Nesta segunda, 15, a Nu Asset, plataforma de investimento do Nubank, em parceria com a B3, anunciou o lançamento de dois novos ETFs, HIGH11 e LVOL11. O lançamento ocorre pouco tempo após o banco anunciar a adesão a Lightning Network do Bitcoin.

O anúncio foi feito por Andrés Kikuchi, diretor-executivo da Nu Asset. O diretor da Nu Asset apontou que ambos são os primeiros índices Smart Beta do Brasil, que deriva de um índice amplo para um índice mais restrito e temático. Ambos os ETFs, são compostos por empresas do Ibovespa, com investimento a partir de R$ 100 e taxa de administração de 0,5%.

Os dois ETFs passam a ser negociados a partir de terça-feira (16 de julho) na B3 e seguem índices desenvolvidos conjuntamente pelas duas instituições. Estes dois novos fundos permitirão investir em ações de baixa volatilidade (LVOL11) ou em papeis que potencializam o retorno em momentos de alta da Bolsa, ainda que tenham maior risco histórico (HIGH11).

O Ibov Smart Low Volatility B3, do qual o ETF LVOL11 é referenciado, foi desenvolvido para refletir uma carteira que inclui um terço das ações de menor volatilidade do índice Ibovespa B3. Para isso, foi utilizada uma abordagem de cálculo de risco (EWMA – Exponentially Weighted Moving Average) amplamente aplicada no mercado financeiro ao longo de décadas para suavizar as flutuações de mercado.

Caso existisse desde 2003, o novo índice teria reduzido, em média, 20% da volatilidade em comparação ao Ibovespa B3, aumentando o retorno acumulado em mais de 850%, segundo levantamento retroativo feito pela B3 e pela Nu Asset, a partir da aplicação do novo índice.

Composição inicial do LVOL11 da Nu Asset.

Já o Ibov Smart High Beta B3 é o índice que forma a composição do ETF HIGH11. A seleção da carteira inclui um terço das ações do Ibovespa B3 com o maior Beta, que indica a sensibilidade do ativo.

Para os papéis selecionados, calcula-se o Beta médio ao longo de um ano, em comparação com o retorno do próprio Ibovespa B3, dentro de um período de três anos. O uso do Beta no mercado de ações revela a volatilidade de uma empresa – aquelas com o maior resultado do cálculo são justamente as que podem subir ou descer mais em relação à média do próprio índice.

Em testes conduzidos pelos times da B3 e da Nu Asset, ao aplicar a metodologia do índice desde 2006, o Beta atingido pelo Ibov Smart High Beta B3 foi de 1,2 vez em relação ao Ibovespa B3, o que significa oscilação 20% superior. Em momentos de oscilação positiva do mercado, o novo índice foi 1,4 vez superior ao Ibovespa B3.

Composição inicial do HIGH11 da Nu Asset.

"A visão era criar algo em conjunto, partindo do Ibovespa, mas com um índice Smart. O índice Smart Beta mantém as características de transparência e baixo custo do índice amplo, como o Ibovespa, mas vai além. Ele busca dentro de sua metodologia encontrar o que o mercado costuma focar, buscando um retorno acima do benchmark do mercado e até mesmo acima do próprio Ibovespa", disse.

Ambos os ETFs tem como referência ativos do mercado tradicional, e questionado sobre criptomoedas, Kikuchi destacou que ele vê os ETFs cripto (e os ETFs como um todo) como uma excelente solução, transparente e líquida para investimentos, mas, no momento, o Nubank não tem planos de lançar um ETF de Bitcoin ou criptomoedas, no curto prazo.

Kikuchi afirmou que o Nubank vê uma oportunidade significativa nos ETFs, observando o crescimento desse mercado ao longo dos últimos 20 anos nos Estados Unidos e no Brasil, sendo que o mercado global de ETFs atingiu 12,6 trilhões de dólares em maio de 2024.

"Vemos uma oportunidade enorme no mercado brasileiro. Nos últimos 10 anos, o mercado brasileiro de ETFs cresceu de 10 bilhões para 20 bilhões de dólares, com um crescimento anual de 7%. Embora ainda pequeno comparado ao mercado americano, acreditamos que o mercado brasileiro de ETFs está na mesma trajetória de crescimento que o mercado americano estava há 20 anos. É nesse potencial que queremos investir e dar mais musculatura para o crescimento desse mercado aqui no Brasil.

Ele também apontou que o mercado de capitais e de investimentos no Brasil, especialmente em fundos de investimentos, é um dos principais do mundo, com um crescimento significativo, alcançando mais de 9 trilhões de reais nos últimos anos, mesmo diante de percepções negativas e listou 4 gatilhos para o crescimento do mercado de ETFs no Brasil.

  • A evolução da regulamentação, com as CVMs 175 e 179, traz mais transparência e segurança para os investidores, essencial para o crescimento dos ETFs.
  • A digitalização das plataformas de investimentos torna as informações mais acessíveis e facilita o acesso aos ETFs, antes restritos à B3.
  • A participação crescente dos investidores institucionais nos ETFs é impulsionada pela eficiência em termos de custos e liquidez.
  • Com o aumento da eficiência do mercado de capitais, a busca por alfa, o diferencial de desempenho dos gestores ativos, torna-se mais difícil, mas os ETFs podem competir de maneira eficiente nessa busca.

Nu Asset

Segundo Kikuchi, o Nubank criou a Nu Asset para construir produtos e soluções de investimento com a 'cara' do Nubank e para atender uma demanda dos clientes do banco. A operação foi lançada em 2018, aprovada pela CCVM e depois reestruturada em 2020 quando começou a trazer os primeiros produtos de investimentos.

"Em 2021, criamos a nossa primeira solução de investimento: uma família de fundos intitulada Seleção. Em março de 2021, constituímos essa família de fundos de rotação, com três fundos, cada um destinado a um perfil de investidor. Foi um começo simples: três fundos para três perfis de investimento. Desenvolvemos outras estruturas, como fundos de fundos, incluindo a nova família Violeta, com fundos de renda fixa, crédito privado e reserva, além de fundos soberanos com perfil de menor risco", disse.

Kikuchi destacou ainda que em setembro de 2023, o Nubank expandiu as soluções de investimentos para além do universo do banco, entrando no universo de ETF, acessível a todos os investidores no Brasil, seja pelo aplicativo Nubank Invest, corretoras, ou outras plataformas de investimento.

"O lançamento dos ETFs foi a nossa primeira entrada no mercado como um todo, acessando todos os investidores no Brasil de forma ampla. Lançamos dois ETFs focados em dividendos, incluindo o NDB11, o primeiro ETF que distribuía dividendos no Brasil. Em 2024, continuamos com um forte foco na distribuição de dividendos, uma demanda que recebíamos com frequência de nossos milhões de clientes, especialmente investidores pessoas físicas", afirmou.

Com esta estratégia a Nu Asset chegou ao sexto lugar entre as gestoras no número de cotistas, com mais de 1,5 milhão de cotistas, "Usamos isso como referência para o crescimento e desenvolvimento dos nossos fundos e soluções, especialmente quando falamos de FFs (fundos de fundos)", disse.

O executivo do Nubank tambem destacou que a Nu Asset conta com 4 famílias de fundos com cerca de R$ 3,5 bilhões de ativos em gestão, divididos em fundos de crédito, fundo de ações, que inclui uma oferta pública de fundos de debêntures incentivadas; soluções de portfólio, como os ETFs ou fundos de alocação, exemplificados pelo Seleção.