A decisão do Federal Reserve de aumentar a taxa de juros dos EUA em 0,75% anunciada na última quarta-feira provocou uma queda nos ativos de risco, em particular as ações e o Bitcoin. O Federal Reserve busca, com a decisão, uma forma de estancar a subida da inflação, pressionando o excesso de crédito do mercado que vem desde o início da pandemia.
O Fed não tem sido tão agressivo assim há décadas. De fato, este foi o primeiro aumento de 0,75% desde 1994.
Fonte: Blake Davis
Na zona do euro, a principal economia do bloco, a alemã, tem previsão de crescimento de somente de -2%, colocando a Alemanha em recessão, algo que não acontece desde o a II Grande Guerra.
A inflaçnao em alta está tendo um efeito cascata significativo em toda a economia global. Como exemplo, vamos pensar nas taxas de hipoteca, que estão acelerando em ritmos históricos. Com o Fed não mais comprando US$ 40 bilhões/mês em títulos lastreados em hipotecas, as taxas de juros estão subindo rapidamente, segundo análises feitas pelo analista da Blockwareteam, Blake Davis. Em 16 de junho de 2022, a taxa média de hipoteca fixa de 30 anos era de 5,78% contra 2,93% em 17 de junho de 2021. Com as taxas médias de hipoteca de 30 anos dobrando no ano passado, os novos compradores de casas estão em uma posição difícil de pagar preços de imóveis historicamente altos.
Michael McDonough, economista da Bloomberg, escreveu no Twitter que as implicações para os compradores de casas no médio prazo é a insolvência dos seus financiamentos. No gráfico, podemos ver que os compradores de casas estão gastando 40% de sua renda disponível nos pagamentos do serviço da dívida de suas hipotecas.
Fonte: Twitter
Portanto, como resultado imediato ao aumento da inflação e taxas de juros nos EUA, as hipotecas se tornarão impagáveis até o final dessa década.
O segundo mais afetado, o mercado de ações
À medida que o Federal Reserve embarca em um regime de aperto monetário, elevando as taxas de juros para combater a inflação histórica, os preços dos ativos continuam a experimentar maior volatilidade e pressão negativa. As taxas de juros têm uma relação inversa com os preços dos ativos. Com as taxas de juros subindo em um ritmo rápido, temos oficialmente mercados de ações em baixa no S&P 500, Nasdaq-100 e no Russell 2000. Apenas o Dow Jones Industrial Average não atingiu o território oficial do mercado em baixa (preço abaixo de -20% ou mais dos máximos de 52 semanas), segundo dados extraídos da plataforma de análise financeira Tradingview.
Fonte: Tradingview
Na semana passada, o Dow fechou em queda de -4,8% e quase testou novamente os máximos pré-COVID. Este é um reteste monumental de um antigo nível de resistência, que se transformou em suporte no quarto trimestre de 2020 e no primeiro trimestre de 2021.
Se houver quebra abaixo desse intervalo, segundo analistas como Caleb Frazer estaremos oficialmente em uma tendência de baixa do mercado e continuaremos a declinar daqui para frente.
Bitcoin
Quase todos os indicadores macro para Bitcoin estão em mínimos históricos, sinalizando uma possível formação de piso. Muitos estão até negociando em níveis com pontos percentuais de um dígito do histórico anterior em níveis semelhantes. Com vários sinais de formação de piso piscando, a questão é: desta vez será diferente?
Após um mês volátil e desafiador em junho, os preços do Bitcoin começaram a se consolidar em torno do nível de US$ 20 mil que foi a última alta histórica (ATH) do último ciclo, dando aos investidores um momento para fazer uma pausa e refletir. Os preços foram negociados em alta esta semana, saindo de uma baixa de US$ 18.067 e subindo para uma alta de US$ 21.783.
O mercado de ativos digitais passou recentemente por um evento de desalavancagem generalizado, que levou muitas avaliações a mínimos considerados extremos, tanto no contexto histórico quanto estatístico. Um dos maiores bancos de investimento internacionais do mundo, o JP Morgan Chase & Co, acredita que a desalavancagem do setor de criptomoedas pode em breve parar. De acordo com Nikolaos Panigirtzoglou – Estratégia de Mercado Global do JPM – a desalavancagem já está em estágio avançado, segundo dados analisados também pela Glassnode.
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