Resumo da notícia
Brasileiros usam stablecoins para driblar bancos e dolarizar ganhos.
Jogos digitais impulsionam nova era da economia cripto no Brasil.
Stablecoins tornam microtransações rápidas e seguras em plataformas globais.
O Brasil está se tornando um dos maiores laboratórios do mundo para a adoção de stablecoins em jogos digitais, e essa tendência começa a ir muito além do entretenimento, segundo aponta o relatório da Blockchain Game Alliance (BGA).
Cada vez mais, jogadores brasileiros utilizam moedas estáveis como USDT e USDC para fugir das limitações do sistema bancário tradicional e acessar mercados e produtos financeiros no exterior. O fenômeno, que combina tecnologia e independência financeira, reflete um movimento global que reposiciona o país no centro da economia digital.
De acordo com o relatório o uso de stablecoins nos jogos ultrapassou a fase experimental e agora impulsiona uma nova economia global. Em 2024, o volume combinado de transações de USDT, USDC e DAI atingiu US$ 1,369 trilhão em apenas 30 dias, superando a média mensal da Visa.
No total do ano, as stablecoins movimentaram US$ 27,6 trilhões, ultrapassando Visa e Mastercard somadas. Esses números demonstram a força de um sistema financeiro alternativo que cresce dentro do universo dos games e começa a influenciar o comportamento econômico real.
O Brasil vira referência em uso prático de stablecoins
Entre os países que mais adotam stablecoins, o Brasil aparece como destaque. Por aqui, o uso dessas moedas vai muito além dos traders ou investidores.
Segundo o relatório, jogadores e desenvolvedores estão usando stablecoins para receber pagamentos internacionais, fazer compras em plataformas estrangeiras e até converter ganhos de torneios em renda dolarizada. Tudo isso sem depender de bancos ou cartões de crédito, que frequentemente cobram tarifas altas e impõem limites de operação.
“Os jogos sempre foram laboratórios de economias digitais. O que muda agora é que, com as stablecoins, essas economias ganham conexão real, previsível e global.”, disse Heloisa Passos, fundadora da Trexx e colaboradora do estudo.
Para ela, o Brasil trata as stablecoins como infraestrutura, e não como ideologia — um sinal de maturidade em um mercado que busca eficiência e inclusão.
A Trexx, fundada por Heloisa, usa redes como Polygon e Tanssi para criar experiências de pagamento invisíveis, em que jogadores e equipes de e-sports recebem prêmios e monetizam atividades sem lidar com carteiras cripto ou volatilidade.
Da especulação à economia real dos jogos digitais
O relatório da BGA também destaca o surgimento dos chamados “tokens light”, uma alternativa aos criptoativos voláteis que marcaram a era dos play-to-earn. Nesse novo modelo, os jogos adotam moedas estáveis e auditáveis, capazes de sustentar economias mais previsíveis e sustentáveis.
Casos como Roblox e Fortnite mostram o caminho. Em 2024, o Roblox registrou 82,9 milhões de usuários ativos diários e pagou mais de US$ 923 milhões a criadores. Entre março de 2024 e março de 2025, o total ultrapassou US$ 1 bilhão.
Essa economia digital, baseada em uma moeda estável (os Robux), garante previsibilidade para quem cria conteúdo e transforma a diversão em negócio. Já no Fortnite, a Epic Games avança para abrir totalmente a economia de criadores, permitindo que jogadores vendam itens com segurança graças à estabilidade dos V-Bucks.
Esses modelos inspiram desenvolvedores brasileiros que enxergam nas stablecoins o mesmo princípio de estabilidade — só que sem depender de uma empresa centralizada. Com isso, as fronteiras entre jogo e economia real começam a desaparecer, e o jogador se torna também um agente econômico global.
Infraestrutura e eficiência financeira impulsionam o setor
A Polygon Labs, uma das principais apoiadoras da infraestrutura de jogos em blockchain, defende que as stablecoins estão redefinindo a eficiência econômica do setor.
“As stablecoins podem reduzir os custos de processamento a frações de um centavo, melhorando diretamente a eficiência das operações. Em milhões de microtransações, essas economias se transformam em margem real.”, afirmou Sergio Varona, Head de Gaming da empresa.
Essa eficiência cria um novo tipo de ecossistema — autossustentável, programável e transparente. Até março de 2025, a Polygon ultrapassou 410 milhões de carteiras únicas registradas e opera dezenas de milhares de dApps, consolidando-se como uma das maiores infraestruturas Web3 do planeta. Na América Latina, o Brasil lidera esse avanço, especialmente em parcerias com estúdios independentes e plataformas de e-sports que utilizam tecnologia blockchain para reduzir custos e ampliar liquidez.
O movimento também favorece a inclusão financeira. Muitos jovens que começaram a usar stablecoins em jogos agora as empregam para guardar dinheiro, pagar serviços ou enviar remessas. Com moedas lastreadas em real, como BRZ e BRLA, esse fluxo se torna ainda mais acessível, permitindo que qualquer jogador brasileiro conecte-se a economias dolarizadas de forma simples e barata.