O mercado de games no Brasil gerou aproximadamente R$ 12 bilhões em receitas em 2021, de acordo com uma estimativa da Newzoo, uma plataforma de pesquisa e análise de dados especializada no setor.
A cifra pode ser atribuída a um contingente de 75% da população brasileira que se declarou gamer no levantamento da Pesquisa Game Brasil (PGB) e ao crescimento de 169% dos estúdios nacionais especializados neste setor da indústria de entretenimento identificado pela Abragames (Associação Brasileira dos Desenvolvedores de Jogos Digitais).
Agora, o metaverso e os jogos blockchain se apresentam como uma nova frente de expansão de mercado para os criadores brasileiros, informa reportagem da Forbes publicada nesta quinta-feira, 13.
João Borges, fundador da BAYZ, enxerga os criptogames e o metaverso como um nicho em ascensão na indústria global de games. No entanto, ele faz a ressalva de que ambos ainda são pouco conhecidos – e compreendidos – por grande parte dos gamers brasileiros. O crescimento do mercado, segundo ele, passa pelo investimento na educação:
"O mundo dos games está cada vez mais associado às oportunidades das criptomoedas, da blockchain e de tudo que vem sendo construído a partir da Web3, e isso faz com que haja, sim, um período de educação. Neste momento, atuamos com o B2B, desenvolvendo vários projetos com empresas e estamos presenciando um interesse cada vez maior das empresas endêmicas e não endêmicas."
A BAYZ surgiu como uma sub-DAO da Yield Guild Games (YGG) em setembro de 2021. Atualmente, a startup brasileira coordena as comunidades de jogos da Web3 mais engajadas do Brasil, e conta com a participação ativa de jogadores, desenvolvedores e marcas que estão participando deste movimento de construção de um novo paradigma para o futuro dos games.
A BAYZ já investiu US$ 1,8 milhão em vários blockchain games, incluindo MetaSoccer, Castle Crush, Monkey League, Thetan Arena e o maior sucesso do mercado, o Axie Infinity (AXS), apesar das condições desfavoráveis do mercado cripto e de blockchain games neste ano de 2022.
No final de junho, a BAYZ também fechou uma parceria com o metaverso The Sandbox (SAND) com objetivo de introduzir empresas brasileiras na plataforma, ao lado de grandes marcas e personalidades internacionais, como a Playboy, os Smurfs a franquia The Walking Dead, o mito do rock'n'roll Elvis Presley e o rapper Snoop Dogg, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil recentemente.
Outra jovem empresa focada nas oportunidades descortinadas pelas criptomoedas e a tecnologia blockchain é a Outplay. Criada por Paulo Benetti, um jogador profissional de games mobile, a startup é uma agência focada na produção de conteúdo para gamers que se tornou referência em função de uma série de parcerias com marcas e projetos para o desenvolvimento de projetos para plataformas imersivas.
Para Benetti, as inovações introduzidas por estas novas tecnologias trazem consigo novos paradigmas narrativos e de desenvolvimento de negócios e é aí que se encontram as melhores oportunidades tanto para os criadores quanto para as empresas:
"Existem cada vez mais oportunidades para as marcas no metaverso e a relação desse mundo com o ecossistema gamer é direta porque ela vai além da tecnologia. O crescimento da Outplay está baseado em olhar essa indústria em toda a sua complexidade. Ela não se resume aos jogos, mas conecta servidores, organizações de e-sports, streamers. Naturalmente, isso gera muitos desafios, mas, sobretudo, oportunidades para muitas empresas."
Reinvenção constante
O aumento da participação feminina no ecossistema de games é outra tendência relevante identificada recentemente. De acordo com a Pesquisa Game Brasil, as mulheres já são maioria no nicho de jogos para dispositivos móveis.
Esse é um dos aspectos que mostra que a indústria brasileira de games está em constante processo de reinvenção constante, como destacou Claudio Prandoni, analista de produtos digitais do Terra que vem acompanhando o desenvolvimento do setor há anos:
"É um mercado que tem muitas dificuldades para manter um crescimento constante e previsível, mas que acaba também sendo terreno fértil para muita criatividade e experimentação. Por parte do público, sinto que há maturidade e diversidade cada vez maiores, o que é muito saudável para esse mundo crescer e florescer aqui no Brasil. Para mim, o momento atual é muito especial pela grande atenção e investimento de marcas não endêmicas, o que ajuda a consolidar uma cultura gamer no Brasil e tornar o segmento cada vez mais interessante e sustentável."
Conforme noticiou o Cointelegraph Brasil recentemente, embora grande parte dos gamers brasileiros ainda tenha pouca intimidade com o espaço cripto, o país recentemente ganhou destaque como um dos principais pólos mundiais de adoção de DeFi (finanças descentralizadas) e blockchain games.
De acordo com dados da Consensys, empresa responsável pela MetaMask, o principal aplicativo para conexão com a Web3 e que possui 30 milhões de usuários mensais, os brasileiros estão em segundo lugar no ranking de usuários DeFi e em terceiro lugar no de blockchain games.
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