Há cinco meses, a Nova Labs lançou um ambicioso projeto de infraestrutura física descentralizada (DePin) para oferecer acesso ilimitado à internet para residentes dos EUA por US$ 20 mensais.

Desde então, o Helium Mobile consolidou uma base de 90.000 usuários, prestando um serviço que tem alta demanda a um preço competitivo. A assinatura do Helium Mobile é feita mediante a mintagem de um NFT (token não fungível).

Crescimento da base de usuários da Helium Mobile desde o lançamento. Fonte: Dune Analytics

O CEO da Nova Labs, Amir Haleem, espera alcançar 300.000 clientes até o final do ano, desafiando as gigantes das telecomunicações AT&T, Verizon e T-Mobile, conforme declarou à reportagem da Blockworks.

Independentemente do crescimento da base de usuários, Haleem acredita que o Helium Mobile pode ser considerado um dos raros projeto de sucesso da Web3 com um caso de uso que tem impactos no mundo real.

O Helium Mobile é um desdobramento da Helium Network (HNT), um projeto que ganhou destaque durante o ciclo de alta de 2020-2021 devido à sua proposta inovadora para criação de uma rede descentralizada focada na internet das coisas (IoT). Os operadores de hotspots da Helium eram recompensados com tokens HNT para expandir a cobertura da rede.

O lançamento do Helium Mobile foi acompanhado da criação de um novo token para o ecossistema. O MOBILE remunera os operadores de nós 5G que fornecem cobertura à rede da Helium Mobile. Para garantir a qualidade do serviço, a Helium Mobile fechou um acordo com a T-Mobile para que os usuários não percam o acesso à rede em áreas em que a cobertura é precária ou até mesmo inexistente. 

Lançado há um ano, o token MOBILE valorizou 875%, de acordo com dados da CoinGecko, impulsionado pelo crescimento da base de usuários do Helium Mobile. Logo após o lançamento do serviço nos Estados Unidos, em dezembro do ano passado, o MOBILE chegou a disparar 2.000% em poucos dias, conforme se pode ver no gráfico abaixo.

Variação do preço do MOBILE desde o seu lançamento. Fonte: CoinGecko

Após o lançamento do novo token, o HNT se manteve como o token de governança da Helium e passou a ter a função de moeda de reserva para o ecossistema em expansão. Em um ano, acumula ganhos de 251% e atualmente está cotado a US$ 4,72, de acordo com dados da CoinGecko. No entanto, o par HNT/USD encontra-se 91% abaixo de sua máxima histórica de US$ 55,22, registrada em 12 de novembro de 2021.

Tamanho declínio coloca em dúvida a sustentabilidade do modelo adotado pela Nova Labs para o MOBILE. Hoje existem em torno de 82 bilhões de MOBILEs em circulação de um suprimento total limitado a 200 bilhões. Portanto, resta uma dúvida: como os operadores de nós poderão ser recompensados caso a rede continue em expansão? 

Por outro lado, uma estabilização no número de assinantes pode exercer pressão negativa sobre o preço do token. 

Ainda no ano passado, a Nova Labs revelou planos de criar uma sub-DAO para governança do MOBILE, à parte da Helium Network. Segundo Haleem declarou ao Decrypt, entregar o poder de decisão aos operadores de nós que garantem o funcionamento da rede é uma solução, uma vez que eles estariam mobilizados por seus próprios interesses:

"Sempre há novos desafios, sempre há novas coisas para pensar: como governar todos esses diferentes protocolos [da Helium Network] é uma questão complicada. Colocar o poder de decisão nas mãos dos detentores dos tokens de cada protocolo, eu acho, é uma maneira realmente interessante de fazer isso funcionar."

Além disso, a abertura para novos mercados pode contribuir tanto para o sucesso do Helium Mobile quanto para a apreciação do MOBILE. Em janeiro deste ano, a Nova Labs fechou uma parceria com a empresa espanhola de telecomunicações Telefónica. 

A empresa está transferindo parte de seus dados móveis em algumas regiões do México para a rede da Helium. À medida que o tráfego de dados aumenta globalmente, novas oportunidades de geração de receitas podem ser exploradas pela Helium. 

Além disso, Haleem questionou a sustentabilidade econômica do modelo de negócios das gigantes das telecomunicações devido ao alto custo de sistemas de infraestrutura centralizada:

"É simplesmente muito caro continuar expandindo a infraestrutura dessas redes, pois implicam em gastos de centenas de bilhões ou trilhões de dólares para construir torres o tempo todo. Não faz nenhum sentido.”

Casos de uso de sucesso de DePin podem impactar positivamente o setor. Conforme noticiou o Cointelegraph Brasil recentemente, alguns especialistas acreditam que a tecnologia DePIN será um dos nichos do mercado de criptomoedas mais importantes desta década.