Os recentes dados informados pela Receita Federal do Brasil e compartilhados com o Cointelegraph, revelaram o tamanho do mercado de negociação de criptoativos no país que, durante agosto de 2019 e fevereiro de 2020, movimentou quase R$ 100 bilhões em transações com criptomoedas e também revelou a importância dos comerciantes p2p e das mesas de OTC no mercado nacional.
Segundo os dados da Receita Federal, somente neste tipo de negociação, que ocorre fora dos orders book das exchanges e entre usuários, movimentou cerca de R$ 8.073.799.596. Porém o dado por ser ainda maior segundo especialistas tendo em vista que há vendedores p2p que ainda não informam os dados a Receita Federal.
O mercado de negociações de Bitcoin p2p sempre foi muito forte no Brasil e inclusive originou uma das principais exchanges do país, a Foxbit, que foi fundada por João Canhada, um dos principais vendedores p2p do país em 2013/2014.
"No final de 2013, havia pouco mais de 3 mil membros na comunidade do Facebook (do Bitcoin), e tudo era um aprendizado contínuo, que exigia que todos fôssemos autodidatas, já que não havia fontes seguras de informação. As pessoas negociavam bitcoin por chat, depositavam na conta do vendedor, e recebiam os bitcoins. No entanto,havia muitos golpes com pessoas que pagavam, mas não recebiam os seus devidos bitcoins. Foi o problema que passei a explorar.
Eu mesmo comecei a comprar o bitcoin em algumas corretoras, anunciava na comunidade o meu preço já com uma taxa de serviço embutida, e negociava absolutamente tudo pelo Facebook. Eu era uma fonte confiável, pois usava meu perfil oficial, como foto da minha mãe, namorada, do meu cachorro. As pessoas se sentiam seguras pra negociar comigo, e ali começou minha vida de vendedor p2p de bitcoins.
Minhas vendas aumentaram muito, e comecei a ter que recusar algumas por falta de capital de giro. Procurei alternativas, já que obviamente os bancos não iriam me emprestar, mas, por uma sorte do destino, descobri uma plataforma incrível chamada BTCJAM, de um brasileiro chamado Celso Pitta, um peer-to-peer lending global usando criptomoedas.
Eu anunciava meu pedido de empréstimo, e qualquer pessoa no planeta que tivesse bitcoin poderia me emprestar, vinculado a uma moeda de paridade escolhida, que no caso era o dólar. Eu então adicionava uma taxa de juros sugerida, que na média era 4% ao mês, e, se as pessoas concordassem, elas poderiam investir em meu pedido", revelou Canhada.
O mercado de p2p, vem atraindo cada vez mais usuários tanto a exchange brasileira Bitcointoyou que fez uma parceria com a parceria com a Binance para oferecer esta modalidade de negociação para seus clientes.
“Essa parceria visa democratizar ainda mais o acesso de brasileiros e europeus às criptomoedas”, afirmou Andre Horta, fundador da exchange. “As pessoas terão mais facilidade para comprar e vender criptomoedas. Sendo que o fato de não ter intermediadores também irá baratear os custos da operação”, completou.
Recentemente os vendedores p2p do Brasil foram acionados por hackers que roubaram R$ 30 milhões da conta corrente da Gerdal, no Santander, e tentaram comprar, com o dinheiro, Bitcoins no mercado p2p nacional, contudo, acionado pela empresa o banco bloqueou todas as transações.
Confira a íntegra do relatório da Receita Federal
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