O Bitcoin (BTC) inicia uma nova semana em condições precárias, pois a instabilidade macroeconômica global segue dando o tom nos mercados.

Depois de consolidar um fechamento semanal apenas alguns centímetros acima de US$ 19.000, a maior criptomoeda do mercado ainda carece de direção, pois os nervos aumentam com a resiliência do sistema financeiro global.

A semana passada provou ser um momento de teste para os investidores de ativos de risco, com dados econômicos sombrios divulgados nos EUA e na Europa.

A zona do euro fornece, assim, o pano de fundo para as mais recentes preocupações dos participantes do mercado, à medida que o dinamismo financeiro dos principais bancos da região começa a ser questionados.

Com a guerra na Ucrânia apenas aumentando e o inverno se aproximando no hemisfério norte, talvez seja compreensível que quase ninguém esteja otimista – mas qual poderia ser o impacto deses cenários no Bitcoin e nas criptomoedas?

O par BTC/USD permanece abaixo da máxima histórica do ciclo de alta de 2017, e as comparações com o mercado de 2018 avançam. Também está em jogo uma nova mínima de vários anos.

O Cointelegraph analisa cinco fatores que podm afetar o preço do BTC a serem observados nos próximos dias, com o Bitcoin ainda firmemente abaixo de US$ 20.000.

Preço à vista evita fechamento semanal de baixa recorde de vários anos

Apesar do clima de baixa, o fechamento semanal do Bitcoin poderia ter sido pior. Pouco acima de US$ 19.000, a maior criptomoeda do mercado conseguiu adicionar modestos US$ 250 ao preço de fechamento da semana passada, mostram dados do Cointelegraph Markets Pro e da TradingView.

Gráfico de 1 semana BTC/USD (Bitstamp). Fonte: TradingView

O fechamento da semana anterior, no entanto, fora o mais baixo desde novembro de 2020. Assim, os traders continuam temendo que o pior ainda esteja por vir.

“Os ursos permaneceram em pleno atividade nos mercados asiáticos na noite passada, enquanto os touros não nos deram bons ralis para trabalhar”, escreveu o popular trader Crypto Tony em uma atualização no Twitter no domingo.

Outros concordaram que o par BTC/USD estava em uma zona de “baixa volatilidade”, o que exigiria uma quebra mais cedo ou mais tarde. Tudo o que restava saber era em qual direção.

“O próximo grande movimento é para cima”, respondeu Credible Crypto:

“Normalmente, antes desses grandes movimentos e após a capitulação, vemos um período de baixa volatilidade antes do próximo grande movimento começar.”

Como o Cointelegraph relatou, o fim de semana deveria fornecer um impulso de volatilidade, conforme sugerido pelos dados das Bandas de Bollinger. Houve também um aumento do volume, um ingrediente-chave para sustentar um movimento potencial.

“O gráfico semanal do BTC mostra um enorme aumento de volume desde o início do terceiro trimestre + divergência de alta semanal em um dos recortes temporais mais confiáveis”, concluiu o colega de negociação Doctor Profit:

“O aumento do preço do Bitcoin é apenas uma questão de tempo.”

Nem todo mundo olhava para uma alta iminente, no entanto. Enquanto isso, nas previsões do fim de semana, o trader Il Capo of Crypto, indicou a área entre US$ 14.000 e US$ 16.000 como meta de longo prazo.

Gráfico anotado BTC/USD. Fonte: Il Capo of Crypto/ Twitter

"Se este fosse o fundo real... o bitcoin deveria estar sendo negociado perto de 25k-26k agora", argumentou a conta Profit Blue, mostrando um gráfico com uma estrutura de fundo duplo potencialmente em formação no gráfico de 2 dias.

Credit Suisse em xeque e a força do dólar se mantém

Além das criptomoedas, a atenção está se concentrando no destino dos principais bancos globais, em particular o Credit Suisse e o Deutsche Bank.

Preocupações com a liquidez de ambas as instituições resultaram em garantias públicas emergenciais do CEO da primeira. Os executivos do CS passaram o fim de semana acalmando os grandes investidores.

As falências bancárias são um ponto sensível para os hodlers no prejuízo - foram os resgates governamentais de credores em 2008 que originalmente motivaram a criação do Bitcoin.

Com a história cada vez mais procurando rimar quase quinze anos depois, a saga do Credit Suisse não passa despercebida.

“Não podemos saber o que se passa dentro de empresas TradFi (finanças tradicionais) como o Credit Suisse  ASSIM COMO não podíamos ver o que se passava dentro das empresas CeFi (finanças centralizadas) Celsius, 3AC, etc.”, escreveu o empresário Mark Jeffery no Twitter, comparando a situação com os colapsos financeiros dos fundos de criptomoedas no início deste ano.

Para Samson Mow, CEO da startup de Bitcoin JAN3, o ambiente atual ainda pode dar ao Bitcoin motivos para brilhar diante de uma crise golbal, em vez de ficar correlacionado a outros ativos de risco.

“O preço do Bitcoin já está no limite, bem abaixo da 200 WMA”, argumentou ele, referindo-se à média móvel de 200 semanas perdida há muito tempo como suporte do mercado de baixa.

“Tivemos contágio do UST/3AC e a alavancagem já foi liberada. O BTC é massivamente vendido como hedge. Mesmo que o Credit Suisse / Deutsche Bank entre em colapso e desencadeie uma crise financeira, dificilmente muito mais baixo.”

No entanto, com a instabilidade galopante em toda a economia global e as tensões geopolíticas aumentando, os mercados de Bitcoin estão votando com os pés.

O índice do dólar (DXY), ainda está a apenas três pontos de suas máximas de vinte anos, e continua próximo de uma possível revanche depois de limitar os movimentos corretivos nos últimos dias.

Olhando mais adiante, o macroeconomista Henrik Zeberg repetiu uma teoria que sustenta que o DXY temporariamente perderá terreno em um grande impulso para as ações. Isso, porém, não teria longa duração.

“No início de 2023, o DXY voltará a subir com meta de ~ 120. Este será um colapso deflacionário - e as ações entrarão em colapso em um colapso maior do que durante 2007-09 ”, escreveu ele em uma publicação no Twitter:

“A maior implosão deflacionária desde 1929.”
Gráfico diário do índice do dólar (DXY). Fonte: TradingView

Medidas de receita da mineradores se aproxima do nível mais baixo de todos os tempos

Com a queda do preço do Bitcoin em andamento, é menos do que surpreendente ver os mineradores lutando para manter a lucratividade.

Em setembro, as vendas mensais dos mineradores foram superiores a 8.500 BTC. Embora esse número tenha esfriado posteriormente, os dados mostram que, para muitos, a situação é precária.

“A receita dos mineradores de Bitcoin por TeraHash está no limite de todos os tempos”, Dylan LeClair, analista sênior do fundo de ativos digitais UTXO Management, revelou no fim de semana:

“Aperto de margem.”
Gráfico de receita dos mineradores de Bitcoin por terahash. Fonte: Dylan LeClair/ Twitter

O cenário é interessante para o ecossistema de mineração, que atualmente produz mais taxa de hash do que em quase qualquer momento da história.

As estimativas do recurso de monitoramento MiningPoolStats colocam a atual taxa de hash da rede Bitcoin em 261 exahashes por segundo (EH/s), apenas marginalmente abaixo da máxima histórica de 298 EH/s observada em setembro.

A competição entre os mineradores também permanece saudável, como evidenciado pelos ajustes de dificuldade. Ao ver sua primeira queda desde julho na semana passada, a dificuldade deve aumentar cerca de 3,7% em sete dias, levando-a a novas máximas históricas.

No entanto, para o economista, trader e empresário Alex Krueger, ainda pode ser prematuro dar um suspiro de alívio.

“A taxa de hash do Bitcoin atingindo máximas históricas enquanto o preço cai é uma receita para o desastre, e não um motivo de comemoração”, escreveu ele em um tópico sobre os dados dos mineradores no mês passado:

“À medida que a lucratividade dos mineradores é reduzida, as chances de outra rodada de capitulação de mineradores aumentam no caso de uma queda do preço. Mas o hopium nunca morre.”
Visão geral dos fundamentos da rede Bitcoin (captura de tela). Fonte: BTC.com

“Desconto” do GBTC atinge nova mínima histórica

Refletindo o êxodo institucional da exposição ao BTC este ano, o maior veículo de investimento institucional do espaço nunca esteve tão barato – uma verdadeira pechincha.

O Grayscale Bitcoin Trust (GBTC), que nos bons tempos era negociado muito acima do preço à vista do Bitcoin, agora está sendo oferecido com o maior desconto de todos os tempos para o par BTC/USD.

De acordo com dados da Coinglass, em 30 de setembro, o GBTC “Premium” – agora, na verdade, em desconto – atingiu -36,38%, implicando em um preço do BTC de apenas US$ 11.330.

O Prêmio agora está negativo desde fevereiro de 2021.

Analisando os dados, Venturefounder, um colaborador da plataforma de análise de dados on-chain CryptoQuant, descreveu a queda do GBTC como “absolutamente selvagem”.

“Ainda não há sinal de que o desconto do GBTC tenha chegado ao fundo ou revertido”, comentou:

“As instituições não estão interessadas no BTC por US$ 12 mil (bloqueado por 6 meses).”
Gráfico de Prêmio do GBTC / ativos sob gestão / BTC/USD. Fonte: Coinglass

O Cointelegraph há muito rastreia o GBTC. A Grayscale está tentando obter permissão legal para convertê-lo e lançá-lo como um fundo negociado em bolsa (ETF) – algo ainda proibido pelos reguladores dos EUA.

Por enquanto, no entanto, a falta de apetite institucional pela exposição do BTC é uma espécie de elefante na sala.

“Objetivamente, eu diria que não há muito interesse em $BTC de investidores institucionais baseados nos EUA até que o $GBTC comece a se aproximar do valor patrimonial líquido”, escreveu LeClair na semana passada.

Traçando o cenário de “dor máxima” para o Bitcoin

Embora seja seguro dizer que uma nova queda no preço do Bitcoin faria com que muitos hodlers questionassem sua estratégia de investimento, resta saber se o atual mercado de baixa copiará aqueles de anos anteriores.

Para o analista e estatístico Willy Woo, criador do recurso de dados Woobull, o próximo fundo poderia ter uma relação próxima com a capitulação dos hodlers.

Historicamente, os fundos do mercado de baixa eram acompanhados por pelo menos 60% do suprimento de BTC sendo negociada com prejuízo.

Até agora, o mercado quase, mas não exatamente, copiou essa tendência, levando Woo a concluir que a “dor máxima” ainda pode estar chegando.

“Esta é uma maneira de visualizar a dor máxima”, escreveu ele ao lado de um de seus gráficos mostrando o suprimento atualmente em prejuízo:

“Os ciclos anteriores chegaram ao fundo quando aproximadamente 60% das moedas foram negociadas abaixo do preço de compra. Será que vamos bater essa marca de novo? Não sei. A estrutura do mercado atual é muito diferente desta vez.”

De acordo com a empresa de análise de dados on-chain Glassnode, em 2 de outubro, 9,52 milhões de BTC estavam sendo mantidos com prejuízo. No mês passado, esta métrica atingiu seu nível mais alto desde março de 2020.

Gráfico do suprimento do Bitcoin em prejuízo. Fonte: Glassnode

As opiniões e pontos de vista expressos aqui são exclusivamente do autor e não refletem necessariamente as opiniões do Cointelegraph.com. Cada movimento de investimento e negociação envolve risco, você deve realizar sua própria pesquisa ao tomar uma decisão.

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