O Falcon USD (USDf), uma stablecoin sintética supercolateralizada emitida pelo protocolo de finanças descentralizadas (DeFi) Falcon Finance, caiu abaixo de sua paridade pretendida de US$ 1 na terça-feira em meio ao aumento de preocupações com a liquidez e a qualidade do colateral.
Dados do CoinMarketCap mostram que o Falcon USD (USDf) chegou a cair para US$ 0,9783 na manhã de terça-feira. A queda gerou nova atenção da comunidade DeFi, com alguns observadores do setor questionando a garantia do token e sua governança.
O fundador da Obchakevich Research, Alex Obchakevich, disse ao Cointelegraph que está “preocupado com a situação”, acrescentando que os rumores sobre problemas na qualidade do colateral minaram a confiança dos investidores.
Diferentemente das stablecoins lastreadas em moeda fiduciária, como USDC (USDC) ou USDt (USDT), o Falcon USD não é atrelado diretamente a depósitos em dólar em contas bancárias, sendo emitido com base no bloqueio de ativos digitais, incluindo criptomoedas voláteis.
O explorador de dados on‑chain Parsec relatou no X que a liquidez on‑chain do USDf diminuiu. Os dados da Parsec indicam que a liquidez está em US$ 5,51 milhões no momento da redação.
“Os dados on‑chain mostram uma queda acentuada na liquidez, o que só aumenta o pânico”, disse Obchakevich, citando os dados da Parsec.
Emissor do Falcon USD responde
Andrei Grachev, sócio-gerente tanto da DWF Labs, apoiadora da Falcon Finance, quanto do próprio emissor da stablecoin, publicou uma longa postagem no X respondendo às acusações. Ele afirmou que stablecoins e Bitcoin (BTC) compõem 89% (cerca de US$ 565 milhões) do colateral, com apenas aproximadamente 11% (cerca de US$ 67,5 milhões) em altcoins.
Grachev também declarou que o USDf é supercolateralizado em 116%. Para gerenciar o risco, a Falcon Finance emprega apenas estratégias neutras em relação ao mercado para geração de receita, sem negociações direcionais, e “todo USDf emitido deve ser lastreado por uma stablecoin ou posição protegida que represente valor em dólar e não tenha risco direcional”, disse Grachev.
Ele acrescentou que a paridade do USDf é mantida de forma orgânica pelos traders: se o preço da stablecoin excede US$ 1, os traders podem emitir e vender; se estiver abaixo de US$ 1, podem comprar e resgatar.
“Apesar de uma breve perda de paridade causada pelo sentimento do mercado, o mercado se estabilizou e se recuperou rapidamente”, afirmou Grachev, acrescentando que a empresa “colabora ativamente com diversas instituições de trading para fortalecer a paridade”.
De acordo com uma comprovação de ativos compartilhada com o Cointelegraph, a stablecoin estaria supostamente lastreada por cerca de US$ 544 milhões em ativos. No entanto, não foram fornecidos detalhes sobre os ativos específicos que respaldam a stablecoin. O Cointelegraph não verificou de forma independente o relatório.
Comunidade questiona alegações da Falcon
Obchakevich disse ao Cointelegraph que a postagem levanta muitas dúvidas. Por exemplo, ele contesta a alegação de que “não há alternativa” à Falcon Finance, chamando-a de “excessivamente otimista” e “estratégia de marketing”. Ele afirmou:
“Concorrentes como DAI ou USDC têm posições bem estabelecidas, com maiores reservas e uma base de usuários mais ampla.”
Outros foram menos diplomáticos. O desenvolvedor pseudônimo 0xlaw, que administra o protocolo de yield farming Stream Finance, acusou a Falcon Finance de manter “dezenas de milhões de dólares em dívidas podres” e chamou o USDf de “golpe” em uma publicação no X.
Segundo 0xlaw, o USDf estaria supostamente lastreado por ativos ilíquidos, incluindo grandes reservas do token MOVE da Movement Network. A Coinbase suspendeu a negociação do MOVE em maio, citando descumprimento dos padrões de listagem.
Uma avaliação de risco separada do grupo de pesquisa DeFi LlamaRisk, publicada no final de maio, levantou outros alertas. O relatório afirmou que “a equipe da Falcon tem autoridade unilateral sobre a gestão operacional dos ativos de reserva”. O relatório também apontou uma possível emissão excessiva:
“Usando DOLO como colateral, é possível emitir até 50.000.000 de USDf, o que excede a capitalização de mercado do DOLO.”
O relatório também destacou preocupações sobre a ausência de divulgações completas, incluindo a falta de um detalhamento dos ativos em reserva e a inacessibilidade do fundo de seguro.