Na busca de uma reestruturação de despesas o Bradesco, um dos principais bancos do Brasil, anunciou o fechamento de 1.100 agências até o final do ano.

O anúncio foi feito pelo presidente da instituição, Octavio de Lazari, que pretende, com o corte, economizar cerca de R$ 879 milhões.

Até outubro, segundo o Bradesco, 683 agências já tinham sido fechadas ou incorporadas em outras unidades de negócios.

"Muitas agências ainda serão transformadas em unidades de negócio, que têm um custo de 30% a 40% menor [do que as agências], por não contarem com gastos como de vigilante e carro forte, por exemplo, e que são de 20% a 30% mais eficientes, já que todos os funcionários estão dedicados a fazer negócio”, afirmou Lazari.

Lucro em queda

O movimento do Bradesco de readequação de gastos faz parte de uma reestruturação financeira que vem sendo demanda pela economia digital e pela queda no lucro da do banco.

Recentemente, o Bradesco divulgou que seu lucro recuou mais de 30% em 2020.

De janeiro a setembro o Bradesco acumula ganhos de R$ 12,7 bilhões, queda de 34,2% ante igual período do ano passado.

Porém este não foi um resultado "negativo" isolado já que a instituição financeira já vinha declarando, em pelo menos outras duas vezes consecutivas, uma queda em seus resultados

“Apesar de termos reduzido nossas despesas nos nove meses deste ano em relação a igual período de 2019, elas ainda estão muito elevadas. Precisamos ajustar a nossa corporação para uma estrutura de gastos adequada. Vamos cortar o mato alto até o final deste ano para, em 2021, começarmos a ganhar eficiências mais específicas de custos em cada área e setor”, afirmou o presidente do Bradesco.

Pix, Bitcoin e Economia Digital

Parte da proposta do Bradesco em reduzir custos e despesas está ligada ao aumento da competitividade no setor motivada pelo surgimento de 'alternativas' aos bancos, como Bitcoin e criptomoedas e também ao movimento de digitalização da economia com o "boom" das fintechs e bancos digitais.

Além disso, na medida que os principais projetos de estímulo a competitividade e a digitalização do dinheiro, desenvolvidos pelo Banco Central do Brasil, Pix e Open Banking, começam a se tornar realidade a necessidade do Bradesco de "repensar" sua atuação fica cada vez mais latente.

Dados recentes do Banco Central mostram que o Bradesco vem perdendo clientes ao longo dos últimos anos e a concentração de clientes nos cinco maiores bancos do país, Itaú Unibanco, Bradesco, Santander, Banco do Brasil e Caixa, estaria abaixo de 60%.

Mas não é só o cliente "de varejo" que o Bradesco vem perdendo, mas também investidores que vêm optando por plataformas independentes como XP, entre outras, ao contrário dos bancos tradicionais.

O mesmo vem ocorrendo com as "baleias" do mercado tradicional. 

Denominados no mercado como os "private banking" os milionários também estão deixando os bancos nacionais e optando por fintechs ou bancos digitais.

Neste segmento a fatia dos Top 5 do Brasil, no qual o Bradesco faz parte, caiu para 70%.

“Até agora, quase 4.000 pessoas saíram do banco, mas essa redução é praticamente natural. Normalmente temos um turnover [rotatividade de pessoal] médio anual de 7%, o que equivale a quase 7.000 pessoas. O que estamos fazendo é buscar eficiência com custos mais adequados”, disse o presidente do Bradesco.

Corta o 'físico' e investe no digital

Porém se por um lado o Bradesco vem fechando agências seus investimentos em tecnologia vem aumentando.

No ano passado por exemplo o Bradesco anunciou, via seu braço de investimentos, o Inovabra Ventures, R$ 400 milhões em recursos do próprio banco para o incentivo de startups e soluções digitais para o sistema financeiro.

Entre as empresas que já receberam investimentos está a empresa de softwares de blockchain R3, além da Semantix, que trabalha com big data, MarketUP, de softwares de gestão, Agrosmart, que possui uma plataforma de automação e monitoramento agrícola, entre outras.

Recentemente o diretor de Canais Digitais e Experiência do Cliente do Bradesco, Marcelo Frontini, afirmou que os bancos têm se preparado cada vez mais para o Open Banking e para a nova "economia dos dados".

Segundo ele, no Bradesco, 97% das transações já são realizadas em canais digitais, mas a pandemia acelerou a digitalização de operações mais complexas, que precisam do apoio dos colaboradores do banco.

Agora, ele acredita, um dos principais desafios do setor é a implementação de novos modelos e certificação digital para dar mais garantias aos clientes. 

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