Resumo da notícia
Mais de 25% dos investidores em cripto no Brasil já têm acima de R$ 1 milhão.
Perfil conservador cresce: 46% se declaram moderados e priorizam gestão de risco.
Segurança em alta: 54,2% optam pela autocustódia dos ativos digitais.
O estereótipo de que o mercado de criptomoedas é dominado por jovens em busca de ganhos rápidos não se sustenta diante dos números.
Um levantamento da Altside, compartilhada com o Cointelegraph, revela que o perfil do investidor brasileiro em cripto é cada vez mais maduro, consolidado em sua trajetória profissional e com patrimônio elevado - R$ 521,9 mil em média, mais que o triplo da média dos investidores tradicionais. Além disso, mais de um quarto já acumula acima de R$ 1 milhão em ativos.
“O mito de que cripto é terreno para amadores já ficou para trás. Hoje, vemos investidores maduros e capitalizados tratando ativos digitais como parte essencial de uma estratégia de proteção patrimonial e diversificação, ao lado de investimentos tradicionais. O levantamento mostra, por exemplo, que quase metade se declara de perfil moderado, o que sinaliza uma postura muito mais estratégica do que especulativa”, afirma Felipe Mendes, CEO da Altside.
A pesquisa mostra também uma forte preocupação com segurança digital: 54,2% dos investidores optam pela autocustódia, modelo em que o próprio usuário cria sua carteira, guarda as chaves de acesso e gerencia diretamente seus ativos, de forma semelhante ao que um banco faria, mas em nível individual.
Já em relação à institucionalização do mercado, o cenário global tem sido marcado pelo lançamento dos ETFs de Bitcoin nos Estados Unidos e pela entrada de grandes gestoras como BlackRock e Fidelity, que oferecem alternativas de investimento com custódia centralizada.
Além disso, 19% dos investidores utilizam staking e 17,5% investem em stablecoins com rendimento.
Brasileiros compram 6 criptomoedas
O levantamento indica ainda que os investidores brasileiros mantêm, em média, seis criptoativos em carteira. Além do Bitcoin, que segue como ativo predominante (84,9% dos respondentes), aparecem com destaque Ethereum (65,6%), Solana (50,8%), Tether/USDT (26,4%) e XRP (24,8%).
A geografia também revela concentração, 57,6% dos investidores estão no Sudeste, sendo que apenas São Paulo responde por 31,3% do total, seguido de Minas Gerais, com 12,7%, e Rio de Janeiro, com 11,9%. Já o Sul representa 18,1% da base, o Nordeste 12%, o Centro-Oeste 7,9% e o Norte 4,4%.
De acordo com analistas da empresa, um dos fatores que mais chama a atenção é a relação direta com a aposentadoria. Muitos investidores na faixa dos 40 aos 70 anos têm buscado alternativas diante da constatação de que o patrimônio acumulado ao longo da vida pode não ser suficiente para sustentar o padrão de vida atual por muito tempo, nem para garantir herança às próximas gerações.
“O investidor brasileiro acompanha a tendência global de institucionalização do setor. A taxa Selic elevada, atualmente em 15% ao ano, junto com a instabilidade econômica internacional e a aprovação dos ETFs de Bitcoin nos Estados Unidos, acelera a busca por ativos descorrelacionados. Muitos investidores entre 40 e 70 anos enxergam nas criptomoedas uma alternativa para complementar reservas e proteger o patrimônio acumulado”, conclui Mendes.
O levantamento foi realizado em 2025 com 2.440 investidores brasileiros, reunindo dados de patrimônio, comportamento de alocação, perfil de risco, uso de ferramentas, distribuição geográfica e preferências em criptoativos.