A Agência Federal de Financiamento da Habitação dos EUA (FHFA) ordenou que as compradoras de hipotecas residenciais Fannie Mae e Freddie Mac considerem como contabilizar criptomoedas como ativos nas avaliações de risco de determinados empréstimos imobiliários.

O diretor da FHFA, William J. Pulte, enviou uma carta às duas empresas patrocinadas pelo governo (GSEs) na quarta-feira instruindo-as a “preparar uma proposta para consideração das criptomoedas como ativos de reserva em suas respectivas avaliações de risco de empréstimos hipotecários unifamiliares, sem a conversão das referidas criptomoedas para dólares americanos”.

A ordem significa que as duas GSEs poderão considerar os criptoativos dos potenciais mutuários quando eles solicitarem um financiamento imobiliário — algo que, segundo Pulte, “não tem sido tipicamente considerado” nas avaliações de risco hipotecário sem que antes ocorra a conversão das criptos para dólares.

A FHFA supervisiona a Fannie Mae (Federal National Mortgage Association) e a Freddie Mac (Federal Home Loan Mortgage Corporation) desde 2008, quando ambas as instituições foram colocadas sob tutela do governo após a crise financeira daquele ano.

Desde a crise do subprime, Fannie Mae e Freddie Mac têm desempenhado um papel fundamental no mercado imobiliário dos EUA, garantindo liquidez e estabilidade ao comprar hipotecas de credores, o que permite que os bancos emitam mais empréstimos.

Pulte afirmou no X que a decisão de incluir criptomoedas na análise de risco dos financiamentos imobiliários ocorreu “após estudos significativos” e está alinhada com o objetivo de Donald Trump de tornar os EUA a “capital cripto do mundo”.

Fonte: William Pulte

A carta de Pulte ressalta que as duas empresas devem considerar apenas criptomoedas “que possam ser comprovadas e armazenadas em exchanges centralizadas regulamentadas nos EUA e sujeitas a todas as leis aplicáveis”.

Cripto está ganhando aceitação como garantia mainstream nos EUA

A decisão de reconhecer criptomoedas como garantia no processo hipotecário reflete a crescente aceitação dos ativos digitais como instrumentos financeiros legítimos nos Estados Unidos.

Conforme relatado pelo Cointelegraph, o JPMorgan está planejando permitir que clientes selecionados de gestão de fortunas utilizem produtos baseados em cripto — como ETFs de Bitcoin (BTC) — como garantia para financiamentos.

Em outro desenvolvimento, a stablecoin USDC (USDC) da Circle será elegível como garantia para negociações de contratos futuros a partir do próximo ano, por meio de uma iniciativa conjunta entre a Coinbase Derivatives e a câmara de compensação Nodal Clear, sediada na Virgínia.

Embora ainda seja um nicho, já existe um mercado de hipotecas lastreadas em cripto, que permite a titulares de Bitcoin e Ether (ETH) financiarem transações imobiliárias com base em seus ativos digitais.

Mauricio Di Bartolomeo, cofundador da plataforma de empréstimos em Bitcoin Ledn, disse ao Cointelegraph que muitos detentores de Bitcoin já usaram seus criptoativos como garantia para comprar imóveis, sem precisar vender seus BTCs.