A Polícia Civil de Campinas investiga um suposto golpe da empresa de investimentos em Bitcoin Genbit contra investidores. A investigação foi matéria da afiliada da Rede Globo, a EPTV, em 23 de janeiro.

Segundo a matéria, clientes de todo o Brasil afirmam que sofreram um golpe da Genbit, que oferecia rendimentos garantidos altos por períodos longos, mas segundo eles "sumiu com o dinheiro".

Um dos clientes fez um aporte de R$ 26.000 em setembro de 2019, com promessa de retorno mensal de mais de R$ 3.500 por 36 meses. Segundo ele, a empresa não cumpriu nenhum dos meses de pagamentos prometidos no contrato assinado:

"Até hoje nada. Sempre postergando, postergando, investando desculpinhas daqui, dali... e até hoje, nada".

A reportagem do EPTV foi à sede da Genbit, mas ninguém quis atender à reportagem da afiliada da Rede Globo para falar em nome da empresa. Muitos investidores dizem que a única comprovação de investimento que possuem é o comprovante de depósito, pois não teriam chegado a assinar contrato com a Genbit.

Outras duas investidoras dizem que tiveram problemas com a plataforma já a partir do segundo mês. Logo depois, ela teria percebido que os clientes não estavam conseguindo sacar dinheiro da empresa. Logo depois, os saldos teriam sido convertidos no chamado Treep Token, um suposto token nativo da exchange que não é listado em nenhuma exchange.

A plataforma da empresa então também saiu temporariamente do ar, como noticiou o Cointelegraph Brasil, pois a Genbit diz não ter mais dinheiro para pagar os fornecedores.

Os clientes agora procuram a Justiça para tentar ressarcir parte do dinheiro investido. O Ministério Público Federal abriu uma ação civil pública pedindo bloqueio de bens no valor de R$ 1 bilhão da Genbit no fim de 2019.

Advogado da Genbit e a posição da empresa

O advogado da Genbit, Rainaldo Oliveira, também é ouvido na matéria:

"O que a empresa gostaria de dizer a todos os clientes é que este é um contrato em que não se negociou dinheiro por dinheiro, mas sim ativo digital com ativo digital. A suspensão das atividade se deu em função de uma ordem da Comissão de Valores Mobiliários e a empresa respeitou a ordem e parou. No que diz respeito aos ativos digitais em contrato, já foram todos antecipados nas carteiras digitais dos clientes. No que diz respeito à Genbit, a empresa que comprava os ativos digitais dos clientes, nós vamos deixar muito claro que todos os esforços estão sendo feitos para ela voltar a operar. E aqueles que tiveram algum problema técnico e não receberam nem os seus ativos digitais, por favor nos procurem, que a gente vai criar um protocolo para que a gente possa regularizar a situação."

A conversão dos saldos dos clientes em Treep Tokens é polêmica, pois supostamente converte um ativo com alta liquidez, no caso os Bitcoins nos quais os clientes investiram, em um ativo desconhecido e que não tem nenhuma liquidez fora da plataforma da Genbit.

A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo informou na matéria que um inquérito foi instaurado no 4º Distrito Policial para "apurar eventual crime contra o sistema financeiro nacional". "O procedimento está em trâmite, com diligências sendo realizadas pela equipe. Vítimas foram ouvidas e os responsáveis legais pela empresa, intimados para prestarem depoimento", diz a SSP.

Segundo o Cointelegraph Brasil apurou junto à reportagem do EPTV, nesta quinta-feira houve confusão na delegacia da Polícia Civil responsável pelo caso entre investidores frustrados e o advogado da Genbit, mas os policiais presentes evitaram o confronto.

Nesta semana, a empresa também declarou que o pagamento dos clientes não será em Bitcoin e culpou uma suposta "desvalorização" do Bitcon pelo atraso em seus saques.