos sem-teto por um tempo em Nova York enquanto construímos a Paxful. Ele veio de uma família da classe trabalhadora como eu, e nos identificávamos em muitas coisas. Ele trabalhou duro no começo e agregou valor [à Paxful]. Eu respeitava o cuidado que ele tinha com a sua família. Por volta de 2018, ele começou a mudar. Eu aceitei, mas quando todo o ELT ameaçou renunciar, tive que aceitar a terrível verdade de que ele havia mudado e não era quem eu pensava que era."

Ponto de vista de Schaback

Em entrevista ao Cointelegraph, Schaback disse que Youssef tomou uma ação unilateral ao fechar a Paxful em 4 de abril. “As ações do senhor Youssef visavam consolidar o poder em uma jurisdição fora dos Estados Unidos e remover a mim e a outros acionistas de seus planos.”

Schaback disse que tem acesso limitado a informações na empresa e não está envolvido nas operações diárias da Paxful há 18 meses.

"O senhor Youssef e eu tínhamos diferenças fundamentais na direção do produto e na governança corporativa da Paxful, e você pode ver por suas ações recentes que o seu objetivo o tempo todo era tirar a Paxful da jurisdição dos EUA devido à pressão regulatória.”

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