Um levantamento exclusivo feito pelo Cointelegraph revelou que o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF) e Polícia Civil do Estado de São Paulo, por meio da Delegacia de Polícia de Investigações Sobre Crimes de Lavagem ou Ocultação de bens ou Valores (DPPC) e outras autoridades nacionais iniciaram uma mega investigação que atinge diversas pessoas relacionadas ao comércio de Bitcoin e criptomoedas no Brasil.

Tal qual a Lava-Jato, o levantamento revelou que inicialmente a investigação tinha como foco uma pessoa determinada (não serão revelados nomes, nem empresas) e começou a pedido do COAF que já vinha produzido um Relatório de Inteligência Financeira (RIF), investigando operações suspeitas feitas por esta pessoa X que alegou que usava estes recursos para movimentar Bitcoin e criptomoedas.

Relatório sobre a pessoa X: "O qual movimentou quantidade expressiva de recursos, incompatível com sua capacidade financeira e em período curto de tempo, principalmente por meio da realização de operações de câmbio. As transferências internacionais estariam relacionadas a aquisição e venda de bitcoins, segundo informado pelo próprio investigado”

No entanto, no decorrer do processo, um documento 'puxou' o outro até que os investigadores chegaram em uma exchange de criptomoedas do Brasil no qual uma lista com mais de 23 nomes chegou ao conhecimento dos investigadores envolvendo supostos crimes de lavagem de dinheiro de até R$ 40 milhões. Segundo as fontes ouvidas pelo Cointelegraph, a investigação é a maior do Brasil envolvendo lavagem de dinheiro com criptomoedas.

Os nomes listados no processo chegaram as autoridades quando os volumes e negociações da exchange foram desmembrados e identificou-se que 90% das negociações no período investigado inicialmente (transações entre 2015 e 2016) foram realizadas por estas pessoas sendo que cada uma movimentava de R$ 100 mil a R$ 1 milhão em um tempo em que o preço do Bitcoin não passava de US$ 800.

Entre as pessoas estariam supostamente operadores de esquemas de pirâmides, fundadores de uma empresas de entretenimento, auto peças, viagens, jogos e até provedores de internet; vendedores p2p conhecidos no mercado, entre outros.

Segundo a investigação, como os valores movimentados por estas ‘novas pessoas’ que a investigação encontrou quando acessou os dados da exchange, seriam incompatíveis com a renda, o trabalho da Polícia Civil foi ampliado e possivelmente compartilhado com outras corporações tendo em vista que os demais citados residem em diversos estados no Brasil e até no exterior.

O caso segue sendo investigado e nomes levantados na investigação já teriam sido chamados a prestar esclarecimento em seus respectivos estados. Ainda segundo as fontes do Cointelegraph, os investigadores têm tomado cautela com o processo pois há fatos sobre Bitcoin e criptomoedas que precisam ficar mais claros para as autoridades com a finalidade de identificar melhor o que cada transação pode envolver.

Há suspeitas de que algumas pessoas na investigação teriam recebido ou transacionado dinheiro de fontes duvidosas o que acarretaria um levantamento maior além do que já vem sendo conduzido sobre lavagem de dinheiro.

Como reportou o Cointelegraph, recentemente a Justiça do Espirtio Santo, bloqueou Porsche, Maserati, BMW, Mercedes Benz e cerca de 11 caros de luxo que estariam supostamente em nome de Cláudio Oliveira, dono do Grupo Bitcoin Banco. De acordo com a decisão expedida pelo juiz Carlos Magno na semana passada, novas empresas em nome de Claúdio e de membros de sua família foram descobertas e nelas veículos e outros bens estariam registrados e foram bloqueados.