A semana foi de notícias animadoras tanto nos mercados tradicionais do Brasil quando na criptoesfera: o Índice Bovespa superando os 102.000 pontos, o Bitcoin anotou uma nova máxima histórica em R$ 72.500 e muitas ações recuperaram-se da queda brusca sofrida desde o começo da pandemia.

Entre as más notícias, a única preocupação dos investidores - ou parte deles - parece ser a alta do dólar e consequente, A desvalorização vertiginosa do real, além da inflação que voltou ao dia a dia dos trabalhadores brasileiros.

Mas boas boa notícia parecem inspirar confiança nos investidores, levando a uma alta de 3,6% nesta semana. A recuperação de parte das ações desde o pior momento da pandemia, em março, vem puxada pela recuperação das ações do Itaú, Banco do Brasil, Bradesco, Santander, Petrobras e Vale, além da valorização de empresas focadas em vendas digitais do varejo, como a Magalu.

 Apesar da melhora, nem tudo são boas notícias: a maioria das ações ainda não cobriu as perdas do crash deste ano: o Itaú soma perdas de 27,8%, o Bradesco perdeu 30% de valor e o BB 34%. Em contraste, as ações de varejo cresceram bastante, com a Magalu acumulando 120% de valorização e a Via Varejo 80%.

Segundo o superintendente da mesa de operações da Necton, Marco Tulli, a recuperação é puxada pelo corte de juros, que levou mais investidores à bolsa em busca de mais risco e, consequentemente, valorização:

“Diante da possibilidade de ganhar 2% em aplicações atreladas à Selic ou até mesmo ter resultado negativo, investidores têm preferido assumir mais risco e comprar ações, dada a chance de receber dividendos e a valorização do papel.”

No criptomercado, uma série de fatores dentro e fora do Brasil fizeram a moeda atingir uma nova máxima histórica contra o real: R$ 72.500 - apesar das condições serem muito diferentes de 2017.

Com o dólar em seu maior valor histórico contra o real, o Bitcoin parece ter transformado os US$ 12.000 em um novo suporte - algo esperado desde o mercado de baixa de 2018. Com seu maior preço desde a metade de 2019 e o dólar extremamente valorizado no Brasil, é de se esperar que os R$ 72.500 sejam superados em breve, com um novo rali da maior criptomoeda.

Ações de Eike disparam e associação pede investigação da CVM

Uma figura que ganhou ares de folclore no mercado de investimentos brasileiro, o empresário Eike Batista, voltou às manchetes nesta semana. E novamente, são as operações do famoso bilionário que estão sendo questionadas.

As ações das empresas de Eike Batista dispararam de forma anormal desde o fim de setembro. As ações da mineradora MMX, até a última quinta-feira, valorizaram mais de 800% em menos de um mês, enquanto a empresa de construção naval OSX viu suas ações subirem 240% no período.

O comportamento inusitado das ações chamou atenção da Associação Brasileira de Investidores, que pediu investigação da Comissão de Valores Mobiliários. Segundo a Abradin, o comportamento dos papéis indica "efeito manada", que "certamente provocou ganhos ilegítimos e prejuízos".

    O presidente da associação, Aurélio Valporto, explicou à Folha:

    “A CVM deveria estudar a anulação de todas as operações ocorridas com ações da MMX e OSX desde 13 de outubro. Assim, seriam evitados ganhos e perdas ilegítimos e seria preservada a higidez do mercado”

    A CVM, por sua vez, disse que não comenta casos específicos, mas “acompanha e analisa informações e movimentações envolvendo o mercado de valores mobiliários, tomando as medidas cabíveis, sempre que necessário”.

    Eike Batista foi preso em 2019 sob acusação de lavagem de dinheiro - usando inclusive Bitcoin para ocultar seu patrimônio bilionário. O polêmico empresário fez um acordo de delação com a Procuradoria-Geral da República (PGR) em março de 2020,

    LEIA MAIS