Tentando repetir a ascensão meteórica de sua carreira como jogador, Adriano Imperador, ex-Flamengo e seleção brasileira, entrou no mercado cripto com o lançamento do Imperador Token (IMPERA).

Mesmo com a participação ativa do craque na campanha de marketing e apelos à sua origem humilde na Vila Cruzeiro, bairro da Zona Norte do Rio de Janeiro, a estreia do Imperador no universo das criptomoedas fracassou.

Disponibilizado para negociação em 3 de julho na Binance Smart Chain (BSC), o token disparou mais de 9.000% quatro horas após o lançamento, mas a alta não se sustentou nem mesmo por 24 horas.

Com baixa liquidez, alta concentração de tokens em poucas carteiras e engajamento limitado da comunidade, o IMPERA caiu 83% desde o lançamento, em um movimento característico de rug pulls – golpes em que os desenvolvedores despejam suas participações sobre o varejo.

Criptomoedas, Brasil, Futebol, Memecoin
Gráfico de 1 hora IMPERA/USD. Fonte: DexScreener

Com um suprimento total de 1 bilhão de unidades, a capitalização de mercado do IMPERA registrou um pico de US$ 5,7 milhões seis horas após o lançamento, quando atingiu o preço recorde de US$ 0,005715, e o volume negociado chegou a US$ 184.000.

Atualmente, está reduzida a US$ 969.000, com um volume de negociação médio de US$ 100 por hora, de acordo com dados do DexScreener.

Dados do BSCScan mostram que o suprimento total do token está distribuído entre apenas 194 carteiras, que realizaram um total de 3.148 transações.

Em uma aparente tentativa de simular distribuição mais justa, o principal detentor do IMPERA possui 5% do suprimento, enquanto outras 16 carteiras detêm de 4,9% a 2,7% dos tokens sem jamais tê-los movimentado.

Assim como o preço, a atividade declinou de forma constante desde o lançamento e atualmente é praticamente irrisória, conforme o gráfico abaixo.

Originalmente, o IMPERA seria implementado na blockchain da Solana (SOL), mas na última hora o projeto migrou para a BSC, gerando inclusive um atraso no lançamento. Segundo o BSCScan, explorador de blocos da rede, o contrato do token não foi submetido a auditorias certificadas.

Imperador Token lembra trajetória do STAR10 de Ronaldinho Gaúcho

Seguindo a cartilha de seu ex-companheiro de seleção, Ronaldinho Gaúcho, Adriano Imperador lançou seu token oficial com promessas de utilidade real, transformação social, engajamento e inovação, com foco no desenvolvimento de ações a longo prazo.

Em sua página oficial, o “token oficial do Didico” é apresentado como um projeto criado para celebrar a carreira de Adriano e ao mesmo tempo promover ações sociais na Vila Cruzeiro, bairro na Zona Norte do Rio de Janeiro, onde o ex-jogador nasceu e deu seus primeiros passos no futebol.

O white paper apresenta um roadmap com iniciativas para incentivar projetos sociais focados em esportes, educação e cultura e, em paralelo, o desenvolvimento de games, coleções de NFTs (tokens não fungíveis) e interatividade no metaverso.

No entanto, ao contrário do STAR10, que gerou repercussão nas redes sociais – inclusive uma manifestação do fundador da Binance, Changpeng Zhao, alertando para os riscos do investimento no token –, o IMPERA passou praticamente despercebido.

O token de Ronaldinho Gaúcho levou uma semana para desvalorizar 97% em meio a anúncios da equipe para tentar recuperar o interesse e a confiança dos investidores, conforme noticiado pelo Cointelegraph Brasil na ocasião.

Já o perfil oficial de Adriano Imperador não divulgou qualquer publicação após o lançamento do token, enquanto conta do Imperador Token limitou-se a repostar conteúdos de terceiros.