A gigante farmacêutica alemã Merck anunciou uma parceria com o hub de inovação brasileiro The Green Hub (TGH) para explorar o mercado de cannabis no Brasil. A notícia é do Estadão.

Embora a maconha, popular nome da cannabis sativa no país (uma das variações da planta), seja proibida para uso recreativo no país, seu uso medicinal, em composição sem THC (princípio psicoativo da planta) - usada para o tratamento de doenças como epilepsia e mal de alzheimer - tem avançado no país, com resoluções recentes da Anvisa a favor do uso da cannabis, que tem se mostrado eficiente.

A Merck, com a parceria, quer educar investidores, formadores de políticas e consumidores, atraindo startups para o setor que ainda tem pequena atuação no país.

Marcelo Grecco, cofundador do TGH, diz no texto:

"No final de 2018, realizamos um estudo que mostrava que, caso tivéssemos uma legislação mais ampla sobre o assunto, o mercado brasileiro teria potencial de R$ 4,7 bilhões. O Brasil tem potencial para ser um dos líderes globais no segmento. Tanto na produção quanto no consumo de produtos relacionados à cannabis"

Grecco admite que o mercado ainda é pequeno e precisa evoluir. A parceria começa nesta quinta com uma série de transmissões pela internet que devem se estender ao longo do ano.

Em agosto, haverá uma chamada pública para startups e o TGH vai selecionar os principais projetos para um evento a ser realizado em dezembro. A principal discussão, segundo Grecco, ainda é a legislação:

"Até um produto ou serviço chegar ao mercado, pode demorar pelo menos dois anos, então é preciso discutir a legislação agora"

 

A ideia é explorar os potenciais do cânhamo, variação da maconha que possui baixa composição de THC e maior composição de CBD - princípio ativo que auxilia no tratamento de uma série de doenças. O cofundador do hub completa:

"É quase um projeto de agro, mas que passa pela liberação do cultivo dessa planta"

O TGH recebeu em 2019 um investimento de R$ 3 milhões de um escritório de advocacia que representa uma família de São Paulo. Com o aporte, ampliou o hub e criou o Centro de Excelência Canabinóide, que investe na pesquisa e no acesso de informações médicas para os efeitos benéficos da planta.

Desde então, duas startups participaram de mentoria voltada ao mercado de cannabis, voltadas para a comunicação e para o setor fintech.

A legislação para o uso de maconha medicinal e recreativa ao redor do mundo tem avançado nos últimos anos. Além dos Estados Unidos, onde o uso recreativo é permitido em alguns estados, incluindo Washington DC, Holanda, Canadá e Uruguai também legalizaram o uso da planta para fins não-medicinais.

Mesmo com a posição do presidente Jair Bolsonaro de extrema-direita, ele elogiou a decisão da Anvisa em dezembro sobre o uso de cannabis em sua forma medicinal. 

A ampliação das políticas de uso medicinal da cannabis tem dependido, porém, das casas legislativas, do Supremo Tribunal Federal e da Anvisa.

O STF e a Anvisa, inclusive, foram as instituições que fizeram o debate avançar nos últimos anos, concedendo pontualmente permissões para cultivo e uso medicinal da planta em casos considerados excepcionais.

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