A Coinbase chegou oficialmente no Brasil no dia 21 de março, anunciando uma estratégia de aprofundamento no mercado brasileiro de criptomoedas. A estratégia envolve oferecer os mesmos serviços disponibilizados nos Estados Unidos, além de uma aproximação com o Banco Central.
O Cointelegraph Brasil ouviu empresas do mercado financeiro sobre a chegada da exchange estadunidense no Brasil.
Opiniões positivas
Com 110 milhões de usuários registrados, a Coinbase chega ao mercado brasileiro, que já é disputado por grandes exchanges nacionais e internacionais. José Gabriel Bernardes, sócio da Fuse Capital, avalia a Coinbase como um case de sucesso, e menciona a abertura de capital da empresa em 2021 como exemplo. Sobre a vinda para o Brasil, Bernardes acredita se tratar de uma “diluição do risco” do negócio.
“Uma vez que o negócio tem uma receita que não cresce do mesmo jeito que crescia antes e, ao mesmo tempo, sofre uma pressão da SEC [CVM dos Estados Unidos], a Coinbase precisa diluir esse risco e expandir sua base de usuários”, diz o sócio da Fuse.
A escolha do Brasil ocorre, na visão de Bernardes, por ser uma região pró-cripto, que conta com mais investidores de moedas digitais do que o total de usuários cadastrados na B3. “O Brasil é um país que adotou super bem as criptomoedas, e isso é muito bom para a Coinbase, pois gera volume que, naturalmente, gera receita.”
O movimento também é bom para o ecossistema brasileiro, afirma o sócio da Fuse, afirmando que 70% da participação do mercado cripto pertence à Binance. A chegada de uma grande exchange como a Coinbase, então, aumenta a competitividade e estimula a criação de novos produtos.
Renato Valente, sócio da Iporanga Ventures, vê como uma “ótima notícia” a chegada da exchange estadunidense ao Brasil. “É uma das maiores exchanges do mundo, tem capital aberto na Nasdaq, e uma boa reputação. [A chegada ao Brasil] é uma ótima notícia, é mais investimento, mais conhecimento, e uma troca maior de informação”, diz Valente.
João Kamradt, Head de Pesquisa e Investimentos da Viden Ventures, considera “natural” a vinda da Coinbase para o Brasil. O Brasil é o quinto maior mercado cripto do planeta e o maior da América Latina. É natural que uma exchange que queira ser a maior do mundo tente operar no país. A Coinbase vinha anunciando essa intenção há tempos, contratando equipes aos poucos”, afirma Kamradt.
Ele salienta, no entanto, que a exchange estadunidense tem a dificuldade de construir confiança com o consumidor brasileiro, após o colapso da FTX. “O último case, a FTX, criou desconfiança e descrença de parte significativa do público. Mas, do mesmo modo, também criou uma oportunidade para que outras corretoras tentassem entrar no mercado brasileiro”, completa.
Kamradt lembra que esta não é a primeira vez que a exchange tenta entrar no país. Entre 2021 e 2022, a Coinbase tentou comprar o grupo 2TM, controlador da exchange Mercado Bitcoin. O acordo, porém, não foi finalizado.
“De toda forma, o marco regulatório de criptomoedas, que ainda tem muitos pontos nebulosos e que ainda será revisado pelo governo atual, mostrou uma pré-disposição com o ambiente de criptoativos”, conclui o porta-voz da Viden.
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