Após a Ambipar lançar, em parceria com a B3 Digitas, seus tokens de crédito de carbono, a companhia agora mira expandir suas iniciativas no universo digital, utilizando blockchain, NFTs, metaverso e se preparando para o Drex.
O lançamento dos tokens AMBI, com lastro em créditos de carbono, foi apenas o começo. Em uma entrevista concedida ao Cointelegraph Brasil, durante a Febraban Tech, João Valente, diretor de ativos digitais da Ambipar, destacou que a tokenização trouxe vantagens que vão muito além da simples digitalização dos certificados.
“A tecnologia blockchain garante rastreabilidade, segurança e transparência nas transações, o que fortalece a integridade ambiental dos créditos comercializados”, explica.
Embora a tokenização dos créditos de carbono não seja obrigatória, a Ambipar aposta nesse caminho como uma evolução necessária. “É possível vender certificados sem tokenização, mas isso limita o alcance e a eficiência do mercado”, ressalta Valente. Com a tecnologia, o processo se torna mais ágil, seguro e acessível para empresas de todos os portes.
Entre as principais vantagens, estão o fracionamento dos ativos, que permite que até pequenas empresas e pessoas físicas possam adquirir créditos de carbono, e a liquidez, que transforma um mercado antes restrito em uma rede global de negociações.
“O impacto é gigantesco. Democratizamos o acesso, promovemos a compensação de emissões e, principalmente, aceleramos as soluções contra as mudanças climáticas”, afirma.
Além da facilidade operacional, a tokenização responde a uma demanda crescente do mercado por mais transparência. “Os créditos tokenizados oferecem a certeza de que as compensações são reais, auditáveis e rastreáveis em tempo real”, destaca.
Combate às fraudes e fortalecimento da confiança
O mercado de carbono tem enfrentado críticas devido a projetos que não entregaram os benefícios prometidos. Casos de fraudes e falta de transparência colocaram em xeque a credibilidade de alguns programas ambientais. Para enfrentar esse desafio, a Ambipar aposta no uso intensivo da tecnologia.
“A blockchain permite rastrear cada transação e verificar, de forma pública e imutável, como os recursos estão sendo aplicados”, explica Valente.
Além disso, os projetos da empresa passam por auditorias externas, contam com certificações de entidades independentes e divulgam relatórios periódicos de impacto ambiental.
“Sem transparência, não existe mercado de carbono confiável”, alerta o executivo. Por isso, a empresa defende também que governos e reguladores estabeleçam normas claras, além de uma fiscalização rigorosa que coíba fraudes e garanta que os recursos realmente financiem projetos sustentáveis.
Criptoeconomia, NFTs e até metaverso
O sucesso dos tokens AMBI motivou a Ambipar a acelerar outras frentes digitais. A empresa já opera a Ambify, uma plataforma que permite que qualquer pessoa, de qualquer lugar, compre créditos de carbono de forma fracionada, rastreada e certificada.
“Antes, só grandes empresas conseguiam fazer compensação de carbono. Agora, qualquer pessoa pode contribuir, de maneira simples e transparente, para a preservação do planeta”, afirma Valente.
Mas os planos vão além. A companhia investe em experiências no metaverso e explora o uso de NFTs vinculados a projetos de impacto socioambiental. Um exemplo é a integração com o Minecraft Education, onde a Ambipar desenvolve iniciativas de conscientização ambiental voltadas para o público jovem, unindo tecnologia, educação e sustentabilidade.
Confira a entrevista completa
Tokens de crédito de carbono
Cointelegraph Brasil (CTBR) Como tem sido a experiência da Ambipar com os tokens AMBI? A tokenização de créditos de carbono realmente é necessária, ou vender os certificados sem tokenização é 'igual', do ponto de vista de mercado? Quais as vantagens reais da tokenização neste setor?
João Valente (JV): A Ambipar, líder global em soluções ambientais, firmou parceria estratégica com a B3 Digitas, plataforma da Bolsa brasileira que oferece infraestrutura para ativos digitais, com o objetivo de negociar créditos de carbono tokenizados.
Essa parceria garante rastreabilidade por meio da tecnologia blockchain e segurança pelos processos B3 Digitas. A iniciativa atende à crescente demanda do mercado voluntário de carbono, o que viabiliza a compensação residual de emissões de gases de efeito estufa (GEE), por meio de créditos REDD+.
Tokens com lastro em créditos de carbono garantem a confiabilidade e rastreabilidade de transações de qualquer quantidade. O que assegura a integridade ambiental da compensação e acesso a empresas de todos os portes.
A parceria entre Ambipar e B3 Digitas ajuda empresas a ampliar mercado, liderar inovação e fortalecer soluções para mitigar os riscos das mudanças climáticas.
A tokenização dos créditos de carbono não é obrigatória, mas traz benefícios significativos ao mercado. Embora seja possível vender certificados sem tokenização, a tecnologia blockchain oferece vantagens que tornam as transações mais transparente, rastreabilidade, maior liquidez, redução de custos operacionais, fracionamento de ativos e segurança e confiança
O lançamento do token com a B3 Digitas ainda é recente, no entanto, o mercado é promissor, e a tokenização facilita o acesso global ao mercado de crédito de carbono, que antes estava disponível apenas para alguns segmentos. A tokenização pode ser relevante, pois democratiza o acesso ao mercado de carbono, contribuindo para a preservação do planeta e permitindo que mais pessoas participem da mitigação dos riscos das mudanças climáticas.
É sempre importante salientar que o propósito da ação é a redução das emissões. O uso do crédito de carbono para mitigação se aplica às emissões que não podem ser eliminadas ou que estão em fase de implantação de tecnologias para sua redução. Além disso, a tokenização desses ativos oferece vantagens, garantindo a rastreabilidade e confiabilidade do crédito de carbono ativo disponível.
Como garantir que realmente as emissões estão sendo compensadas
CTBR: O mercado de créditos de carbono viveu momento de incerteza com diversos projetos sendo acusados de não cumprir as promessas realmente ditas. Como fazer para garantir que os recursos serão realmente destinados para aquilo que ele se propõe a realizar?
JV: Para garantir que os recursos provenientes dos créditos de carbono sejam efetivamente utilizados conforme prometido, é essencial adotar transparência, monitoramento rigoroso e certificação confiável.
O uso da tecnologia blockchain, por exemplo, permite rastrear transações de forma eficaz, assegurando que os recursos sejam destinados corretamente e verificáveis em tempo real. Além disso, certificações emitidas por entidades independentes e auditorias externas reconhecidas aumentam a credibilidade dos projetos.
Outro fator fundamental é o monitoramento contínuo e a divulgação de relatórios de impacto ambiental e financeiro, garantindo transparência e prestação de contas. Também é necessário estabelecer regulamentações claras, com normas bem definidas e fiscalização eficiente para prevenir fraudes e assegurar o cumprimento das metas ambientais.
Por fim, envolver todos os stakeholders no acompanhamento dos projetos fortalece a confiança no mercado e promove impactos reais.
A combinação dessas práticas contribui para que os recursos sejam corretamente aplicados em projetos ambientais, garantindo o impacto positivo esperado no mercado de carbono.
Tokenização no Brasil e nova iniciativas
CTBR: Como vocês veem o mercado de tokenização no Brasil e quais outras aplicações a Ambipar vem estudando?
JV: Vemos que o mercado de tokenização no Brasil está em plena expansão, especialmente nos setores de créditos de carbono, ativos ambientais e mercado financeiro. Empresas e instituições estão utilizando os serviços atrelados ao blockchain descentralizados e distribuídos para aumentar a transparência, segurança e liquidez dos ativos digitais.
A Ambipar tem investido nesse segmento e busca estar na vanguarda da utilização de tecnologia disruptiva, como a tokenização aplicada a iniciativas voltadas para o meio ambiente.
Temos a Ambify, uma plataforma que permite a compra de créditos de carbono fracionados, com certificação e rastreabilidade via blockchain, possibilitando que qualquer pessoa compense suas emissões de carbono de forma acessível e transparente. Antes, a compensação de carbono era um processo restrito.
Com o mesmo propósito desse projeto, a Ambify democratiza essa prática, permitindo a aquisição e utilização de créditos de carbono, engajando mais pessoas na luta contra os riscos das mudanças climáticas.
Além disso, a Ambipar está explorando NFTs e o metaverso, incluindo a integração com o Minecraft Education, buscando novas formas de engajamento e participação voltadas para questões de sustentabilidade.
A empresa também desenvolve projetos em diversas frentes da criptoeconomia. Por fim, acompanha de perto as evoluções regulatórias do setor, garantindo que seus projetos estejam alinhados com as normas emergentes.
Drex
CTBR: Como a Ambipar vê os desenvolvimentos do Drex que pretende ser a camada de tokenização do sistema financeiro nacional?
JV: O Drex representa um avanço significativo na digitalização da criptoeconomia, trazendo mais eficiência, transparência e segurança para as transações. A Ambipar, que há anos observa o desenvolvimento dos criptoativos como uma forma de fortalecer o mercado, acompanha de perto todos os movimentos e avanços do setor.
Além disso, identifica oportunidades para integrar seu portfólio e oferece ao mercado soluções que ampliam a capilaridade global da confiança e credibilidade dos ativos digitais nesse ecossistema mundial.
A Ambipar busca alinhar suas iniciativas com essa evolução, garantindo que seus projetos estejam conectados às regulamentações e tecnologias disruptivas, fortalecendo ainda mais sua atuação global no setor.