A tokenizadora brasileira Liqi integra duas das 34 propostas de casos de uso recebidas nos últimos dias pelo Banco Central para o Projeto-Piloto da Plataforma do Real Digital (Piloto RD). As inscrições terminaram no último dia 12 e o Comitê Executivo de Gestão (CEG) da instituição monetária deverá anunciar nos próximos dias os nomes dos 10 projetos selecionados, número que pode chegar a 20.
"Dada a complexidade desse ambiente, é muito importante haver regras e procedimentos bem definidos e transparentes. Assim, todos os participantes poderão buscar atingir os objetivos do Piloto RD trabalhando de forma cooperativa sob a coordenação do Comitê Executivo de Gestão (CEG)", destacou o membro do Departamento do Meio Circulante (Mecir) do BC, Bruno Batavia.
Pelo que informa o VOTO 73/2023–BCB, “o Piloto RD envolverá a adoção de uma plataforma com base em DLT, que deverá suportar o registro de ativos (pré-determinados) de naturezas distintas (multiativo), bem como as transações entre eles.”
Ainda segundo o documento, para esse projeto-piloto, previsto para durar seis meses, “serão empregados os seguintes ativos: moeda de banco central oriunda de Contas Reservas Bancárias, de Contas de Liquidação, e da Conta Única do Tesouro Nacional); depósitos à vista mantidos em instituições financeiras bancárias e em cooperativas de crédito; moeda eletrônica, na forma da Lei nº 12.865, de 9 de outubro de 2013; e Títulos Públicos Federais.”
Em relação à Liqi, a tokenizadora entrou como empresa parceira de duas empresas distintas.
“A liqi entrou apoiando duas candidaturas, que têm muito a ver com o teste que o Banco Central quer fazer, que é tokenizar título do Tesouro Direto. Ambas as empresas têm muita experiência com títulos do Tesouro Direto no dia a dia, são duas instituições financeiras reguladas pelo Banco Central. O que a gente quer é participar do piloto, ajudar a construir essa nova infraestrutura e obviamente fazer todos os use cases [casos de uso] que o Banco Central sugeriu no regulamento”, disse o CEO da Liqi, Daniel Coquieri, sem revelar o nome das empresas.
A estratégia da Liqi, detentora da tecnologia, em se juntar às empresas está relacionada a outros requisitos estabelecidos no regulamento, entre eles a participação obrigatória na Rede do Sistema Financeiro Nacional (RSFN), o enquadramento dos tipos de transações a serem simuladas nos modelos de negócios dos proponentes, histórico de implementações tecnológicas realizadas no Sistema Financeiro Nacional (SFN), experiência com a tecnologia de registro distribuído (DLT) e com a Máquina Virtual Ethereum (EVM).
Coquieri avaliou que, em seu entendimento, “o use case que o Banco Central vai testar agora no piloto do Real Digital é um só, que ele mesmo definiu, a negociação de um título do Tesouro Direto tokenizado entre duas instituições financeiras e dentro desse use case grande haverá outros use cases menores.”
“O Banco Central vai testar todos, são vários uses cases dentro de um grande. Então, tokenizar um Título de Tesoro Direto é um use case, tokenizar um depósito à vista é outro use case, negociação entre CBDCs, troca do Real Digital via título do Tesouro tokenizado, então são vários use cases dentro de um principal”, explicou.
Em relação aos critérios de escolha, o Banco Central informou que “a seleção buscará assegurar a diversidade dos participantes” levando em conta: tipo da instituição, banco comercial, banco de investimento, cooperativa, instituição de pagamento, infraestrutura de mercado financeiro (IMF), fintechs de crédito etc, e tipo de transações que as candidatas se propõem simular.
Embora seja focada inicialmente em transações envolvendo instituições financeiras, a CBDC brasileira (moeda digital emitida por banco central, na sigla em inglês) abre o um rol de possibilidades, entre elas as perspectivas de democratização de investimentos no Brasil, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil.