No dia 14 de junho, a empresa de segurança Elliptic publicou o relatório “Prevenindo crimes financeiros com Criptoativos”. O relatório avalia casos onde os ativos digitais são ou podem ser usados para lavar dinheiro, e o metaverso é um deles. De acordo com a Elliptic, o “metaverso apresenta riscos de crimes financeiros”.
Potencial de crescimento
O metaverso ainda é pouco utilizado por entusiastas do mercado de criptomoedas. Dados do DappRadar apontam que as plataformas Decentraland e Sandbox, somadas, registraram 2.870 endereços únicos ativos nos últimos sete dias. A baixa utilização rendeu publicações em veículos da mídia mainstream, como o Business Insider, declarando a morte do metaverso.
Em seu relatório, no entanto, a Elliptic afirma que espera um crescimento substancial no engajamento de usuários nos universos virtuais. A empresa menciona ações de publicidade conduzidas dentro do metaverso por empresas como Adidas, JPMorgan, Samsung e Gucci. Além disso, foi citada a previsão da Citi de que o universo virtual pode ser uma oportunidade de US$ 13 trilhões para as empresas.
“Contudo, a emergência do metaverso também apresenta riscos de crimes financeiros”, destaca o relatório. “Apesar de casos criminosos envolvendo o metaverso ainda serem poucos, conforme o ramo cresce, também aumentam os riscos de que atores podem lavar dinheiro através do espaço virtual, ou cometer crimes”, acrescenta.
Lavagem de dinheiro pelo metaverso
Os crimes apontados pela Elliptic vão desde fraude até o uso do metaverso para lavar dinheiro. Alguns métodos que podem ser utilizados é trocar fundos obtidos através de meios ilícitos por itens digitais, como terras digitais no metaverso, itens cosméticos ou até mesmo os tokens usados nesses ecossistemas.
“Um criminoso possui Ether [ETH] que ele gerou através de um crime. Ele troca os fundos em uma DEX [exchange descentralizada] e obtém tokens ERC-20, que podem ser negociados dentro do ambiente de um metaverso. O criminoso usa os tokens ERC-20 para comprar itens no metaverso, como wearables, e então vende esses itens por tokens ERC-20, recebendo tokens ‘limpos’ e novos”, descreve a empresa de segurança.
Após obter tokens teoricamente lícitos, o criminoso pode negociá-los por outros criptoativos em uma exchange descentralizada. Uma forma de identificar o crescimento dessa tendência, segundo a Elliptic, é monitorar o volume de negociações de ativos digitais por tokens usados em metaversos dentro de plataformas descentralizadas.
Outros crimes
O crescimento do metaverso, além de facilitar a lavagem de dinheiro, também pode dar espaço para outras práticas criminosas, destaca o relatório. Golpes com tokens não-fungíveis (NFTs) falsos e hacks são alguns dos mais comuns. Outros crimes apontados pelo relatório são tráfico de drogas, venda de dados e financiamento de causas terroristas.
“Comerciantes da darknet podem criar veículos ilícitos no metaverso para vender drogas, ou outros itens ilícitos, como dados roubados de cartões de créditos [...] Organizações terroristas e extremistas podem estabelecer presença no metaverso para angariar fundos, através da compra e venda de itens digitais.”
Um dos indícios que aponta uma possível escalada dessas práticas em universos virtuais é o crescimento de volumes denominados em tokens de metaversos enviados para exchanges descentralizadas. É necessário, contudo, que os fundos sejam enviados para mixers de criptomoedas após a negociação, bem como a interação com carteiras vinculadas a entidades criminosas.
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