Sérgio Moro, principal juiz da Lava Jato e nomeado Ministro da Justiça pelo presidente Jair Bolsonaro, pediu demissão hoje, 24 de abril, de seu cargo no Governo Federal, por divergências com o Presidente da República com relação a nomeação do Diretor Geral da Polícia Federal. O pedido de Moro fez o dólar disparar no Brasil e, no momento da escrita a moeda americana está sendo cotada a R$ 5,71 impulsionando o preço do Bitcoin acima de R$ 41 mil no país.
Moro já vinha em 'combate' com o presidente desde o ano passado por conta de divergências na condução de pasta e, principalmente na Polícia Federal que investigava o envolvimento da Família de Bolsonaro com a Milícia do Rio de Janeiro e da possível relação dos filhos do presidente com a morte da vereadora Marilene Franco.
Além disso, há sobre a família do presidente a acusação de que há um "gabinete do ódio", dentro da Presidência da República, para difundir fake news e incentivar atos contra a democracia. Atualmente o STF analisa uma investigação da Polícia Federal sobre o caso.
O ponto final que culminou com o fim da relação entre ambos foi a demissão de Maurício Valeixo, Diretor Geral da PF e tido como braço direito de Moro, fato inclusive relatado por Moro na entrevista coletiva concedida concedida às 11h hoje, (24).
"Não há uma causa para a demissão de Valeixo o que sugere que há uma interferência polícia na gestão da Polícia Federal (,,,) isso não aconteceu nem mesmo durante as investigações da Lava Jato onde os governantes eram extremamente corruptos e investigados pela PF (...) O presidente me disse ainda que vai trocar superintendente da PF, inclusive no Rio de Janeiro e Pernambuco sem que me apresentasse uma causa aceitável para estas substituições", disse Moro alegando que a decisão do presidente impacta em todo o trabalho da Polícia Federal.
Ainda segundo Moro, ao conversar com o Presidente sobre um interferência política na Polícia Federal, o presidente declarou:
"Sim, isto é uma intervenção política"
Moro declarou ainda que em caso de substituição que fosse colocado no lugar de Valeixo um nome indicado pela Polícia Federal, e que isso também não foi atendido pelo presidente que fez questão de ter uma pessoa do lado dele.
"Ele disse que queria ter uma pessoa do lado dele, que ele pudesse ligar e pegar informações e ter acesso aos relatórios de inteligência da Polícia Federal e isso não é papel da Polícia Federal. Imagine se o Lula ou a Dilma tivesse feito isso durante suas gestões então não teríamos a Lava Jato. Preservar a autonomia da Polícia Federal é fundamental (..) enfim, o grande problema não é quem entra, mas porque entra, pois ele tem que conseguir dizer Não ao presidente pois fico em dúvida se ele vai conseguir dizer não a outros temas", destacou Moro sugerindo intervenção nas investigações sobre a família do presidente.
A decisão de Moro levou o dólar a subir novamente no Brasil e fez a Bolsa cair mais de 6%, durante a publicação desta reportagem. Isso contudo fez o Bitcoin subir mais de 3% no Brasil, impulsionado pelo alta do dólar, e,no momento da escrita o preço do BTC está em R$ 41.441,62, segundo dados do Cointrademonitor, uma valorização de mais de 1% em relação ao mercado internacional que vê o Bitcoin com alta de 2%.
A saída de Moro joga mais luz na crise de governança que vive o Governo Federal que enfrenta dificuldades no controle ao avanço do coronavírus no país. Bolsonaro recentemente mandou embora Luiz Henrique Mandetta, que era o Ministro da Saúde e vinha defendendo isolamento social em contraponto a Bolsonaro que defende que o comércio seja aberto.
Moro também afirmou que não assinou a demissão de Valeixo ao contrário do que foi publicado no Diário Oficial da União, ou seja, sugerindo que houve uma fraude na publicação no DO ou uma manipulação da própria Presidência da República. O ex-ministro também declarou que Valeixo não pediu demissão, contrariando novamente Bolsonaro que afirmou que o ex-diretor tinha pedido demissão.
Segundo analistas o mercado financeiro, já abalado pela crise do coronavírus, está prestes a 'encerrar' o namoro com o Governo Federal tendo em vista as recentes decisões do presidente que vem jogando mais fogo na instabilidade econômica do país. A intervenção na Polícia Federal não foi vista com bons olhos pelo mercado que teme também um acirramento do discurso de Bolsonaro em favor de uma atuação 'militar' mais forte na condução do país.
Bolsonaro recentemente participou de um ato que pedia a volta do AI5 e da Ditadura Militar, lavando o Exército a condenar a manifestação e garantir que há um compromisso do Exército com a democracia. Moro declarou também que ainda não tem claro o que deve fazer e que vai usar o período para pensar em seu futuro e descançar.
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