Embora o Bitcoin (BTC) seja frequentemente exaltado como o ativo portador definitivo, nem todos estão preparados para a autocustódia em um mundo onde intermediários convenientes e aparentemente confiáveis ainda desempenham um papel importante.
A Circuit, uma solução de recuperação de ativos digitais voltada para instituições, aposta que mais empresas irão recorrer ao seu sistema de recuperação para se protegerem contra perdas catastróficas.
Nesta segunda-feira, a empresa anunciou o lançamento público de seu mecanismo institucional de recuperação cripto, alimentado por sua tecnologia de Extração Automática de Ativos (AAE). O sistema transfere automaticamente os ativos para um cofre seguro previamente autorizado caso uma chave privada seja perdida ou uma ameaça seja detectada.
A solução estreia com dois usuários institucionais: a custodiante Tungsten, com sede nos Emirados Árabes Unidos, e a Palisade, fornecedora de infraestrutura de custódia usada por exchanges de criptomoedas e serviços de tokenização.
O fundador e CEO da Circuit, Harry Donnelly, afirma que o mercado de chaves perdidas e falhas de custódia é pouco atendido, especialmente à medida que mais instituições ingressam no setor cripto.
“A perda permanente de ativos é uma das maiores barreiras à adoção em massa”, disse Donnelly ao Cointelegraph em comunicado escrito. “Vemos uma enorme cobertura da mídia sobre hacks em cripto justamente porque são irreversíveis, não há botão de ‘desfazer’ como nas finanças tradicionais.”
Segundo Donnelly, as instituições precisam ter certeza de que seus ativos são recuperáveis antes de entrarem nesse mercado com real comprometimento.
“As instituições veem a recuperação de ativos como uma exigência fundamental, não como algo opcional. À medida que mais empresas mantêm ativos digitais, garantir que esses ativos não simplesmente desapareçam se torna algo crítico. A mentalidade institucional é voltada para a gestão de risco e o dever fiduciário.”
Bitcoin perdido é uma ‘doação’, mas com ressalvas
Muitos defensores do Bitcoin veem as moedas perdidas como uma “doação” à rede, já que são irrecuperáveis, o que efetivamente reduz a oferta circulante e pode elevar os preços.
Embora Donnelly concorde com essa ideia em princípio, ele afirma que ela não se sustenta na prática, especialmente ao considerar a adoção em escala mais ampla.
“A ideia de que Bitcoin perdido é apenas uma ‘doação’ para outros detentores não agrada” aos usuários institucionais, afirmou.
Embora as estimativas variem, a Ledger aponta que entre 2,3 milhões e 3,7 milhões de BTC estão perdidos ou são irrecuperáveis, o que representa aproximadamente de 11% a 18% da oferta fixa do Bitcoin.
“A maioria das pessoas não está preparada para a verdadeira autocustódia; é algo tecnicamente complexo e com riscos irreversíveis”, disse Donnelly. “Existe um motivo para termos intermediários e custodiante nas finanças tradicionais: eles oferecem uma rede de segurança quando algo dá errado.”