O ano de 2022 tem sido um dos piores anos para a performance do Bitcoin, desde 2018, logo após a febre dos ICO. O Bitcoin (BTC) sofreu o ano todo, por diversos motivos, mas o elemento que mais causou impacto sobre seu preço, se chama Federal Reserve.
A queda do BTC se deve principalmente à perspectiva do Federal Reserve (Fed) dos EUA para 2023. Em um breve momento, as leituras de inflação dos EUA caíram, o que levou o Bitcoin a subir, em um breve rali, já que os analistas estavam confiantes de que o período de arrocho monetário e de juros ia dar um refresco para o mercado. Passado o frenesi das primeiras notícias, o Bitcoin voltou a cair e segue lateralizado.
Mas antes de entrarmos no retrospecto de preço do Bitcoin em 2022, vamos dar uma resumida no ano anterior, onde está a semente de todo esses eventos. Por conta de tantas altas do Bitcoin conquistadas em 2021, muitos investidores entraram para o mercado ao longo do ano. Vale lembrar que em abril de 21 o Bitcoin atingiu sua máxima histórica de US$ 64.374 e voltou a atingir novas máximas somente em outubro daquele ano.
No mês de outubro de 2021 a criptomoeda atingiu cerca de US$66.00 após a adoção de El Salvador e em novembro, a moeda atingiu cerca de US$68.000 por conta do lançamento do primeiro ETF da moeda nos EUA e da migração da mineração da criptomoeda para os EUA. Ao longo do ano de 21 o Bitcoin também teve grandes quedas, principalmente por conta da decisão da China de banir a mineração da moeda no país. Mas como vimos, a moeda se recuperou. Assim como em 2021 teve grandes variações, o ano de 2022 também teve um ano cheio de emoções.
O mercado de criptoativos teve seus altos e baixos em 2022. Algumas quedas acentuadas foram registradas ao longo do ano e elas ficaram conhecidas como o “inverno cripto”. Ao logo do ano o Bitcoin registrou momentos de queda no início do ano para mais da metade do valor em 90 dias.
Nesse período, o Bitcoin estava cotado em cerca de US $47 mil. Em junho, ele chegou à marca de US $19 mil. No mês de novembro, o valor foi de US $16 mil.
Essas quedas podem ter uma explicação: o cenário internacional instável (impulsionado em grande parte pelo conflito na Ucrânia que impactou não só a economia, mas também a mineração de cripto através da crise energética na Europa).
Vários fatores globais contribuíram para esse cenário, a cotação do Bitcoin atualmente é soma de vários fatores inesperados e incontroláveis, mas todos eles são fatores externos a ele. Entre esses fatore externos podemos destacar os econômicos: maiores altas de inflação do banco central americano em décadas, insegurança na economia, busca de ativos de menor exposição ao risco por investidores, guerra, custo energético, entre outros.
O resumo de tantas más notícias foi o Bitcoin perdendo cerca de 58% do valor no segundo trimestre de 2022. Cerca de US$ 1,2 trilhão foi varrido de todo o mercado de criptomoedas.
O pior ano?
Logo no início do ano a Coinbase (uma das maiores exchanges do mundo, listada na Bolsa de Nova York) poderia confiscar criptomoedas de seus clientes em caso de falência. Em razão de cumprimentos de deveres regulatórios.
Poucos meses depois o mercado sofreu outro duro golpe, a Celsius Network, plataforma bilionária de empréstimos com criptoativos e que contava com cerca de 2 milhões de usuários em sua base, apresentou pedido de falência ao Tribunal de Falências do Distrito Sul de Nova York com base no Capítulo 11 do Código de Falências dos EUA, em razão de, principalmente, problemas com liquidez desencadeado, em tese, pelas sucessivas baixas do mercado, mas principalmente pelo colapso da Three Arrows Capital (3AC).
Em seguida e de alguma forma resultado e efeito, o protocolo Terra e sua stablecoin algorítmica o UST quebraram, levando todo o mercado consigo. Onde vários players quase forma à falência, como Galaxy Digital e Voyager. Mas ainda não era o fundo do poço. Enquanto grandes atores nesse mercado eram socorridos pela FTX e em parte pela Binance, a FTX quebra sugando mais de US$ 40 bilhões do mercado, e levando mais empresas consigo numa espiral de falência, com a BlockFi quebrando, a Genesis travando saques e algumas exchanges como a Coinbase revelando que seu balanço encolheu 30% desde o ano passado.
Diante de tantos fatos ruins, o Bitcoin vem mergulhando em uma espiral de desvalorização (65%) desde a última alta e não tem demonstrado força para se recuperar.
Colapso do Terra (LUNA)
O primeiro grande episódio no último trimestre foi o colapso da stablecoin algorítmica terraUSD e do token irmão LUNA, uma stablecoin é um tipo de criptomoeda geralmente atrelada a um ativo do mundo real.
Esse sistema falhou. O TerraUSD perdeu sua paridade de dólares e provocou o desaparecimento do LUNA, que se tornou inútil.
O episódio reverberou pela indústria e teve efeitos colaterais, mais notavelmente nos fundos de hedge de criptomoedas Three Arrows Capital, que tiveram exposição ao terraUSD.
Celsius pausa retiradas
A empresa ofereceu aos usuários rendimentos de mais de 18% se depositassem criptomoedas na Celsius. Em seguida, emprestou esse dinheiro aos players do mercado de criptomoedas que estavam dispostos a pagar uma alta taxa de juros para pedir o dinheiro emprestado.
Mas a queda de preços colocou esse modelo à prova. A Celsius citou "condições extremas de mercado" como a razão para pausar as retiradas.
Os problemas com a Celsius expuseram a fraqueza em muitos dos modelos de empréstimos usados no setor de criptomoedas que ofereciam aos usuários altos rendimentos.
Liquidação da Three Arrows Capital
A Three Arrows Capital era um dos fundos de hedge mais proeminentes focados em investimentos em criptomoedas.
A empresa de uma década, também conhecida como 3AC, iniciada por Zhu Su e Kyle Davies, era conhecida por suas apostas otimistas altamente alavancadas no mercado de criptomoedas.
A 3AC teve exposição à stablecoin algorítmica terraUSD colapsada e ao token LUNA. Diante da falta de liquidez, houve uma chamada de margem que é uma situação em que um investidor tem que comprometer mais fundos para evitar perdas em uma negociação feita com dinheiro emprestado.
Em seguida, a 3AC deu calote em um empréstimo no valor de mais de US $ 660 milhões da Voyager Digital.
Como resultado, a Three Arrows Capital entrou em liquidação. A situação do 3AC expôs a natureza altamente alavancada da negociação na indústria nos últimos tempos.
O Grande Colapso e Contágio da FTX
Um relatório publicado na Coindesk em novembro de 2022 revelou que a FTX estava passando por uma grave crise de liquidez e poderia em breve ir à falência.
Após a notícia, a maior exchange de criptomoedas, a Binance, começou a vender os tokens nativos da FTX, o FTT. No dia seguinte, anunciou que compraria a FTX, mas depois se recusou a fazê-lo depois de encontrar fraquezas em uma revisão das finanças da FTX.
O fundador e ex-CEO da FTX, Sam Bankman-Fried, estava buscando publicamente um pacote de resgate de mais de US $ 9 bilhões para salvar a FTX, um resgate que não se materializou. A empresa entrou com pedido de proteção contra falência em 11 de novembro, iniciando um efeito dominó em empresas relacionadas. Bankman-Fried renunciou, e a FTX deve dinheiro a mais de 1 milhão de credores com passivos e ativos que variam de US $ 1 bilhão a US $ 10 bilhões.
Imediatamente após a falência, James Bromley, sócio do escritório de advocacia Sullivan & Cromwell, que representa a FTX, disse que "uma quantidade substancial de ativos foi roubada ou está faltando".
Foi divulgado em um processo judicial que os funcionários da FTX e da Alameda Research usaram os fundos dos clientes para comprar itens pessoais, como propriedades nas Bahamas, obter empréstimos pessoais e muito mais. Bankman-Fried enfrenta investigações de fraude, e a empresa e seu conselho enfrentam vários processos judiciais. Além disso, porta-vozes anteriores como Larry David e Tom Brady enfrentam ações coletivas. SBF segue preso nas Bahamas e será extraditado para os EUA a qualquer momento.
Então as consequências da queda da FTX ainda seguem sendo sentidas. Em 28 de novembro, a Blockfi, uma empresa de serviços financeiros e credores de criptomoedas com laços estreitos com a FTX, declarou falência. A Genesis Global Capital, outro garantidor de empréstimos de criptomoedas, suspendeu as retiradas em novembro por causa de problemas de liquidez. Após a notícia, a Gemini anunciou que as retiradas de clientes estão sendo adiadas de seu produto gerador de rendimento, dado o papel da Genesis como um parceiro-chave no programa. Outras empresas bem conhecidas que investiram na FTX incluíram a Sequoia Capital, o SoftBank e a BlackRock.
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