As redes de infraestrutura física descentralizada (DePIN) são a próxima etapa na evolução das redes baseadas em criptografia.
Baseando-se no sucesso dos protocolos descentralizados que coordenam e incentivam a atividade no âmbito digital, as redes DePIN utilizam protocolos criptoeconômicos para a implantação de infraestrutura física e redes de hardware no mundo real.
DePIN, PoPW ou TIPIN: onde blockchain entra nisso?
As redes DePIN - também conhecidas como Proof of Physical Work (PoPW), Token Incentivized Physical Infrastructure Networks (TIPIN) e redes EdgeFi - utilizam os protocolos criptoeconômicos de redes blockchain para coordenar e alinhar milhões de indivíduos na implantação e operação de infraestrutura trustless, não permissionada e programática.
Dito de outro modo, protocolos criptoeconômicos, conhecidos como DePIN – ou protocolos PoPW – , têm sido utilizados para recompensar os usuários por realizar trabalho físico verificável como, por exemplo, a implantação de um hotspot 5G.
Essa abordagem de baixo para cima é mais equitativa e eficiente em comparação com o modelo tradicional de implantação de cima para baixo de entidades centralizadas.
Capitalização de mercado do ecossistema DePIN
Atualmente, o ecossistema DePIN está avaliado em cerca de US$ 3 bilhões de capitalização de mercado, com um TAM de aproximadamente US$ 2,2 trilhões.
E há projeções de que em 2028 o ecossistema DePIN atinja:
- US$ 29 bilhões no Mercado global de monitoramento ambiental
- US$ 60 bilhões no Mercado de Sistemas Inteligentes de Transporte
- US$ 80 bilhões no mercado de carregamento de veículos elétricos
- US$ 146,5 bilhões no setor de energia abordado por DePINs
Como se trata de redes de infraestrutura física, a confiabilidade da infraestrutura blockchain subjacente é fundamental. O TPS alto é importante, pois essas redes não devem ser afetadas pelo congestionamento da rede na L1 (blockchains de 1ª camada) bem como a manutenção de sua segurança.
Por que usar DePIN para implantar infraestrutura física e redes de hardware no mundo real?
Os principais benefícios para o uso de DePIN na implantação de redes de infraestrutura física são:
- Escala rápida: Os protocolos DePIN podem crescer em qualquer lugar do mundo, paralelamente, em várias jurisdições legais.
- Neutralidade com credibilidade: As redes com neutralidade e credibilidade dão aos seus participantes garantias de que as regras não podem ser alteradas arbitrariamente.
- Propriedade coletiva: Um sistema que é propriedade de seus usuários cria lealdade, alinha incentivos e impulsiona o crescimento.
- Pagamentos sem atrito: Blockchains permitem micropagamentos peer-to-peer que o sistema de pagamentos legado pode não suportar.
Integração com os trilhos DeFi
Os trilhos DeFi são úteis para iniciar a liquidez por meio de criadores de mercado automatizados. Com o tempo, também esperamos que as redes de prova de trabalho físico aproveitem outras ferramentas compostas nativas do DeFi, incluindo mercados NFT, tokens sociais, derivativos e muito mais.
Quais categorias de infraestrutura estão utilizando DePIN em sua construção?
A maioria dos protocolos DePIN está sendo construído como aplicações em L1s (redes de camada 1), e podemos classificar os setores que já o utilizam em quatro categorias:
- Ambiental
- Cálculo e armazenamento
- Mobilidade
- Redes sem fio descentralizadas – Decentralized Wireless Networks (DeWi)
Como nada melhor que um exemplo para entender algo, veremos a seguir 10 casos de uso de DePIN.
Casos de uso de DePINs
DePINs coordenam centenas de milhares de participantes ao redor do mundo, abrangendo setores como redes sem fio, mobilidade, meio ambiente, computação e armazenamento.
As redes DePIN fornecem um mecanismo de incentivo para que indivíduos e organizações contribuam com recursos para uma rede compartilhada. Essa abordagem descentralizada permite a criação de uma rede de infraestrutura mais eficiente e econômica.
1) DIMO
DIMO é uma rede que permite aos seus usuários utilizarem dados de mobilidade para criar aplicativos e serviços em finanças automotivas, seguros, manutenção, e muito mais.
Os participantes do lado da oferta (mineradores de dados) ganham prêmios por conectar um dispositivo de hardware a seu carro e contribuir com esses dados para a rede.
2) Iotex
Iotex é uma plataforma de infraestrutura Web3 que conecta dispositivos inteligentes e dados do mundo real a blockchains.
Recentemente, lançou o W3bstream, a primeira infraestrutura de computação descentralizada do mundo para dispositivos e dados inteligentes.
Um dos principais projetos da Rede de Infraestrutura Física Descentralizada (DePIN) da IoTex concentra-se na construção de um mundo conectado em que máquinas, seres humanos, empresas e DApps interagem com confiança e privacidade, usando blockchain, computação off-chain e hardware aberto.
3) Helium
Hellium é um protocolo que utiliza a estrutura criptoeconômica em uma DePIN que incentiva as pessoas a construir e gerenciar redes físicas de telecomunicações – por exemplo, torres de micro células.
A Rede Hellium é construída por “hospedeiros” que extraem HNT, o token nativo do protocolo Hellium, em troca de criar cobertura e transferir dados através da rede.
4) Hivemapper
Hivemapper – assim como a DIMO – usa DePIN no setor de mobilidade. Ele é um mapa descentralizado construído pelos participantes usando ‘dashcams’. O protocolo recompensa os participantes do lado da oferta (mineradores do mapa) por dirigir ou andar por aí com um painel de controle e contribuir para o mapa da rede.
5) PlanetWatch
PlanetWatch usa DePIN no setor ambiental, e é uma rede descentralizada de sensores de qualidade do ar global. O protocolo recompensa os participantes do lado da oferta (operadores de sensores) pela transmissão de dados de qualidade do ar em tempo real de volta à rede.
6) Pollen Mobile
Pollen Mobile é um protocolo que, assim como a Helium, opera no espaço sem fio de redes descentralizadas (DeWi).
Ele se concentra especificamente no 5G, e usa protocolo criptoeconômico para incentivar os participantes do lado da oferta (operadores de hotspots) a fornecer cobertura de rede em troca de recompensas de tokens.
Além disso, os participantes também recebem taxas por dados roteados através de seus hotspots.
7) React Network
A React é uma redes de infraestrutura física descentralizada composta por milhares de baterias conectadas em residências, empresas e espaços residenciais multifamiliares. Com todas essas baterias compartilhando sua energia extra (não utilizada por seus proprietários), a React é capaz de ajudar a sustentar a rede elétrica em momentos de necessidade / alta demanda. Dessa forma, a React oferece aos operadores de rede uma alternativa limpa e estável à operação de usinas de energia pouco eficientes ou em desacordo com o meio ambiente.
8) Waev
Waev é um protocolo de código aberto para troca de dados trustless. Seu objetivo é ser uma ferramenta de troca de dados de forma segura com soberania e interoperabilidade. Prova de consentimento, governança e procedência, tudo "on chain” via DePIN.
9) WeatherXM
WeatherXM usa DePIN no setor ambiental. Ela é uma rede meteorológica descentralizada alimentada por uma rede distribuída de dispositivos de hardware. Ela permite aos participantes do lado da oferta (operadores de estações meteorológicas) ganhar recompensas ao implantar uma pequena estação meteorológica e fornecer serviços meteorológicos precisos.
10) Wynd Network
Wyndy Network é uma inteligência de dados da Web3 que alimenta a infraestruturas de IA. O primeiro produto da Wynd, Grass, é uma extensão de navegador que permite que você entre na rede vendendo sua largura de banda não utilizada.
Veja outros protocolos criptoeconômicos DePIN que incentivam pessoas a construir a infraestrutura do mundo físico, aqui.
Takeaway
Até agora, pequenos operadores individuais não conseguiam competir com grandes corporações em infraestrutura de larga escala como, por exemplo, logística de terceiros, mapeamento, redes elétricas, telecomunicações, dentre outras.
No entanto, a introdução de DePIN – para coordenar as pessoas em nessas atividades de infraestrutura, otimizar a capacidade ociosa de seus dispositivos mediante remuneração peer-to-peer – sem dúvida representa uma mudança de paradigma na forma como as empresas operam e escalam.
Mas e você? Sabia que protocolos criptoeconômicos estão conectando o mundo físico à Web3? Já conhecia algum projeto DePIN?