O chefe do Banco Central da China, Pan Gongsheng, prometeu expandir a presença global do yuan digital, reafirmando a visão do país para sua moeda digital emitida pelo banco central (CBDC).
Segundo uma reportagem da Reuters, a China está criando um centro de operações internacionais em Xangai para o yuan digital, também conhecido como e-CNY. Pan fez essas declarações durante o Fórum de Lujiazui, um evento profissional que reúne importantes reguladores e executivos do setor financeiro, tanto locais quanto internacionais.
Pan afirmou que a China enxerga um sistema monetário “multipolar”, no qual várias moedas sustentam a economia global. Essa visão contrasta com o sistema atual, em que poucas moedas, como o dólar americano e o euro, desempenham papéis centrais no sistema financeiro internacional.
O dólar dos Estados Unidos, em especial, pode ter se tornado menos atraente para investidores em 2025, em parte devido à imposição repentina de tarifas pelo presidente Donald Trump nos últimos meses.
Pan também comentou sobre as tecnologias digitais, afirmando que os sistemas tradicionais de pagamento transfronteiriço são vulneráveis a riscos geopolíticos.
“As infraestruturas tradicionais de pagamento transfronteiriço podem ser facilmente politizadas e transformadas em armas, sendo usadas como ferramenta para sanções unilaterais, o que prejudica a ordem econômica e financeira global”, disse ele.
A disputa entre stablecoins e CBDCs
As stablecoins, frequentemente atreladas ao dólar americano, se tornaram conhecidas por sua capacidade de facilitar transações internacionais. Esses ativos digitais são considerados um dos primeiros casos de uso das criptomoedas a atingir o mainstream e contrastam com as CBDCs, que são controladas por entidades centralizadas, como os bancos centrais.
Apesar do aumento na adoção das stablecoins, muitos países continuam investindo em suas próprias CBDCs. Hong Kong, uma região administrativa especial da China, está avançando com seu programa piloto de stablecoin. Na Europa, parlamentares de diversos países seguem impulsionando o euro digital, enquanto os Emirados Árabes Unidos esperam lançar o dirham digital até o final de 2025. Israel também divulgou um projeto preliminar para o shekel digital.
Segundo um relatório de 11 de fevereiro do Fórum Oficial de Instituições Monetárias e Financeiras (OMFIF), o interesse por CBDCs está esfriando entre os bancos centrais, com 31% deles adiando seus planos de implementação. Entre os principais motivos estão preocupações com regulação e condições econômicas.
A China começou a explorar a criação de uma CBDC em 2014 e tem planos de expandir o yuan digital como ferramenta de pagamento tanto internacional quanto nacionalmente. O país busca combater o papel do dólar dos EUA como moeda de reserva global. As duas nações vêm enfrentando uma guerra comercial desde que Trump implementou as tarifas.