O ecossistema Cosmos exibe um crescimento significativo em atividade nos últimos três meses. Dados do Artemis apontam que a média do número de endereços ativos na Cosmos é de 43,4 mil dentro do período avaliado, um aumento de 311,7% entre trimestres. O Cointelegraph Brasil conversou com a equipe da El Dorado, exchange descentralizada criada na rede Maya Protocol, do ecossistema Cosmos, para entender este movimento.
Uma parte considerável deste crescimento está relacionada ao interesse dos usuários por negociações de criptoativos entre diferentes blockchains, avalia o COO da El Dorado que se identifica como ‘Asian0xV’.
“Há um grande valor de mercado a ser capturado pelas exchanges e pelo ecossistema cripto como um todo. Um exemplo é a integração da Kujira, que é muito popular na Cosmos, à Maya Protocol. Essa integração levou o token KUJI e a stablecoin USK para dentro da Maya Protocol, e vice-versa”, explica Asian0xV.
Em suma, a Cosmos é uma infraestrutura para a criação de blockchains, e oferece uma ferramenta própria para facilitar o envio de transações entre suas diferentes redes, chamada de ‘Protocol de Comunicação Inter-Blockchain’ (IBC, na sigla em inglês). Por isso, a crescente demanda por interoperabilidade mencionada por Asian0xV pode estar favorecendo o ecossistema Cosmos nos últimos meses.
Além disso, as duas redes mencionadas pelo COO da El Dorado estão entre as principais blockchains impulsionando o aumento da atividade na Cosmos. O valor total alocado (TVL, na sigla em inglês) nas aplicações criadas sobre a Kujira cresceu 290% entre 1º de outubro de 2023 e 12 de janeiro de 2024. Além disso, o token KUJI saltou 467% no mesmo período.
“Nos últimos 30 dias, a Maya Protocol registrou um volume total de US$ 65 milhões, um aumento no total de carteiras de 2,5 mil e 1,8 milhão de negociações por dia, de acordo com dados do Mayascan [...] As integrações com Arbitrum, Cardano e Kaspa, que estão a caminho, darão aos usuários mais opções para negociar e obter rendimentos usando seus criptoativos favoritos”, avalia o COO da El Dorado.
Retenção de novos usuários
As taxas transacionais do ecossistema Ethereum são conhecidamente altas durante períodos de pico em uso. Interagir com as finanças descentralizadas (DeFi) das blockchains ligadas a este ecossistema, portanto, se torna uma tarefa muito custosa durante ciclos de alta interação com aplicações descentralizadas (dApps).
Nesta sexta-feira, por exemplo, a ação de vender um NFT na rede Ethereum pode custar mais de R$ 200, apontam dados do Etherscan. Asian0xV avalia que este pode ser a segunda razão por trás da entrada de novos usuários em diferentes blockchains.
“Especificamente, a Solana tem visto um fluxo de capital médio de US$ 16,3 milhões por semana. Isso sinaliza uma alta demanda por taxas transacionais mais baixas, que melhoram a experiência do usuário”, diz o COO da El Dorado.
Além disso, ecossistemas como Solana e Cosmos também têm apresentado boas oportunidades para investidores que estão buscando airdrops. Airdrops são distribuições de tokens feitas por dApps e blockchains para recompensar usuários. E parte desse novo fluxo de usuários, na visão de Asian0xV, deve ser mantido por essas blockchains nos próximos meses.
“Quando esse ciclo entrar em seus estágios mais avançados de alta, veremos a atividade nas blockchains explodir, que é quando usuários do varejo entrarão. E esses usuários vão buscar alternativas mais baratas, ou seja, redes mais baratas.”
O que oferecem?
Atrair a atenção de usuários dentro de DeFi não é uma tarefa que se resume a preços baixos. Liquidez, dApps atrativos, interoperabilidade e interfaces simples de usar são fatores que possuem um peso significativo na escolha dos usuários.
Asian0xV usa a Maya Protocol e a El Dorado, então, para exemplificar o tipo de serviço que as blockchains da Cosmos oferecem e que estão atraindo usuários.
“A Maya Protocol é uma infraestrutura de liquidez para exchanges descentralizadas que permite a negociação entre criptoativos de diferentes blockchains. Por exemplo, é possível negociar BTC nativo da blockchain do Bitcoin com ETH nativa da blockchain Ethereum. A Maya faz isso sem pedir a custódia dos ativos, sem intermediários centralizados ou processos de identificação dos clientes”, explica o COO da El Dorado.
A El Dorado, por sua vez, utiliza essa infraestrutura para oferecer outras funções aos usuários, como aquelas oferecidas por exchanges centralizadas. Rendimentos passivos através de pools de liquidez com ativos de diferentes é uma função na qual Asian0xV dá ênfase.
Os usuários mais assíduos de DeFi podem relacionar as funcionalidades da Maya Protocol com outra blockchain do ecossistema Cosmos, a THORChain. Na verdade, as duas blockchains guardam uma relação, já que a Maya Protocol surgiu de um fork do código da THORChain.
A ideia é, em breve, acrescentar mais funcionalidades à Maya Protocol através da El Dorado, revela Asian0xV. “Além de sua função como uma exchange descentralizada, a El Dorado será o hub de desenvolvimento da Maya Protocol e sua Aztec Chain, com funcionalidades como investimento em projetos, área para lançamento de ativos, listagem e facilitação de crescimento de dApps criados na Aztec”, conclui o COO da El Dorado.