Nesta quarta-feira (13), o MB Research, braço de pesquisas do Mercado Bitcoin, divulgou as dez teses que devem guiar o mercado de criptomoedas em 2024. A lista inclui aumento no número de hacks, avanços regulatórios e o cenário de ETFs de criptomoedas nos Estados Unidos.

“Em 2024, veremos uma combinação de elementos positivos que raramente acontece nos mercados. No caso do Bitcoin, teremos a soma de aumento na demanda, com os ETFs à vista e com queda na oferta por causa do halving. É difícil ir contra a lei de oferta e demanda. O mesmo fenômeno deve se repetir com o Ethereum, já que é uma questão de tempo para o mercado criar um ETF à vista de ETH e que a criptomoeda continuará se tornando mais escassa por causa do Merge de setembro de 2022 e do aumento do uso da rede no ano que vem”, explica André Franco, head of research do Mercado Bitcoin.

Fluxo bilionário

A primeira tese que os analistas do MB Research acreditam guiara os rumos do mercado no ano que vem é o aumento na busca por Bitcoin (BTC). A estimativa é que US$ 10 bilhões a US$ 20 bilhões sejam destinados à compra de BTC por parte das gestoras organizando ETFs.

Em 2023, a expectativa em torno da aprovação do primeiro ETF ligado ao preço à vista do Bitcoin dominou o mercado. Analistas do MB Research estimam que a tão aguardada aprovação ocorrerá entre janeiro e março de 2024.

Com a aprovação dos ETFs, a entrada de players como a BlackRock, maior gestora de recursos do mundo, com US$ 14 trilhões sob administração, pode elevar o fluxo para Bitcoin em algo entre US$ 10 bilhões e US$ 20 bilhões nas primeiras 4 semanas após a aprovação, calcula a equipe de pesquisas do Mercado Bitcoin.

ETF de ETH aproveita o embalo

A aprovação do ETF de Bitcoin está ligada à segunda tese que o MB Research acredita ser forte para o ano que vem, que é a aprovação de um ETF ligado ao preço à vista de Ethereum (ETH). 

O aval da Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC, na sigla em inglês) pode animar as gestoras, incentivando pedidos de ETFs de outros ativos. Na visão do MB Research, o Ethereum é o candidato mais provável.

Em novembro, a BlackRock anunciou o interesse em lançar um ETF à vista de ETH na Nasdaq. Pelos cálculos do MB, uma aprovação desse veículo de investimento pode ocorrer até julho de 2024. 

O aumento na demanda poderá levar a uma valorização do ETH de 32,3% em 2024, estima o MB Research. Esse impacto positivo se estenderia até 2026, pelo menos, com uma alta acumulada até lá de 82,7%, apenas devido à inauguração desse instrumento de investimento.

Ano do halving

A redução de Bitcoins emitidos a cada bloco minerado é um evento conhecido como halving, e que ocorre a cada quatro anos. O próximo halving está previsto para ocorrer em abril de 2024, cortará pela metade a emissão de BTC, resultando em 3,125 BTC por bloco.

Os analistas do Mercado Bitcoin avaliaram o comportamento de preços do BTC nos últimos dois ciclos de halving, e identificaram que a criptomoeda quebrou seus recordes anteriores de preço num intervalo entre seis e sete meses depois do corte da recompensa dos mineradores. Com isso, o BTC pode superar os US$ 70 mil até outubro do ano que vem.

Escassez de ETH

Avaliando a oferta e demanda de grandes criptoativos em valor de mercado, os analistas do MB Research identificaram um possível marco para o Ethereum. Quando o evento ‘The Merge’, que alterou o modelo de consenso da rede para prova de participação, completar 500 dias, será possível definir com mais clareza a oferta de ETH no mercado.

Além disso, a tese inclui que o Ethereum continuará sendo o maior detentor de valor total alocado (TVL, na sigla em inglês) do mercado. Voltando ao fluxo do criptoativo, 9,4% de toda a oferta de ETH está em aplicações de rede atualmente.  

Atividade nas segundas camadas

O surgimento e ascensão das blockchains de segunda camada do Ethereum marcaram o ano de 2023. Essas redes não só devem continuar populares em 2024, como também ganharão mais força, avaliam os analistas.

Caso isso ocorra, a estimativa é que o TVL total das blockchains de segunda camada criadas sobre o Ethereum pode crescer mais de 100%: passando de US$ 14,5 bilhões em novembro de 2023 para US$ 33,6 bilhões em 2024. Para calcular o valor, foi considerada a cotação média de US$ 3.500 para o ETH.

Renovação no mercado

Ao longo de 2023, reguladores ao redor do mundo, principalmente nos Estados Unidos, endureceram o discurso contra players que consideram ‘maus atores’ do mercado cripto.

Em novembro, o fundador da FTX, Sam Bankman-Fried, foi considerado culpado das sete acusações que pesavam contra ele, o que pode resultar em 100 anos de prisão. 

Já a Binance e o seu fundador, Changpeng Zhao, admitiram a culpa por crimes como facilitação de lavagem de dinheiro, e aceitaram pagar uma multa de US$ 4,3 bilhões. Esses movimentos tendem a estimular a entrada de investidores institucionais em 2024, diz a equipe de pesquisas do Mercado Bitcoin.  

Cenário regulatório no Brasil

O Marco Legal dos Criptoativos deve ser colocado totalmente de pé em 2024 pelo Banco Central, que mantém um diálogo estreito com as associações e empresas do setor. 

Nesse cenário, o MB Research vê um aumento da segurança para as empresas atuarem no Brasil, onde a popularidade dos ativos digitais cresce rapidamente, principalmente após os avanços feitos pelo Banco Central no Drex.

Explosão dos jogos Web3 

O setor de jogos recebeu US$ 6 bilhões em investimentos entre 2020 e 2023. Um bom jogo, contudo, leva de três a cinco anos para ser finalizado, aponta o MB Research.

Por isso, a estimativa dos analistas é que o primeiro grande jogo do setor fique pronto em 2024, e seja também o primeiro a atingir o patamar de US$ 10 bilhões em receita.

Tokenização de ativos reais

O setor de tokenização de ativos reais (RWA, na sigla em inglês) ganhou tração em 2023. Apenas nos Estados Unidos, a indústria de RWA cresceu 575% neste ano, totalizando US$ 769,9 milhões.

A equipe de análise do MB estima que o mercado global de RWAs atinja US$ 6 bilhões até o fim de 2024, o que equivale a uma alta de 300%. O MB Research aponta que a tokenização de ativos reais, fungíveis ou não, é um mercado praticamente infinito, por permitir o fracionamento de bens que eram inacessíveis até então a investidores não qualificados. 

Aumento em hacks e exploits

A esperada valorização das criptomoedas em 2024 pode ter, como ponto negativo, a atenção redobrada de hackers. 

A estimativa do MB Research é que os ataques executados em 2024 superem o total roubado em 2022, quando hackers extraíram US$ 3,8 bilhões em invasões envolvendo plataformas de criptoativos. 

A cifra, estimam os analistas, pode chegar a US$ 4 bilhões no ano que vem, com uma média de 22 ataques por mês.