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Ministério Público Federal considera ilegal ação de Bolsonaro que vetou blockchain para controle de armas

Ministério Público alega que Bolsonaro pode ter cometido crime ao revogar uso de blockchain para controle de armas no Brasil

Ministério Público Federal considera ilegal ação de Bolsonaro que vetou blockchain para controle de armas
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O Ministério Público Federal (MPF) considerou ilegal a revogação feita pelo Presidente Jair Bolsonaro referente ao uso do blockchain pelo Exército para controle de armas no Brasil.

Assim, o MPF protocolou uma Ação Civil Pública contra a União pedindo a revogação do feito de Bolsonaro.

"Nessa toada, mostra-se ilegal a revogação dos dispositivos que poderiam inibir o tráfico de armas de fogo, munições e outros artefatos bélicos, bem como contribuir para as investigações de crimes que as tenham por instrumentos, tendo em vista os dispositivos das Leis nº 10.826/2003 e nº 13.675/2018", destaca o pedido do MPF.

Blockchain

No documento que o Cointelegraph teve acesso o MPF alega que as normas editadas pelo COLOG e que tornava obrigatório o uso de blockchain para rastrear armamentos e munições no Brasil era fundamental para combater a criminalidade.

"Importa ressaltar que com o controle e a rastreabilidade de munições, armas e explosivos é possível aprimorar as investigações sobre a origem do armamento e sobre a munição utilizada em vários delitos", disse o MPF.

Além disso, o MPF ressalta que bandidos roubam armas das autoridades e até do exército e, desta forma, o sistema proposto pelo COLOG e revogado por Bolsonaro seria fundamental para controlar este armamento.

"E essas armas acabam sendo disponibilizadas para facções e organizações criminosas que se utilizam do armamento sem que as autoridades públicas possam localizar esse material, tendo em vista a inadequação dos métodos de rastreabilidade e controle", alegou.

Entenda o caso

No início do ano o Comando Logístico do Exército (Colog), publicou as portarias 46, 60 e 61.

Assim, elas estabeleciam diversas regras para o monitoramento de itens controlados pelo Exército nacional, incluindo armas, explosivos e munições.

Todo este monitoramento seria realizado com o uso de uma plataforma em blockchain operada pelo Exército dentro da criação do Sistema Nacional de Rastreamento de Produtos Controlados pelo Exército (SisNaR).

""IX - Módulo de blockchain - módulo responsável por registrar todas as movimentações da cadeia de produção e movimentações do produto em uma rede privada de blockchain, possibilitando a garantia da autenticidade e da integridade das informações", estabelecia a portaria.

Bolsonaro é contra

Contudo, o Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, revogou em 17 de abril, às Portarias COLOG 46, 60 e 61, editadas pelo Exército brasileiro alegando que elas eram contrárias a seus decretos em favor de uma política armamentistas para o país.

"Atiradores e CACs sempre apoiaram Bolsonaro para que tenhamos pela primeira vez um Presidente não desarmamentista. É inadmissível que a Colog faça portarias restringindo a importação. A quem isso interessa? Certamente não ao Presidente, que determinou a revogação destas portarias. Mais medidas virão", tuitou Eduardo Bolsonaro, filho do presidente e Deputado Federal.

Denuncia

A denuncia feita pelo MPF, por meio da Ação Civil Pública, já tinha sido adiantada pela procuradora regional da República Raquel Branquinho.

Assim, logo que Bolsonaro revogou as portaria, a procuradora alegou que o presidente teria atuado contrariamente a Constituição ao agir única e exclusivamente, conforme declarado pelo próprio Presidente, para beneficiar seus eleitores.

“Ao assim agir, ou seja, ao impedir a edição de normas compatíveis ao ordenamento constitucional e que são necessárias para o exercício da atividade desempenhada pelo Comando do Exército, o Sr. Presidente da República viola a Constituição Federal, na medida em que impede a proteção eficiente de um bem relevante e imprescindível aos cidadãos brasileiros, que é a segurança pública, e possibilita mecanismos de fuga às regras de controle da utilização de armas e munições”, escreveu Raquel na época

Contudo, apesar das alegações do MPF o caso ainda vem sendo analisado na Justiça Federal.

Assim, até o momento, as suspensões feitas por Bolsonaro continuam valendo.

Confira o documento completo da denúncia feito pelo MPF

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