Na semana passada, foi concluído o Buildathon da DIGIFI, que focou em soluções envolvendo o Drex. O projeto Mercado Barter, criado pela Mobiup, venceu o desafio ao propor um sistema de tokenização de Cédulas de Produto Rural (CPR) usando a estrutura do Drex. Rodrigo Caggiano, Diretor de desenvolvimento de produtos da Mobiup, falou com o Cointelegraph Brasil sobre o papel da tecnologia blockchain para resolver dores reais.
Solucionando problemas do agro
Uma CPR é um título comumente usado por agricultores, que representa a promessa de entrega futura de um produto. Sua principal utilidade é facilitar o crédito para produtores rurais que, com valores adiantados, conseguem preparar o plantio e a colheita. De acordo com a Mobiup, existem R$ 13 bilhões em valores a serem capturados por esta solução.
A startup salienta, porém, que esse modelo tem problemas significativos. Em seu pitch oferecido para o Buildathon DIGIFI, organizado pela Ethereum Brasil e o Blockchain Rio, a Mobiup aponta que o primeiro problema é a indivisibilidade da CPR, que obriga o produtor a comprar produtos de apenas um distribuidor, limitando seu poder de negociação. Além disso, outro problema está nas taxas praticadas: apesar da estipulação em lei da aplicação de 1% de taxa sobre o custo dos produtos, a taxa normalmente praticada é de 4%.
“Nós buscamos na internet sobre barter, e vimos que a Mitsubishi tem um site focado nisso. Conversamos, então, com um especialista em agro para entender as dores reais do mercado. Foi daí que surgiu a ideia por trás do Mercado Barter”, conta Caggiano.
Para solucionar os problemas mencionados no pitch, a Mobiup propõe a tokenização da CPR do agricultor, utilizando a infraestrutura do Drex. Os tokens gerados podem, então, ser negociados em uma plataforma que reúne distribuidores de insumos, instituições financeiras e empresas que podem negociar os tokens gerados.
Estrutura do Mercado Barter
Programabilidade do dinheiro
Com a divisão em tokens, o produtor rural fica livre para negociar com diferentes distribuidores, buscando valores mais atrativos. A plataforma garante também que a taxa de 1%, prevista em lei, seja efetivamente praticada.
Outra vantagem na utilização da estrutura do Drex é a programabilidade das negociações através de contratos inteligentes. Em uma operação de compra de insumos com a CPR tokenizada é possível, por exemplo, mover os tokens para fora da carteira do produtor e mantê-los travados em um contrato. O distribuidor receberá o pagamento somente após a comprovação de entrega do produto, em um modelo delivery versus payment.
Além do Drex, o projeto também foi desenvolvido pensando em seu uso na LaChain, blockchain idealizada pela Ripio e com foco na América Latina.
Esquema exibindo como uma transação ocorre no Mercado Barter
“O Mercado Barter tem a ver com o que a Mobiup tem feito, que é buscar soluções para problemas existentes, e não criar problemas para as soluções”, avalia Caggiano. “Nossas plataformas melhoram a eficiência de processos reduzindo os intermediários, que é a beleza do mundo on-chain”, conclui.
Leia mais: