A G44 Brasil, empresa acusada de ser uma pirâmide financeira que prometia rendimentos garantidos por meio de um negócio que envolvia Bitcoin e pedras preciosas, foi condenada pela justiça e pode ter suas contas bancárias bloqueadas para ressarcir um cliente da empresa que não teria conseguido reaver seus valores, segundo decisão publicada em 09 de março no Diário de Justiça do Distrito Federal.

"(...)Defiro a Tutela de Urgência para determinar ao réu G44 BRASIL S.A. que, no prazo de até 5 dias contados da citação/intimação, restabeleça a livre disposição, pelo autor, de seus bitcoins (...) Na hipótese de não localização do réu no endereço indicado na inicial, fica desde logo deferida a realização de consulta aos bancos de dados dos sistemas BACENJUD, RENAJUD, SIEL e INFOSEG", diz a decisão.

Mesmo impedida de atuar no Brasil pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que emitiu um stop order contra a empresa a G44 continuava a oferecer pacotes de investimento a investidores no país. A empresa teria sido constituída por antigos líderes da também suspeita de pirâmide financeira com criptomoedas Kriptacoin, desmontada pelas autoridades há dois anos.

“Foram apurados indícios de que a G44 Brasil Intermediações Financeiras Eireli, da sócia Joselita de Brito De Escobar e seu preposto Saleem Ahmed Zaheer (fundador) captavam clientes irregularmente, por meio do site www.g44.com.br, para realização de operações no mercado de valores mobiliários”, diz a CVM.

Como vem noticiando o Cointelegraph, a G44 não estaria pagando seus cerca de 10 mil clientes desde setembro de 2019. Em dezembro do ano passado, a empresa anunciou o encerramento oficial de suas atividades e que, segundo o contrato, pagaria todos os clientes em até 90 dias, porém, até o momento desta publicação, não há relatos de clientes que tenham recebido os saques atrasados.

"Com o crescimento de nossa empresa alcançamos os nossos objetivos, no entanto, os últimos acontecimentos como: instabilidade técnica, dificuldades operacionais com os nossos parceiros, tentativa de invasão cibernética em nossas plataformas e veiculação de fake news em diversas mídias, levaram-nos a decidir pela descontinuação de todos os contratos firmados", alegou a empresa na época.

Assim como o cliente que abriu processo contra a empresa o portal Reclame Aqui registra mais de 400 reclamações contra a empresa que, entre os planos de pagamento, alega que pagará seus clientes em até 400 dias.

"A mais de dois meses, a G44, por meio do seu departamento financeiro e jurídico, me assegurou que reconheceram que meu caso seria de atendimento preferencial por motivos de saúde, e até hoje nada foi feito. Estou no limite, sempre usei o meu capital para ter uma renda extra mensal a fim de completar a minha renda. Não tenho mais dinheiro para continuar fazendo meu tratamento de saúde, meu plano está sem pagar. Preciso de uma solução urgente, pois o prazo para pagamento já venceu a mais de 10 dias. Eu não quero acordo. Por gentileza, devolvam meu dinheiro. Eu tenho diabetes crônica, e problemas cardíacos. Não posso continuar esperando, já utilizei todos os meus recursos e não tenho mais a que recorrer", alegou uma investidora da G44.

Ciente da demanda a G44 Brasil respondeu que:

"A forma de pagamento sugerida é a modalidade Sprint 400. Os pagamentos de quem aceitou a proposta já começaram a ser feitos, desde o dia 21/02/2020. Valores diários estão sendo creditados no sistema e a cada dia 10 e 25 de cada mês esse valor que for se acumulando poderá ser sacado. Caso contrário, é necessário aguardar novas informações oficiais sobre os sócios que não desejam aceitar a proposta de recebimento do distrato em 400 dias. Temos uma equipe disposta a sanar as dúvidas pelo e-mail distrato@g44.com.br"