Durante um painel realizado nesta sexta, 14, no Smart Summit no Rio de Janeiro, o Head de produtos de juros e moedas da B3, Felipe Gonçalves, destacou que o Brasil é um dos países mais desenvolvidos no mercado de ETFs de criptoativos.

Segundo ele, o país conta com reguladores que estão de olho nesse mercado, o que possibilitou a nação ser pioneira neste tipo de produto institucional para investimento em cripto.

“O Brasil foi um dos precursores, com um super trabalho entre B3, CVM e gestores, que viabilizou o lançamento dos primeiros ETFs de criptoativos em 2021. E pode-se dizer hoje que Brasil é um dos países mais desenvolvidos nesse tema”, disse.

Gonçalves também apontou que a B3, tem cerca de R$ 150 milhões em negociação de ETFs de cripto por dia. Atualmente há 19 fundos listados na bolsa brasileira com exposição em criptoativos.

“Já é um mercado bastante evoluído e com bastante liquidez. Frequentemente os ETFs de cripto aparecem entre os mais negociados na B3”, disse Gonçalves, ressaltando que há tanto pessoas físicas como investidores institucionais e estrangeiro investindo no mercado de ETFs cripto do Brasil.

Ele também destacou que o lançamento, no ano passado, dos contratos de futuros de Bitcoin na B3 foi um dos produtos com maior crescimento na bolsa, que já trabalha para lançar contratos futuros de Ethereum e Solana, ainda no primeiro semestre do ano. 

A B3 também planeja lançar contratos de opções de Bitcoin além da listagens de outros ETFs cripto.

“O mercado de opções é mais sofisticado e expande bastante a quantidade de estratégias, tanto para trader quanto para proteção das posições”, afirmou Gonçalves.

B3 e o mercado cripto

A B3, principal bolsa de valores do Brasil, tem demonstrado um crescente interesse e envolvimento no mercado de criptomoedas, tokenização e tecnologia blockchain nos últimos anos.

Em outubro de 2021, a B3 realizou a maior aquisição de sua história ao comprar a Neoway, uma empresa especializada em análise de dados e inteligência artificial, por R$ 1,8 bilhão. Essa aquisição visou expandir a atuação da B3 em novos segmentos da economia digital, incluindo o mercado de criptomoedas e a tokenização de ativos.

Além disso, no mesmo ano a bolsa iniciou a listagem de fundos de índice (ETFs) vinculados a criptomoedas, proporcionando aos investidores uma maneira regulamentada e acessível de investir nesses ativos.

O primeiro deles foi o Hashdex Nasdaq Crypto Index Fundo de Índice (HASH11), que busca replicar o desempenho de uma cesta diversificada de criptomoedas. Desde então, a oferta de ETFs na B3 expandiu-se significativamente, incluindo produtos como o BITH11, focado exclusivamente em Bitcoin, e o ETHE11, voltado para o Ethereum. Esses ETFs têm atraído um volume considerável de investimentos, evidenciando o interesse do mercado brasileiro em ativos digitais.

Em 2022, a B3 anunciou uma parceria com a IRB Brasil RE para desenvolver um sistema baseado em blockchain destinado à negociação de seguros. O objetivo era criar uma plataforma que permitisse transações mais rápidas e transparentes no setor de seguros, embora a implementação dependesse da aprovação dos órgãos reguladores.

Em junho de 2023, a B3 lançou uma nova plataforma para emissão, registro e negociação de ativos tokenizados, utilizando a tecnologia blockchain. A iniciativa teve início com a tokenização de debêntures, que foram emitidas e transferidas para carteiras digitais de instituições financeiras. Essa plataforma reforça a estratégia da B3 de inovar em seu negócio principal, oferecendo soluções seguras e eficientes para o mercado de ativos digitais.

Em abril de 2024, a B3 deu um passo significativo ao lançar contratos futuros de Bitcoin, permitindo que investidores negociassem a criptomoeda com liquidação financeira em reais. Essa iniciativa visou atender tanto investidores institucionais quanto de varejo interessados em se expor ao Bitcoin sem a necessidade de possuir o ativo diretamente.

A resposta do mercado foi positiva, culminando em novembro de 2024 com um recorde de R$ 10 bilhões em volume negociado em um único dia, correspondendo a 232.250 contratos futuros de Bitcoin. Esse marco coincidiu com eventos políticos internacionais, como a vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos EUA, que influenciaram a valorização do Bitcoin e, consequentemente, o aumento das negociações na B3. 

Já em dezembro de 2024, a B3 realizou a primeira negociação de um token representando um ativo do mundo real (RWA) na bolsa brasileira. Em parceria com a plataforma de investimentos Uinvex, foi tokenizado um contrato de investimento na empresa Saveon Energia, especializada em energia solar. A operação permitiu liquidação via Pix e ofereceu rastreabilidade e controle de titularidade por meio da tecnologia blockchain.