A Justiça brasileira determinou a suspensão do aplicativo de mensagens Telegram no país, após a empresa não fornecer dados completos à Polícia Federal (PF) em relação a uma investigação envolvendo neonazistas. A decisão, que busca garantir a segurança e a ordem pública, pode afetar milhões de usuários que utilizam a plataforma no Brasil.
A Polícia Federal solicitou informações detalhadas sobre grupos neonazistas que estariam utilizando o aplicativo para coordenar ações e disseminar ideias extremistas. No entanto, o Telegram não entregou todos os dados solicitados, o que levou a PF a recorrer à Justiça.
Segundo a justiça, a decisão judicial visa garantir a cooperação da empresa na investigação e proteger os cidadãos brasileiros de potenciais ameaças à segurança.
Além da suspensão a justiça brasileira determinou uma multa diária de R$ 1 milhão por dia pela recusa em fornecer os dados solicitados. Segundo a Diretoria de Inteligência da PF, as empresas de telefonia Vivo, Claro, Tim e Oi e o Google a Apple, responsável pelas lojas de aplicativos Playstore e App Store vão receber o ofício sobre a suspensão do Telegram ainda na tarde destas quarta-feira (26). O app deixou de funcionar no país na mesma noite.
O Telegram tem enfrentado críticas em diversos países por permitir que grupos extremistas e criminosos usem sua plataforma para promover atividades ilegais e prejudiciais. A empresa defende-se alegando que a privacidade dos usuários é uma de suas principais preocupações e que está comprometida em proteger a liberdade de expressão.
Grupos neonazistas
A Polícia Federal (PF) solicitou acesso aos dados de um grupo neonazista no Telegram após a investigação de um ataque a uma escola em Aracruz, que resultou na morte de quatro pessoas. O atirador, um adolescente de 16 anos, estava envolvido em grupos com conteúdo antissemita no aplicativo.
A PF requisitou informações sobre os administradores e membros do grupo para verificar possíveis conexões e a influência no crime ocorrido em Aracruz. A autoridade policial apontou que o menor infrator participava de grupos extremistas no Telegram, onde eram compartilhados materiais como tutoriais de assassinato, vídeos de mortes violentas, instruções para fabricação de explosivos e promoção de ódio a minorias e ideais neonazistas.
O Ministério da Justiça tem investigado a relação entre grupos extremistas e casos de violência escolar, a partir do incidente em Aracruz. No início de abril, o ministro Flávio Dino determinou a apuração de células que promovem o nazismo. Após um episódio de violência em uma creche em Blumenau, Dino afirmou que a PF identificou conexões entre grupos neonazistas e adolescentes influenciados a cometer atos violentos em escolas.
Segundo o ministro, as investigações revelaram a existência de grupos em São Paulo e Goiás que estariam recrutando adolescentes no Maranhão, todos com conteúdo antissemita.
Dino destacou que uma operação encontrou suásticas em bandeiras na residência de integrantes desses grupos, sediados em São Paulo e Goiás, que recrutavam jovens no Maranhão para praticar violência em escolas. A denúncia partiu dos próprios jovens, que relataram ser assediados pela internet.
No entanto, a decisão da Justiça brasileira destaca a importância do equilíbrio entre a privacidade dos usuários e a segurança pública. A suspensão do aplicativo no país pode afetar negativamente a comunicação de milhões de brasileiros que utilizam o Telegram para fins pessoais e profissionais. Além disso o aplicativo é um dos mais utilizados por investidores e projetos de criptomoedas.
LEIA MAIS