O Google entrou oficialmente na corrida das blockchains de Layer 1 com o anúncio do Google Cloud Universal Ledger (GCUL).

A revelação foi feita nesta terça, 26, por Rich Widmann, Head of Strategy Web3 da empresa, em uma publicação no LinkedIn.

A companhia descreveu o novo sistema como uma infraestrutura em escala planetária, construída ao longo de anos de pesquisa e desenvolvimento, capaz de atender desde instituições financeiras até grandes corporações globais.

Diferente de outras propostas recentes, o GCUL nasce com a promessa de neutralidade institucional. Widmann destacou que redes concorrentes podem sofrer resistência por estarem ligadas a empresas com interesses comerciais próprios.

O executivo citou, por exemplo, que a Tether dificilmente usaria a blockchain da Circle, assim como a Adyen provavelmente não escolheria a rede da Stripe.

Nesse contexto, o Google busca oferecer uma camada de infraestrutura onde qualquer instituição pode construir soluções de tokenização, pagamentos ou contratos inteligentes.

Blockchain do Google

De acordo com informações divulgadas, o Universal Ledger terá um testnet privado em sua primeira fase, diferentemente das concorrentes.

A Arc, blockchain da Circle, já confirmou um testnet público para este outono, enquanto a Stripe ainda não divulgou datas para sua rede chamada Tempo.

De acordo com o executivo, o grande diferencial do Google está na escala de distribuição. A empresa afirma que o GCUL poderá se apoiar em seus serviços de nuvem, anúncios e redes já existentes, alcançando bilhões de usuários e centenas de parceiros institucionais.

Ele destaca que esse alcance cria um efeito de rede que nenhuma outra blockchain corporativa conseguiria reproduzir no curto prazo.

Foco em finanças e contratos inteligentes

De acordo com a publicação, o Universal Ledger foi construído com um direcionamento claro: o setor financeiro.

A arquitetura permitirá a criação de contratos inteligentes programados em Python, linguagem amplamente usada em sistemas corporativos e acadêmicos. Além disso, a rede será compatível com bancos comerciais, garantindo que processos financeiros possam rodar on-chain de forma nativa.

Segundo Widmann, o CME Group, uma das maiores bolsas de commodities do mundo, já começou a explorar tokenização e pagamentos na nova blockchain. Esse primeiro caso de uso demonstra como a rede pode atender instituições tradicionais, que precisam de segurança, performance e escalabilidade para lidar com operações bilionárias.

A comparação com outras iniciativas do mercado mostra a estratégia do Google. A Stripe aposta em sua base de milhões de comerciantes e um volume processado de US$ 1,4 trilhão, com foco em pagamentos digitais. Já a Circle vê na sua blockchain Arc a chance de usar o USDC como ativo nativo, oferecendo liquidez e finalização de transações em segundos.

De acordo com Widmann, o Google, por sua vez, se apresenta como um jogador neutro, interessado em prover a infraestrutura de base para o sistema financeiro digital. A empresa defende que sua rede pode funcionar como uma infraestrutura universal, com suporte a mercados de capitais 24 horas, pagamentos expandidos e integração direta com serviços em nuvem.

O anúncio indica que os detalhes técnicos do GCUL serão divulgados nos próximos meses.