Este artigo foi originalmente escrito por Silvia Barbi, investidora no mercado de criptomoedas a partir de fundos de investimento oferecidos para investidores 'no varejo'

Poucas coisas se tornaram tão banais para quem acompanha o mercado de cripto do que a má vontade da imprensa com o ativo. Entre aqueles que estão mais por dentro do tema, o assunto já virou uma certa “piada interna”, com o obituário informal do Bitcoin catalogando 380 vezes em que a principal criptomoeda “morreu”, segundo a imprensa.

No Brasil, ainda que alguns gestores badalados tenham se metido em uma fria de -70% de queda no auge do pânico do Ibovespa,  houve espaço para cobrar o Bitcoin em específico. Como relatou o jornal Valor Investe mais cedo, as gestoras e fundos brasileiros tiveram impactos, mas em alguns casos bem distintos da sangria geral do mercado.

A lista do Valor Investe, maior e mais tradicional publicação econômica do país, elenca apenas parte do ecossistema brasileiro, que atualmente conta com 4 empresas na área. São elas:

A Asset paulistana BLP, a gestora Vítreo, que tem entre seus sócios Paulo Lemann, filho do banker carioca Jorge Paulo Lemann, e atua, no mercado de cripto, em parceria com a gestora carioca QR Asset Management, a própria QR Asset e a também carioca Hashdex.

Conforme relata o Valor, os fundos de Cripto seguem performando positivamente desde o início do ano.

Dentre os 5 citados, os retornos variam entre 7,19% (BLP Criptoativo FIM) e 50,16% (Hashdex Criptoativos Voyager).

Todos os fundos superaram o Ibovespa no ano, que está em queda de 34,86%. Também desde o ínicio do ano o BItcoin apresenta alta de 61%, até o dia de hoje.

Ao contrário do que sugere a matéria do Valor, porém, o mês de março não foi um mês de sangria generalizada. Lançado no dia 28 de fevereiro pela Vítreo, gestora que administra um total de R$4 bilhões em seus diversos fundos, o Vitreo Criptomoedas FIC FIM, obteve uma performance positiva superior a 14%, de acordo com o valor da cota publicado no site da CVM.

De acordo com site da gestora, o fundo Vitreo CriptoMoedas FIC FIM investe 100% dos seus recursos no fundo VTR QR Cripto FIM IE, fundo que tem co-gestão entra a carioca QR Asset e a própria Vitreo, que por sua vez investe 100% em criptoativos no exterior.

Para efeito de comparação, o fundo entregou em meio às dúvidas da pandemia no mês de março, o mesmo que 3 anos e meio de rendimento de um título atrelado à SELIC, a taxa básica de juros do Brasil.

No mesmo mês de março, o Ibovespa caiu 28,42%, na sua maior queda desde 1998.

Mesmo as gestoras que tiveram fortes quedas em seus fundos, como BLP e Hashdex, viram uma menor volatilidade em relação ao mercado de ações, o que demonstra parte do avanço do mercado brasileiro para entregar resultados e segurança ao investidor.

Mais profissionalizado, o mercado de cripto brasileiro conta com fundos de tamanho já expressivos, como o Hashdex Explorer e Voyager, os dois maiores do mercado com R$ 20,76 e R$ 11,56 milhões, seguidos pelo VTR QR, com R$ 10,2 milhões.

Atualmente, há opções para investidores de todos os tamanhos, com tickets iniciais variando de R$500 até R$10 mil. Cabe ressaltar, porém, que nem todos os fundos atuam 100% em cripto ou ainda, possuem gestão ativa.

Fundos de índices acompanham o mercado, o que impede a cobrança de taxa de performance, mas não garante uma proteção em tempos de crise (o que é na essência o trabalho de uma gestão ativa).

Há ainda no mercado, fundos que estão parcialmente alocados em cripto, com boa parte da renda alocada em Tesouro Direto. Neste caso convém ao investidor analisar a maneira como deseja se expor aos ativos de cripto.

Os números ainda são pequenos quando comparados a gigantes internacionais, como a americana Grayscale, que já totaliza US$ 2,2 bilhões, dos quais US$ 500 milhões captados apenas no primeiro trimestre de 2020, o que demonstra o potencial no mercado brasileiro, na medida em que mais investidores institucionais têm participado da festa.

A participação de fundos institucionais, como a entrada recente do gigante Medallion, o fundo da Renaissance Technologies, conhecido pelo seu retorno tão expressivo que permite a gestora cobrar até 40% de taxa de performance, impulsiona a entrada das gestoras em plataformas tradicionais.

No Brasil, é possível encontrar os fundos da gestora BLP na plataforma da Planner, enquanto a Hashdex encontra-se na plataforma do BTG, XP, Órama, Easyinvest e ModalMais. Já os fundos da Vítreo podem ser acessados direto pelo app da gestora na Google Play ou Apple Store, enquanto os fundos da QR Asset encontram-se na Órama e na Necton, ou pelo próprio site da gestora.

*Todas as informações sobre o retorno e patrimônio dos fundos contidas neste artigo podem ser encontradas no site da CVM, ou de maneira mais simplificado pelo site Mais Retorno. O Cointelegraph não realiza nenhuma indicação de investimento. Antes de fazer qualquer investimento realize sua própria pesquisa.

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