Para Marcio Aguiar, diretor da divisão Enterprise da NVIDIA para a América Latina, o futuro da IA está diretamente conectado ao avanço da digitalização financeira.

“A integração da inteligência artificial ao mercado financeiro 2.0 é um movimento natural do processo que vivemos. Hoje, a IA não é mais um diferencial — é um pilar essencial para qualquer setor”, afirmou durante uma entrevista com o Cointelegraph Brasil no Febraban Tech.

O executivo destaca que, com a ascensão dos ativos digitais tokenizados, das moedas digitais de bancos centrais (CBDCs), das stablecoins e dos meios de pagamento instantâneo, como o PIX, a complexidade das operações financeiras cresce de forma exponencial. Nesse cenário, a IA se torna indispensável.

“Ela é fundamental para a tomada de decisão em tempo real, detecção e prevenção de fraudes, otimização de liquidez e risco, além de garantir interoperabilidade entre sistemas digitais”, explica.

Na visão dele, estamos caminhando rapidamente para uma era em que a inteligência dos sistemas será decisiva para garantir estabilidade e inclusão financeira em um ecossistema cada vez mais descentralizado e dinâmico.

Blackwell inaugura nova era na IA corporativa

Se no mercado financeiro a IA já assume papel de protagonista, no setor corporativo a busca por eficiência e desempenho não para. Recentemente, a NVIDIA apresentou sua nova arquitetura de GPUs: a Blackwell. O salto tecnológico promete revolucionar a capacidade de processamento de modelos de IA.

“A arquitetura Blackwell representa um avanço enorme. Ela entrega mais poder de processamento para aplicações como modelos multimodais, simulações industriais, gêmeos digitais e outras cargas empresariais complexas. E tudo isso com eficiência energética e escalabilidade aprimoradas”, destaca Aguiar.

Para a América Latina, esse avanço chega em um momento crucial. Segundo o executivo, as empresas da região estão cada vez mais comprometidas em acelerar a transformação digital, mas de forma sustentável e eficiente.

E os avanços não param. Já está no radar da empresa o Vera Rubin, sucessor do Blackwell, previsto para 2026.

“O Rubin eleva o patamar. Terá design personalizado de CPU e GPU, dobrando o desempenho atual em tarefas de inferência. É um projeto pensado para atender às demandas futuras da IA em escala global”, garante.

Confira a entrevista completa

Inteligência artificial, Drex e Pix 

Cointelegraph Brasil (CTBR): A NVIDIA registrou um 'boom' com a popularização da IA que vem crescendo exponencialmente em diversos setores. Como você vê o futuro dessa integração com o mercado financeiro 2.0, movido por ativos digitais tokenizados, CBDCs, stablecoins e pagamentos instantâneos como o PIX?

Marcio Aguiar (MA): A integração da Inteligência Artificial (IA) ao mercado financeiro 2.0 é um movimento natural do processo de digitalização que vivemos. Hoje, o mundo já não enxerga a IA apenas como um diferencial competitivo, mas como um pilar essencial para o desenvolvimento de qualquer setor.

À medida que surgem novas infraestruturas como ativos digitais tokenizados e meios de pagamento instantâneo, como o PIX, o volume e a complexidade das operações aumentam de forma exponencial. Nesse cenário, a IA tem papel fundamental em questões como tomada de decisão em tempo real, detecção e prevenção de fraudes, otimização de liquidez e risco, e interoperabilidade entre sistemas digitais.

Mais do que acompanhar o ritmo dessas inovações, essa tecnologia permite que o sistema financeiro se torne mais ágil, preditivo e seguro, o que é crucial em um ecossistema descentralizado, sempre em constante mudanças e com alta necessidade de segurança. Estamos caminhando para uma era em que a inteligência dos sistemas será um critério-chave para a estabilidade e inclusão financeira.

Briga entre EUA e China

CTBR: As restrições de exportação dos EUA resultaram em perdas significativas para a NVIDIA, estimadas em US$ 8 bilhões. Como a empresa está adaptando sua estratégia para mitigar esses impactos dos 'vai e vem' da relação entre EUA e China?

MA: A NVIDIA sempre atuará em conformidade com as diretrizes estabelecidas pelos governos onde opera. Seguimos comprometidos com a inovação em escala global e continuaremos investindo em tecnologias que beneficiem nossos parceiros e clientes em todos os países, respeitando as regulamentações locais e mantendo o foco em avançar o estado da arte da computação acelerada.

CTBR: A arquitetura Blackwell foi apresentada como a próxima geração de GPUs para IA. Quais são os principais avanços em relação à geração anterior, e como esses aprimoramentos beneficiam os clientes corporativos na América Latina? 

MA: A arquitetura Blackwell representa um salto significativo em relação à geração anterior de GPUs para IA, ao unir desempenho gráfico de ponta com eficiência energética e versatilidade para cargas de trabalho empresariais complexas.

Na prática, isso significa mais capacidade de processamento para modelos multimodais, simulações industriais, gêmeos digitais e aplicações corporativas de IA. Tudo isso em uma infraestrutura otimizada para consumo energético e escalabilidade.

Esse avanço é especialmente relevante para os clientes corporativos na América Latina, que hoje buscam formas de acelerar sua transformação digital de maneira eficiente e sustentável.

GeForce RTX 50

CTBR: Com o lançamento da série GeForce RTX 50, a NVIDIA introduziu o DLSS 4.0, prometendo melhorias significativas em desempenho gráfico. Como essas inovações estão sendo recebidas pelos desenvolvedores e usuários na região?

MA: A NVIDIA é dividida internamente em duas áreas: Consumer e Enterprise. A gente cuida aqui da divisão Enterprise, que trata sobre Inteligência Artificial, robótica, carros autônomos, data centers, supercomputadores, gráficos profissionais etc. A divisão Consumer é mais focada nos games e no uso pessoal de GPUs (nesse caso, as conhecidas GeForce).

 Podemos colocá-lo em contato com a equipe responsável pela área de Consumer na América Latina, caso tenha interesse em aprofundar o tema.

CTBR: A NVIDIA anunciou o projeto Rubin, sucessor do Blackwell, com previsão de lançamento em 2026. Quais são as expectativas em torno dessa nova arquitetura e como ela se posiciona frente às demandas futuras de IA?

MA: A NVIDIA segue ampliando seu portfólio com inovações que impulsionam o desenvolvimento da inteligência artificial em escala global. Recentemente, foram anunciados dois novos superchips: o Blackwell Ultra GB300, previsto para o segundo semestre de 2025, e o Vera Rubin, programado para 2026.

O Blackwell Ultra promete uma capacidade computacional significativamente superior à geração anterior, o que permitirá a provedores de nuvem oferecer serviços de IA premium com eficiência ampliada. Já o Vera Rubin representa um novo patamar na arquitetura de chips, com design totalmente personalizado de CPU e GPU, dobrando o desempenho atual em tarefas de inferência.

Veo3

CTBR: Quais são os principais setores na América Latina que estão adotando soluções de IA da NVIDIA, e como a empresa está apoiando essa transformação digital na região?

MA: A NVIDIA atua como um ecossistema  full-stack, oferecendo soluções completas para empresas que buscam adotar tecnologia em seus negócios. Na América Latina, temos observado uma adoção crescente especialmente nos setores financeiro, educacional, de óleo e gás e varejo - segmentos que estão na vanguarda da transformação digital e que já colhem benefícios concretos da IA generativa em suas operações.

CTBR: O VEO3 revelou a poder da IA na geração de imagens e vídeos, a tal ponto que fica difícil separa o que é real e o que é gerado por IA, como isso pode impulsionar ainda mais a disseminação de Fake News, ainda mais em períodos eleitorais como no Brasil no ano que vem?

MA: A evolução da inteligência artificial generativa, especialmente com modelos capazes de criar imagens e vídeos altamente realistas, traz desafios importantes. No entanto, é essencial destacar que a tecnologia, por si só, é neutra — seu impacto dependerá da forma como é utilizada.

Para mitigar riscos e garantir um uso ético e responsável da IA, o letramento digital é uma das principais estratégias. Quanto maior o conhecimento da sociedade sobre inteligência artificial e inovação, maior será sua capacidade de interpretar, questionar e distinguir conteúdos autênticos de criações geradas por máquinas.

A educação e a transparência são, portanto, fundamentais para construir confiança e ampliar os benefícios da IA em todos os setores.