Os promotores de acusação e os advogados de defesa do caso criminal do ex-CEO da FTX, Sam Bankman-Fried, também conhecido como SBF, delinearam cenários diametralmente opostos para o júri durante o início do julgamento.
Em um tribunal de Nova York, em 4 de outubro, o procurador assistente dos Estados Unidos, Thane Rehn, e o advogado de SBF, Mark Cohen, apresentaram a argumentação de abertura sobre os eventos que levaram ao colapso da exchange de criptomoedas FTX a um júri de 12 pessoas, bem como o suposto papel de Bankman-Fried no caso. Os comentários foram feitos depois que o juiz Lewis Kaplan finalizou a seleção dos 12 membros e dos seis suplentes do júri após mais de um dia de interrogatório de aproximadamente 50 candidatos.
De acordo com uma thread publicadda no X (antigo Twitter) pela Inner City Press, Rehn alegou que SBF usou os fundos dos clientes da FTX para enriquecer a si mesmo, bem como para convencer políticos e reguladores – por meio de doações de campanha e de testemunhos – de que ele era confiável. O procurador assistente dos EUA teria argumentado que Bankman-Fried mentiu repetidamente para os usuários, funcionários, congressistas, reguladores e o público em geral sobre "o buraco" em que a FTX se encontrava em novembro de 2022, quando informações financeiras comprometedoras sobre a exchange foram divulgadas.
"O buraco era muito grande", disse Rehn. "Então, o réu culpou a queda do mercado de criptomoedas. Mas ele havia cometido fraude. É isso que as provas deste julgamento mostrarão. Vocês terão acesso ao círculo íntimo dele. Sua namorada lhes contará como eles roubaram dinheiro juntos."
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A repórter do Cointelegraph, Ana Paula Pereira, também estará presente e fornecerá atualizações diárias sobre os acontecimentos mais significativos do julgamento.
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Cohen, que apresentou sua argumentação de abertura após Rehn, teria culpado a ex-namorada de SBF e ex-CEO da Alameda Research, Caroline Ellison, bem como o CEO da Binance, Changpeng Zhao, ou CZ, pelos problemas que levaram à falência da FTX. Ele alegou que Ellison não havia agido para proteger alguns dos investimentos da Alameda, apesar da insistência de Bankman-Fried para que o fizesse, e que as postagens de CZ nas redes sociais haviam provocado uma corrida bancária à FTX.
A equipe de defesa de SBF apresentou o ex-CEO da FTX como alguém que "agiu de boa fé" em meio a uma empresa que crescia exponencialmente em um mercado de criptomoedas volátil. Ele também rejeitou a narrativa de que SBF era um "cara mau" por gastar dinheiro com uma cobertura nas Bahamas e pagando celebridades para endossar a FTX, dizendo: "Não é um crime tentar conquistar Tom Brady."
"A Alameda tomou grandes empréstimos de margem da FTX", disse Cohen, de acordo com os relatos do tribunal. "Não há nada de errado nisso. A Alameda era uma formadora de mercado. Nada de errado nisso. No início, a FTX não tinha uma conta bancária para movimentar dólares, que no mundo das criptomoedas são chamados de fiat. Então, eles usaram uma conta da Alameda."
O dia 4 de outubro foi o segundo dia do primeiro julgamento criminal de Bankman-Fried, que deve durar cerca de seis semanas. Ele se declarou inocente das sete acusações relacionadas a supostas fraudes cometidas à frente da FTX que recaem sobre ele e comparecerá novamente ao tribunal em março de 2024 para um segundo julgamento.
Entre os destaques da primeira semana de SBF no tribunal estava o fato de o ex-CEO da FTX ter aparecido pela primeira vez em público com um novo corte de cabelo. Ellison, juntamente com outros ex-executivos ligados à exchange de criptomoedas, poderá testemunhar contra SBF no decorrer do julgamento.
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