A BlindPay anunciou nesta quarta, 27, o lançamento da primeira bridge do mundo que integra stablecoins ao sistema SWIFT, a rede que há mais de 40 anos conecta instituições financeiras em mais de 200 países.
Com uma rede com disponibilidade de quase 100%, mais de 11 mil bancos conectados e o padrão global ISO 20022, o SWIFT permanece essencial para o funcionamento das transferências internacionais.
De acordo com a empresa, ela passa a oferecer agora um on/off ramp automatizado em Polygon, Base, Arbitrum, Tron, Ethereum e Solana, permitindo envio e recebimento de transferências internacionais via SWIFT com stablecoins como fonte de liquidez.
A liquidação ocorre em D0–D1, com cobertura em mais de 160 países, reduzindo custos e simplificando operações em uma única API.
“O SWIFT é a espinha dorsal das transferências internacionais e segue essencial por sua confiabilidade e alcance. Ao conectá-lo ao universo das stablecoins, criamos uma infraestrutura única que simplifica pagamentos internacionais, reduz custos e amplia o acesso global a serviços financeiros digitais”, afirma Bernardo Simonassi, CEO e fundador da BlindPay.
A empresa destaca que os principais casos de uso incluem pagamentos globais B2B, permitindo que empresas paguem e recebam de fornecedores e clientes internacionais com mais rapidez e previsibilidade, quitando faturas globais via SWIFT sem depender de processos bancários demorados.
Além disso, também abrangem plataformas financeiras, como neobanks, fintechs e wallets, que integram stablecoins e moedas fiduciárias em fluxos globais, oferecendo depósitos e saques em mais de 150 países.
Mercado de stablecoins
As stablecoins deixaram de ser apenas uma ponte no mercado de criptomoedas e se consolidaram como infraestrutura essencial da nova economia digital. Durante anos, investidores e traders usaram esses ativos apenas para fugir da volatilidade e transferir dinheiro de forma rápida.
Agora, no entanto, elas se tornaram o encanamento da internet financeira, movimentando bilhões de dólares diariamente e chamando atenção de grandes instituições.
Anurag Arjun, cofundador da Avail, afirma que as stablecoins representam o futuro dos pagamentos globais. Para ele, a adoção regulada e em larga escala cria uma base sólida para transformar mercados financeiros e acelerar a digitalização do dinheiro.
Arjun destaca que, à medida que governos avançam com legislações como a Lei Genius, países indecisos podem ficar para trás, deixando que outras jurisdições definam os trilhos da próxima geração de infraestrutura financeira.
O futuro é agora e hibrido
Hoje, as stablecoins somam mais de US$ 260 bilhões em valor de mercado e processam cerca de 3% das remessas internacionais. Grandes empresas já reconhecem essa força. A Stripe, por exemplo, passou a oferecer suporte a pagamentos com stablecoins em mais de 100 países.
A Circle, por sua vez, ampliou sua atuação e se posiciona como fornecedora global de infraestrutura, indo muito além de emissora de tokens lastreados em dólar. Até mesmo a Visa lançou APIs de liquidação com stablecoins, sinalizando que a velha guarda financeira enxerga vantagem na tecnologia.
Essa expansão mostra que instituições não aderem às stablecoins por curiosidade. Elas o fazem porque a proposta de valor é clara: transferências mais baratas, rápidas e previsíveis. Ao mesmo tempo, novas aplicações surgem.
Stablecoins permitem mercados de títulos tokenizados, câmbio em tempo real, derivativos digitais e até modelos de negócios baseados em micropagamentos automatizados por agentes de inteligência artificial.
Apesar do entusiasmo, o debate regulatório permanece central. Países como Estados Unidos, Singapura e Japão já definem estruturas claras para stablecoins privadas, combinando inovação com supervisão. No entanto, regiões como União Europeia e Reino Unido ainda buscam equilíbrio entre controle e flexibilidade, enquanto economias como China e Índia preferem priorizar CBDCs.
Para Anurag Arjun, o futuro será híbrido, assim como a integração desenvolvida pela BlinkPay. Stablecoins, depósitos tokenizados e moedas digitais estatais poderão coexistir, mas o ritmo da inovação dependerá das escolhas políticas de cada país. Segundo ele, aqueles que abraçarem a mudança agora moldarão a próxima geração de pagamentos globais. Já os que resistirem correm o risco de se tornar usuários de trilhos construídos no exterior.